capítulo 3

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Fiquei parada atordoada. Não é possível. Tanta gente no mundo e logo o meu nerd fofo vem ser meu detetive?!
-Não vai me convidar para entrar, Kat? –Ele estava rindo, provavelmente achando graça da situação que eu me encontrava. –O cheirinho está maravilhoso.
-Claro. Vai, entra. -Fecho a porta e me dirijo à cozinha.
Terminei de fazer o café e peguei o suco na geladeira. Parei por um minuto, respirei. Precisava respirar. Por os pensamentos em ordem. Por que o meu pai o tinha contratado? Ele poderia me responder essas perguntas?
-Bom, estamos aqui. Biscoitos, café e suco. Sinta-se à vontade. –Mal olhei para ele. Se eu quiser mesmo fazer uma série de perguntas para ele, eu não poderia olhá-lo. Ou irei me distrair demais.
-Então, preparada para me fazer muitas perguntas? –Ele está brincando comigo?! Parece que leu a minha mente!
-Sim e não. Primeiro: por que meus pais te contrataram se você é apenas um estudante?
-Bom, eu não sou apenas um estudante. –Ele revira os olhos. Que coisa fofa. Foco, Kat. -Eu fui contratado pelo seu pai antes das aulas começarem. Ele pediu para eu ficar de olho em você, não deixar que nada te aconteça. E para isso, eu me inscrevi no mesmo curso que o seu. Eu te vigiava da sua ida de casa para a faculdade e vice versa.
-Como assim?! Por que você tinha que ficar de olho em mim? Eu estava correndo perigo?
-Estava. Tudo acabou com a morte do seu pai... –Ele baixa os olhos e muda o semblante. Pareceu entristecido.
-Meu pai estava com medo de que o assassino que matou ele viesse atrás de mim primeiro? –Se a resposta dele for positiva, eu ainda estaria correndo perigo.
-Sim. Mas eu achava que não porque você não tinha se envolvido na história. Mas você poderia ser o ponto fraco de seu pai.
-Eu preciso contar uma coisa que não contei para os policiais, no dia do depoimento. –Eu estava tensa. Não sabia se deveria falar.
-Fala. Pode confiar em mim. –Ele se aproximou de mim e segurou minhas mãos.
-Bem, eu contei que tinha visto o assassino. Mas não contei que o assassino também me viu. Ele apontou a arma para mim. Ele ia atirar, mas... –Alguém bateu na porta. Estranho.
-Vai lá, atende. Só cuidado com o que vai falar. –Diz tirando uma adaga de dentro da calça e se posicionando atrás da porta.
Fui andando devagar até a porta. Estava com medo. Olhei mais uma vez para ele, que estava sério, mas mesmo assim me deu um sorrisinho de lado e uma piscadela. Finalmente, respirei fundo e abri a porta.
-Ai, melany. –Suspirei aliviada. -Que susto! Por que não me avisou que viria?
-Que susto você me deu, criatura! –Disse já entrando. –Por que você não atendeu o... Ah...-Ela viu o Ethan. –Oi, Ethan.
-Oi, melany, tudo bem? –Ele já tinha guardado a adaga. E estendia a mão para Mel.
-Então, vocês estão tendo um encontro?
Eu fiquei paralisada, eu não sou de mentir para a Mel. Ela é minha melhor amiga. Mas ela não podia saber a verdade, pelo menos não agora.
Quando eu estava prestes a dizer alguma coisa, Ethan fala primeiro.
-Mais ou menos. Eu vim chamá-la para sair, mas resolvemos ficar em casa. –Ele já estava passando o braço pela minha cintura, me causando vários arrepios por onde o braço passava.
-Entendi. Bom, vou indo então -Mel virou para mim. –Da próxima vez atende ao telefone, guria.
-Pode deixar Mel. Desculpa te deixar preocupada. -Ela me deu um abraço, apertou a mão de Ethan de novo e foi embora. Soltei o ar que nem sabia que estava segurando.
-Meu Deus, que nervoso. Ainda bem que você inventou o que falar para ela. –Eu estava tremendo.
-Pelo menos a sua amiga se preocupada com você. –Franzi um pouco a testa não entendendo o motivo do sarcasmo na voz, mas resolvi ignorar. -Voltando ao assunto, como você deixou o assassino te ver?
-Eu fiquei assustada. Assim que ele atirou no meu pai, eu gritei e ele me viu. Ele ia me matar se a polícia não tivesse chegado.
-E por que você não falou isso para a polícia? –Ele franziu a testa. Estava tentando entender as coisas.
-Fiquei com medo. E porque, no fundo, eu sinto que irei me encontrar com ele de novo, mas não vai ser em frente a um vidro na delegacia. –Eu tinha certeza disso.
-Como assim? Você acha que ele vai vir te procurar? –Ele olha para mim por um minuto, e realmente, eu vejo preocupação no olhar dele.
-Eu acho que ele já me achou. –Tenho que contar a verdade. –Quando eu te liguei, eu estava no escritório de meu pai, assim que eu desliguei, eu me senti sendo observada. Como se alguém estivesse escondido, me olhando, esperando o momento certo para atacar.
Ele levantou do sofá e começou a andar pela sala. Ele estava mesmo preocupado, e agora eu também fiquei. Eu estava com medo, alguma coisa ia acontecer e eu tinha certeza de que eu não ia gostar.
-Um plano para hoje. Ou você me deixa dormir aqui na sua casa, ou iremos dormir num hotel ou lá em casa. Você não pode ficar sozinha hoje. –Ele tinha razão, eu não podia ficar sozinha.
-Você dorme aqui. Eu não posso deixar a casa sozinha.
-Tudo bem. Vou em casa correndo para pegar algumas coisas, pode ser? Qualquer coisa pede para a Melany ficar com você, mas... –Ele se aproximou de mim e me segurou pelos braços, me olhando nos olhos. –Em hipótese alguma, saia de dentro de casa. Você me entendeu?
-Sim. Eu não irei sair. –Como ele conseguia ser tão lindo?
Ele pegou as coisas dele e saiu. Eu fiquei no meio daquela sala sozinha, em um silêncio ensurdecedor, com medo. Mas para não ficar pensando, resolvi arrumar a sala e lavar a louça logo. Depois de tudo feito, peguei meu celular e deitei no sofá, fiquei mexendo no facebook e fui responder a Mrl quando de repente, um número desconhecido me manda mensagem.
“Você fica linda deitada desse jeito”... Número desconhecido.
“Quem é?”
“Você não deveria ter gritado.”

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