Depois de ver aquela foto fiquei extremamente perturbada. Larguei o celular em uma cômoda de madeira ao lado da cama e não respondi a mensagem de Lucas.A sensação de estar sendo observada era grande, entretanto não ousei olhar para trás.
- Lia, é tudo coisa da sua cabeça, relaxa. Você está cansada e está delirando.
Mas e se Lucas estivesse certo? E se realmente a maldição fosse real e eu fosse uma das próximas vítimas? Não. Aquilo não fazia sentido, eu sequer havia entrado na tumba, não poderia estar sendo perturbada pela maldição. Ainda não.
O que eu mais queria naquele momento era que o meu lado cético tomasse conta de mim, porém isso não aconteceu. Suspirei tomando coragem para conseguir deitar na cama. Puxei o cobertor me cobrindo até a cabeça e agarrei o travesseiro. O medo estava me consumindo.
Naquele momento o que eu mais queria era esquecer do que havia ocorrido, o que era algo quase impossível já que aquele acontecimento não saia da minha cabeça.
- Eu juro que falei brincando, não quero ser morta pela maldição.
Me assustei ainda mais com o barulho do vento.
- Por favor, se existe alguma força superior, faça isso parar.
Implorei. Eu não possuía uma religião ou algo do tipo então não sabia como fazer um pedido, esperava que aquilo ajudasse de alguma forma.
Um miado de gato percorreu pelo quarto fazendo meus pelos se arrepiarem. Paralisei quando senti algo pular na cama e andar de um lado para o outro antes de se aconchegar em cima das minhas pernas.
Miau.
[...]
Eu havia caído no sono como mágica. Se não fosse por isso, provavelmente teria ficado a noite inteira acordada e morrendo de medo.
Os raios de sol invadiam o quarto pela fresta da cortina, me sentei na cama olhando para os lados e me recordando do gato. Por algum motivo já não estava tão assustada. Agarrei o lençol, me lembrando que toda vez que eu ia na casa da minha avó ficava cheia de pelos que os animais soltavam. Procurei por alguns minutos não encontrando nada.
- Eu disse que era coisa da sua cabeça.
Acabei rindo de mim mesma enquanto me arrastava para fora da cama.
Eu me arrumei com calma e desci para encontrar o grupo no restaurante para tomar café da manhã.
O nosso grupo tinha por volta de quinze pessoas. A maioria deles eram franceses e ingleses, mas isso não era um problema, eu praticava o inglês desde que era criança e assim que entrei na faculdade vi que o francês era essencial já que a maioria dos artigos que eu precisava ler estavam naquela língua.
Me sentei na ponta da mesa ao lado de uma garota alemã que discutia com um francês sobre o polêmico nariz da esfinge. Ambos pareciam beirar os trinta anos.
- Ah, Jerry. Essa teoria já foi descartada, não acredito que ainda defende ela. Você é um
Warmduscher.A mulher loira reclamou, o inglês dela tinha um pouco de sotaque. Fiquei curiosa querendo saber o que significava Warmduscher e iria descobrir depois. Ela ajeitou jogou o cabelo para trás da orelha e me olhou.
- Lia, certo? O que você acha sobre o nariz da esfinge?
O homem então olhou para mim com certa esperança, como se minha resposta fosse o passe de ganho de alguma competição interna.
- Ah... Eu não sei exatamente no que eu acredito, sabe? A esfinge tem milhares de anos, muitas coisas podem ter acontecido e também....
Enquanto eu formulava a minha resposta meu olhar acabou parando em um homem um pouco mais a frente na mesa. Não era novidade que eu era a mais nova ali e que a maioria parecia ter acima dos trinta anos, mas aquele garoto parecia ser um pouco mais novo que o resto.
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O GATO PRETO
Romansa| EM REVISÃO Recém formada em arqueologia, Lia, consegue o emprego dos sonhos após ser chamada para trabalhar em uma expedição na tumba do faraó Tutancâmon. Entretanto, a moça descobre que era apaixonada pelo rei em sua vida passada, o que a leva t...