POV Jud.
Faz semanas que voltei a Madrid. Reorganizei meu apartamento e dei novos ares a ele. Sim, fiz dezenas de faxinas. Faxinas e mais faxinas. Tento com todas as minhas forças não pensar em tudo que aconteceu e ainda esta acontecendo. Eric não me procurou, mas também pudera, ele não me queria mais em sua vida, não era mais uma "situação" desejada por ele, mas eu o desejo. Desejo muito, mesmo depois de todo esse sofrimento, essa dor que me acompanha desde o maldito momento que eu deixei aquele hospital em Londres. Comprei um telefone novo e resgatei meu antigo número, de modo algum quero que meu pai ou Raquel comecem a arrancar os cabelos porque não sabem onde me encontrar ou coisa parecida. Venho mantendo contato com eles por mensagem, Deus me livre do sermão que receberia de ambos quando dissesse que enfim acabou. Depois de tantas brigas, tanto amor, tanto desejo, tanta alegria e tantas promessas eu e Eric não somos mais um casal. Vou esperar mais um tempo, oficializar nosso divorcio, - já que o imbecil ainda não me procurou nem para isso -, e também para dizer a ele que vai ser pai. Isso é se ele não for imbecil o bastante para duvidar da sua real paternidade. Só esse fator já me faz reconsiderar. Dos meus amigos de Madrir só estive mesmo com Nacho, e troquei algumas mensagens com Miguel, nada de mais, só amenidades e fofocas das coisas que ainda rolam no escritório. Ainda não procurei um emprego porque nesse meu aspecto de Mortiça de tantas noites mal dormidas e vômitos constantes - por conta da gravidez - eu não iria conseguir nem como vigilante de um cemitério. Urgh, que pavor!
Há alguns dias atrás estive com Bjorn. E Deus sabe o quanto eu ainda lamentei no ombro do pobre homem. Ele ficou sabendo através de Marta que eu havia voltando para Espanha e também me contou que Eric havia feito uma nova cirurgia para correção nos olhos, tudo oriundo da briga imbecil que ele teve em Londres. A primeira coisa que Bjorn notou quando me viu foi meu aspecto espantoso. Tentei de todas as maneiras, possíveis e imagináveis distrai-lo, tirar seu foco quanto a minha saúde mas foi inevitável. O desgraçado é esperto o suficiente para sacar no ato de que eu estava grávida. Aí foi que começou meu pesadelo. Desde então o displicente me liga três à quatro vezes no dia para saber como estou e a que ponto estou de ficar a imagem e semelhança da Lua. Há claro, como bom amigo que é, mesmo sem ser correspondido, me azucrina para que procure Eric pelo menos para falar da gravidez, já que estou tão convicta de que não o quero mais.
Meu telefone toca em cima da bancada da cozinha enquanto cozinho alguma geringonça conduzida única e exclusivamente pelo meu desejo de grávida e noto que no visor do celular a foto e numero de Bjorn. Depois eu retorno a ligação para ele, agora minha única vontade, e mais do que isso prioridade é comer esse omelete de queijo com chocolate e xarope de baunilha. É como eu estava dizendo: Uma geringonça gastronômica. O telefone volta a tocar, tenho vontade de fuzilar o aparelho quando novamente aparece a imagem de Bjorn na tela. Não o atendo e por fim ele parece ter desistido. Me sirvo do omelete mais inusitado de toda a existência humana e me sento no sofá para devora-lo o quanto antes possível. Dessa vez um som de mensagem salta do celular.
– Juro que se for Bjorn vou manda-lo ao inferno! - digo com a boca cheia da minha mais nova receita de grávida.
Desbloqueio o celular e como previsto a mensagem era de Bjorn - maldito seja. Porém seu conteúdo me deixa em alerta total.
"Eric esteve aqui. Conversamos, ele se desculpou e esta indo até você.
Seja razoável Jud, agora ele é pai.
Ah, e ele já sabe disso.
Desculpa ter sido o porta voz, mas ele já me prometeu dar a criança para apadrinhar.
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Blanco y Negro
RomanceTive a idéia de criar a continuação em espécie de fanfic de uma das trilogias que mais mexeu comigo: Peça-me o que Quiser da autora Megan Maxwell. Amo, sou fã incondicional da sua história, mas escolhi dar uma nova visão. Ora, como Jud suporta tanto...