Capítulo 1

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Quem sou eu? Eu sou a número 6.  Número de assassinatos? Eu seria uma psicopata se contasse. Mas vamos dizer que se eu não tivesse morta para o mundo real, eu teria uma lista enorme na polícia.

Meu verdadeiro nome é Elisabeth Miller ou Lisa como eu gostava de ser chamada, tenho 17 anos, não sou a menina mais bonita daqui mas acho que não sou a mais desgraçada, sou ruiva de cabelo cacheado, tenho olhos claros e sardas no rosto, algumas pessoas acham feio mas eu gosto, isso que importa.
Hoje faz nove anos que eu fui sequestrada e obrigada a me tornar uma assassina, a primeira vez que eu matei eu tinha dez anos, todos nós recebemos uma missão. A minha era deixar uma bomba em um shopping no centro da cidade. Aquele dia foi a primeira vez em dois anos em que eu vesti uma roupa que não tinha buracos, eles me deram uma mochila de rodinhas que tinha uma borboleta ela brilhava quando o sol batia, dentro daquela linda mochila tinha explosivos, não o suficiente para derrubar o shopping mas o suficiente para matar as filhas do governador. Eu andei com aquela mochila meus cachos balançavam com o vento, eu estava feliz por sair ao ar livre, mas triste por matar alguém. Deixei a mochila no lugar que mandaram e quando voltei para o carro ouvi o som explosivos sendo detonados, uma lágrima escorreu pelo meu rosto mas limpei rapidamente, pois quem demonstra fraqueza morre. Isso é o que os titereiros falam pra nós.

É madrugada e daqui a pouco todos vão acordar para ir treinar. Todos nós somos obrigados a treinar para nós tornar os assassinos mais mortais do mundo, isso aqui é uma fábrica de assassinos se você não percebeu ainda. Também somos obrigados a trabalhar, fabricando bombas, armas e as vezes drogas.
Vou até o banheiro e lavo o meu rosto, olho para o espelho e vejo que as minhas olheiras aumentaram. Essas insônias está acabando comigo.
–— Não conseguiu dormir de novo seis?
— Não. — Olho para oito que está encostada na porta.
— Por que você está acordada se falta meia hora pra irmos treinar?
—Não posso continuar me atrasando ou vou ser castigada. — Os olhos de oito demonstram medo.
Ela entrou na fábrica logo depois de mim, ficamos na mesma cela dês de sempre, mas não somos amigas, aqui ninguém tem amigos, todos matariam para sobreviver. É a lei, ou você mata ou você morre! Não se deve confiar nem na sua própria arma, quanto mais em assassinos mortais.

Todos saem das suas celas e vão para o centro de treinamento, eu vou para a minha preferida a de luta corpo a corpo, eu me sinto em um filme de ação só que sem dublê claro.
Ao entrar na sala já me deparo com a treze e o quinze dois filhos da puta que adora encher meu saco.
— Pronta pra perder de novo sua vadia?— A treze fala olhando para mim.
Olho para trás e depois para ela. —Tá falando comigo treze?
— Tá se fazendo de burra agora? Achei que fosse mais esperta.
— É que da última vez se eu me lembro bem eu desloquei o seu maxilar e quase quebrei o seu braço lembra? Ou será que você está com perda de memória? Deve ser as drogas que você usa escondido. — Sussurrei a última parte em seu ouvido.
A treze me fuzilou com os olhos, tenho certeza que ela está planejando me matar e depois me comer no jantar.
— Mais luta menos conversa, isso aqui não é um lugar de treinamento, não de conversinha. — Falou o titeireiro.

A treze foi lutar com o quinze. Olhei ao redor pra ver se tinha alguém sozinho. O trinta e cinco estava no canto da sala brincando com o anel em seu dedo. Onde diabos ele arrumou aquele anel? Com certeza roubou de uma das suas vítimas.
— Ei trinta e cinco? —gritei para chamar a sua atenção.
— Sem parceiro seis?— falou sorrindo.
O trinta e cinco é o típico cara que não se mete com ninguém, mas não pisa no calo dele. Ele tem um cabelo  castanho escuro na altura do pescoço, olhos cor de mel e um maxilar perfeito. Ele com certeza seria um daqueles garotos popular na escola, que todas as garotas tem um crush, isso se nós fossemos a uma.
— Você está afim de lutar ou não?— falei revidando os olhos.
— Só não reclama se eu te machucar.
— Não sou mulher de reclamar por pouca coisa.
Trinta e cinco deu um sorriso sarcástico e se aproximou de mim, ficamos em posição e começamos a luta. Nunca fui de atacar em uma luta, sempre esperei, mas hoje eu não estava afim de esperar e acabei  levando dois socos cruzados, e uma joelhada na barriga.
Hoje definitivamente não é meu dia.
Sai da sala de luta e fui para o banheiro mais próximo, cuspi todo o sangue que estava na minha boca, eu acabei mordendo a língua quando levei o soco. Lavei o rosto e olhei para o espelo, otimo, agora além de olheiras, eu também tenho ematomas no rosto. Sai do banheiro e fui para a sala de tiros. Eu não gosto desse lugar, pessoas que se odeiam em uma sala cheia de armas, algum dia isso vai dá ruim. Cada cabine de tiros tinha uma pistola e um M16. Eu posso não gostar desse lugar, mas aqui tem meus brinquedos favoritos. Coloquei o protetor de ouvidos, o óculos e peguei a pistola quando senti uma mão em meu ombro. Olhei para ver quem era, era um titeireiro.
— Número seis, o comandante está chamando,venha conosco. Tirei os protetor, o óculo e soltei a pistola que estava em minha mão, virei para que ele colocaram as algemas e uma mordaça pra que eu não tentasse nada, nem morder. Dois deles me guiaram até a ala norte, onde chegamos a um elevador, entramos nele e subimos para o segundo andar. Eu comecei a surtar internamente naquele momento, só subimos ao segundo andar na ala norte quando tínhamos missões, ou você subia e a última vez que você iria ver as pessoas lá embaixo, era sendo torturada e morta na frente de todos. Era isso que acontecia com quem desobedecia regras, tentava fugir, ou falhava em uma missão. Somos torturados na frente de todos os outros para que eles tomem como exemplo e não façam igual. É uma mensagem de "olha o que acontece com pessoas que nos desobedecem".
Finalmente o elevador parou, e as portas abriram. Andamos até uma sala com uma porta a prova de sons. O titeireiro abriu a porta e me empurrou para dentro. Um homem de meia idade caminhou até mim e e tirou a minha mordaça, fez um gesto para que eu sentasse na cadeira, eu obedeci.
— Oi número seis, eu sou o comandante Wilson. — Falou sentando na cadeira atrás da mesa a minha frente. — Tenho uma missão para você, acho que você vai gostar de saber quem será o seu alvo.
— Claro, eu sempre fico feliz em matar alguém, senhor. — Falei com sarcasmo. Depois vi a besteira que tinha feito, não se pode falar assim com esse tipo de gente.
— A sua missão é matar Katy Miller, agente especial do FBI. — O comandante Wilson abriu um largo sorriso ao ver a minha cara. Katy Miller minha irmã mais velha, eu vou ter que mata-la. Eu não posso fazer isso.
— Esteja pronta em uma hora, um helicóptero virá te pegar.
— Que? Eu não posso matar uma pessoa daqui a uma hora,eu tenho que estudar os lugares que ela frequenta, horários de trabalho, investigar os pontos cegos das câmeras de segurança, das ruas.
— Você não só pode, como vai!— Wilson se levantou. — Ou você esqueceu quem manda na fábrica? Eu não sou o Sandor que dá moleza a vocês, animais, vocês são marionetes, e vai fazer o que eu mandar! — olhou no fundo dos meus olhos, como se dissesse "matar ou morrer, você escolhe" — Você entendeu?
— Sim. — Respondi tentando demonstrar firmeza, mas eu estava desmoronando por dentro.
— Sem falhas, se você não matar, outro mata.

MARIONETESOnde histórias criam vida. Descubra agora