Capítulo 3

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Estamos em choque, Carros explodindo e virando. Sinto que estou vivendo em um filme.

Deito no chão frio da parte de trás da camionete, respiro fundo e aprecio o ar puro, o vento frio que faz os meus cachos balançaram. Eu estou livre, eu finalmente estou livre.

Rastejo de volta para a janela traseira e volto para o banco onde está Harry e Louise. Harry está sangrando por causa dos estilhaços que o atingiram.
— Você está bem?— pergunto.
— O que você acha? — Olhou com ódio para mim — Eu com certeza estaria melhor se você não estivesse aparecido naquela droga de cabana.
— Você está certo!
— Vou levar vocês para o hospital. — Sam tenta puxar assunto.
— Não podemos ir para o hospital — Continuo — Temos que encontrar um lugar seguro para ficar. — Sam olha para mim.— Só precisamos de um kit de primeiros socorros.
— Porque não podemos ir para o hospital? — Louise pergunta irritada.
— Eles sabem que nos atingiu, eles vão procurar por nós nós hospitais.
— Nós matamos eles! — Harry Grita.
— Isso não é nem metade. — Falo incrívelmente calma. — Eles tem um exército.
— Quem é você afinal?— Ótimo, agora Sam também está irritado.
— Eu sou a Seis, uma garota sequestrada quando criança e obrigada a se tornar uma assassina para sobreviver.

Todos me olham com espanto, em seus olhos eu vejo medo. Eles me olham como se eu fosse um animal.
— Eu só tinha oito anos. E fui jogada em um buraco sujo, eu chorava todas as noites escondido. — Uma lágrima escorre do meu olho. — Um dia me pegaram enquanto eu chorava, eles me colocaram em uma sala escura, suja, cheia de ratos. Não dava nem pra ficar sentada, eu tive que ficar a noite toda.
— Como vamos saber se você não inventou toda essa história? — Harry pergunta.
— Elisabeth Miller, desaparecida em 23 de outubro de 2011 ao voltar pra casa sozinha.
— Você é a Elisabeth? — Sam pergunta.
— Sim, eu sou a Elisabeth, Lisa.
— Não pode ser!
— Porque?
— O corpo da Elisabeth foi encontrado na floresta perto do lago.

É claro, os titeireiros não iam deixar que procurassem por mim ou qualquer outra criança. Se encontrassem pistas o suficiente talvez chegassem até eles. Ou em alguém que pudesse expor tudo. Eles devem ter gente em todos os lugares, hospitais, polícia, nicroterio, FBI. Claro, por isso minha irmã está no FBI. Ela é um deles infiltrado, mas ela não pode ser a única, com certeza tem mais deles. Qualquer um pode ser um deles, meus pais pode ser um deles, essas pessoas podem ser um deles. Mas por quê eles me ajudariam? Eu não sei em quem posso confiar. A minha própria irmã me traiu, porque um bando de adolescentes mimados não me trairia?

— Para onde estamos indo?
— Para uma fazenda, ela é do meu avô. — continuou — lá tem tudo que nós precisamos.
— Quem mais sabe dessa fazenda? — Pergunto.
— Só a minha família, ela está abandonada, não tem ninguém lá.
— O corpo que encontraram não era o meu.
— Claro, você não é a Lisa! — Harry fala com sarcasmo.
— Eu adoraria que a Lisa estivesse viva, mas ela está morta tá legal! — Sam continua. — Eu encontrei o corpo dela!
— Você me conhecia? — Pergunto.
— Você? — falou sarcástico. — Não, mas a Lisa sim. E se você fosse ela você se lembraria disso.

O resto do caminho todos permaneceu em silêncio, os únicos sons que ouvíamos era os gemidos de dor do Harry.
A estrada era de terra, toda esburacada. Acho que choveu pois estava escorregadia e cheia de lama, espero que o carro não fique atolado ou vamos ter um grande problema.

Já era dia quando finalmente chegamos. Na entrada tinha um enorme portão e várias árvores perto, o mato estava grande. A casa era velha, de dois andares, com tintas gastas e portas de carvalho.
Saímos do carro e eu estendi a mão para ajudar o Harry.
— Eu não quero a sua ajuda! — Se apoiou em Louise. — Se não fosse você eu não estaria assim.
— Me desculpa. — Respondi sem jeito.
Sam se aproximou de mim e me fez me apoiar nele. O meus ferimentos já estavam a tanto tempo aberto que eu não sentia mais tanta dor, eu estava anestesiada, talvez da adrenalina. Eu não sei.
Andamos até a varanda, Sam me apoiou em uma coluna e andou até um vaso de planta, que não tinha mais planta. Ele levantou o vaso e pegou uma chave. Andou até a porta e girou a chave, a porta estava emperrada. Ele empurrou mas não estava querendo abrir.
— Lou me ajuda aqui. — Pediu.
— Eu posso ajudar também. — Falei
— Não, você já fez muito esforço para quem está machucada. — Respondeu.
Sam e Louise empurraram a porta, mas não estava abrindo.
— Você tem um pé de cabra? — Perguntei. — Ajudaria bastante.
— Eu tenho algumas ferramentas no carro, deve servir.

Sam foi até a carro e mexeu em algumas coisas, ele voltou com uma chave de fenda. Acho que deve servir. Ele enfiou a chave de fenda na fresta da porta e fez força enquanto Louise empurrava.
Eu cansei de ficar olhando e fui ajudá-la. A porta finalmente abriu.
Aquilo estava uma sujeira, e estava fedendo. Tinha poeira para todo lado, ratos mortos. Isso com certeza precisa de uma faxina.
— Seria ótimo se tivesse luz, não enxergo nada. — Lou disse com uma voz engraçada, acho que ela estava tapando o nariz.
— Eu acho que tem um gerador nós fundos, vou dar um olhada.
— Eu vou com você, talvez precise de uma mãozinha. — Lou disse querendo sair dali o mais rápido possível.

Os dois saíram e ficou só Harry e eu, ele não parecia muito bem. Acho que perdeu muito sangue também. O estranho é que eu perdi muito sangue, mas eu não estou mais me sentindo tão mal. Deve ser aquelas drogas que eles viviam injetando na gente, talvez dê mais resistência ou algo do tipo.
Harry estava branco, me aproximei dele e passei meu braço pela sua cintura e coloquei o seu braço em volta o meu pescoço.
— Saí de perto de mim! —Exclamou sem força.
— Você não está bem. — Falei com uma voz que nem eu reconheci — O melhor seria você se sentar mas isso aqui tá nojento demais.
— Lembre-se que...— interrompi
— que é tudo culpa minha, eu sei.
As luzes se acenderam. Aquele lugar era lindo, na verdade tinha sido lindo. Se não fosse a sujeira. Tinha sofás glamourosos, quadros, estantes. Como alguém não roubou isso ainda, ou por quê os pais do Sam não levou?
— Precisamos apagar essas luzes! — Falou Sam ofegante, acho que ele tinha corrido. — Não vamos ficar aqui em cima,vai chamar atenção. — Continuou.
Soltei Harry, e o coloquei em uma poltrona. Saímos apagando todas as luzes que ainda tinha, não era muitas então foi rápido.

Sam nos guiou até um quarto, acho que era o do seu avô. Ele empurrou a cama e abriu uma porta no piso. Nós entramos, tinha uma alavanca. Sam a puxou e tudo se iluminou. Tinha um corredor enorme. Seguimos em frente e encontramos várias portas. Tinha dois quartos cada um com um banheiro, uma cozinha, uma espécie de mini hospital e um arsenal de armas. Por incrível que pareça não estava tão sujo quanto lá em cima. Fomos direto para o mini hospital,lá tinha remédios, ataduras, agulhas, linha, tinha tudo. Harry deitou em uma maca.
— Tem anestesia? — Perguntei.
—  Eu não sei, deve ter.— Respondeu Sam.
Olhei nos armários e encontrei alguns frascos de anestesia. Peguei um soro e coloquei a anestesia dentro. Harry começou a adormecer.
— Eu espero que você saiba o que está fazendo Seis. — Disse Lou nervosa.
— Eu também. — Respondi.

Quando Harry finalmente adormeceu eu tirei os cacos de vidro que ainda estava no seu corpo, alguns acertaram o rosto. Depois costurei os ferimentos maiores, e os menores coloquei ataduras.
Agora era a minha vez. Tirei a blusa encharcada de sangue e olhei o ferimento na minha barriga, só tinha o sangue, o ferimento tinha desaparecido. Ainda estava dolorido mas, não tinha ferimento.

Tirei a calça e olhei os ferimentos na minha perna, também sumiu, os das minhas costas, do meu rosto. Tudo tinha sumido, só tinha o sangue. Como isso aconteceu?
E fiz um corte no braço, não aconteceu nada, estava sangrando como qualquer outro ferimento.
— Por que você está nua? — Harry falou com uma voz sonolenta.
Levei um susto quando ouvi a sua voz e me virei rapidame para ele que arregalou o olhos.
— O que você fez? — Perguntou.
— Meus ferimentos sumiram, eu quero saber o que está acontecendo comigo.
Levantei a calça e fiquei apenas de sutiã. Limpei o sangue do meu braço com uma atadura.
— Como isso é possível? — Perguntou Harry olhando para o meu braço.
— Eu não sei. — Falei em quase um sussurro.
A carnes do meu ferimento estava se fechando. Estava ficando apenas uma linha vermelha onde a faca passou.
Eu estava em choque, eu não conseguia entender o que estava acontecendo, saí do mini hospital e andei pelo corredor, entrei em um dos quartos. Lou e Sam estavam sem roupas. Fechei a porta rapidamente e fui para o outro quarto, eu estava tão em choque que nem sequer pensei neles. As paredes eram brancas igual ao piso, a cama era de casal, tinha um pequeno guarda roupa e um criado mudo com um abajur. Deitei naquela cama e rezei para que tudo fosse apenas um sonho, ou melhor, um pesadelo. Eu só queria que tudo acabasse.

O que mais me chocava? Era que nós não éramos apenas marionetes, assassinos, ladrões, terroristas, nós também éramos experiências, ratos de laboratórios. E eu não vou ser a primeira a passar por isso, e nem a última. Isso tem que acabar.

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⏰ Última atualização: Jun 12, 2020 ⏰

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