Cap. 5 - Acidente+ajuda = Início de amizade

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{Sexta-feira - De manhã}


Desde segunda-feira que não me encontro com Thomas. Ele não está vindo para as aulas, não está fazendo barulho no apartamento. Não o encontro em lugar algum. Por mais que eu estivesse adorando aquela paz, eu a estranhava. A casa dele, estava quieta, silêncio total. Pela fresta em baixo da porta, dava para ver que tudo estava fechado. "Talvez, estivesse viajando. Mas, por que estou pensando nisso? Estou tendo paz finalmente"


Sai dos meus pensamentos após dar uma leve risada e Lorrie me olhava com a sobrancelha arqueada. Balancei a minha cabeça, indicando que não era nada importante e ela simplesmente assentiu de volta lentamente.


/Última aula/


- Algum aluno dessa sala mora perto do Thomas? - Perguntou a nossa professora coordenadora. Eu simplesmente bufei, esperando que algum amigo dele levantasse a mão, mas, ninguém levantou a não ser o intrometido do Gleen.


- Professora eu não moro perto dele, mas, a Melissa mora. Ela literalmente é a vizinha dele. - Após ele terminar de falar, eu o olhava com raiva. E ele se encolheu na sua carteira.



- Ótimo! Ele veio só um dia e semana que vem tem prova, avise ele para não faltar. - Ela colocou uma pasta tamanho média cheia de papéis na minha mesa e eu respirei fundo. - É o conteúdo que ele perdeu, estou sendo muito generosa entregando para ele porque ele é um bom aluno.


- Certo, professora. - Infelizmente não teria como recusar foi pedido da nossa professora coordenadora.


/Hora da saída/


- Mel, não me mata e também não mata ele, ok? Desculpa... Mas, você realmente mora muito perto dele.


- Tá, Gleen. Que seja, esquece. - Caminhava com os dois em direção o meu apartamento.


- Mel, preciso ir para o trabalho. Mas, sábado a gente se vê, hein! - Falou Lorrie com um sorriso no rosto e eu sorri para ela assentindo.


- Eu te deixo no trabalho, Lorrizinha! - Ele me deu um breve sorriso e saiu de fininho com Lorrie.


Dei uma risada e revirei os meus olhos. Logo estava chegando prédio. Decidi entregar logo e depois iria para minha casa, quanto mais rápido melhor.


Comecei a subir as escadas e depois de alguns degraus estava na frente da porta dele. Bati duas vezes, mas, não ouvi nada. Bati novamente e nada. Tive a impressão de ter ouvido algo lá dentro, ele estava lá.


Toquei na maçaneta e a girei, a porta estava aberta "ou ele tinha aberto." entrei na casa devagar e estava realmente toda fechada e com um cheiro estranho. Nunca tinha entrado ali, mas, a áurea não parecia boa.


- Thomas? - Comecei a entrar mais na casa após fechar a porta atrás de mim. - Thomas?


- Tô aqui. - Ouvi a voz dele. Estava rouca, como de quem não parava de chorar por um tempo, ou simplesmente estivesse muito tempo sem falar.


Caminhei para onde tinha ouvido a voz dele, uma porta do lado direito da casa. Era o quarto, estava escuro também como o resto da casa. Mas, não via Thomas. Entrei mais no quarto e no canto escondido da cama no chão com um edredom cobrindo sua cabeça, estava Thomas.


- A professora... - Comecei a falar, mas, não consegui terminar essa frase. - Você está doente?


Coloquei a pasta e a minha bolsa em cima da cama dele e me sentei do seu lado, olhando para o nada a minha frente, enquanto esperava a resposta dele.


- Não. O que você veio fazer aqui?


- Te entregar matéria da faculdade, semana que vem tem prova, avaliações e tudo mais...


- Ah...


- Thomas...? - Estava meio receosa em perguntar, mas, ver ele daquela forma Mesmo que seja meu inimigo era agoniante.


- Quê? - Pela primeira vez, ele virou o seu rosto para mim. Estava com olheiras fundas, significado de noites mal dormidas. O seu rosto também estava inchado, talvez de tanto chorar. O seu semblante, não estava animado como de costume, estava triste, muito triste.


- O que deixou você assim?


- Você quer mesmo saber? - Assenti e me aproximei dele. - Você é a primeira pessoa que veio aqui depois de quatro dias.


- Ah...


- Meu irmão mais velho, ele gostava muito de motos, tanto quanto eu. Adorava andar loucamente nas ruas, até mesmo nas avenidas. Segunda-feira, fiquei sabendo que domingo a noite ele tinha sofrido um acidente feio e que não resistiu, ele morreu na segunda de manhã, enquanto eu estava na aula. - Sua voz voltou a ficar rouca lentamente. - Meu irmão mais velho, fez o papel que o meu pai não fez desde os meus 11 anos. Ele cuidou de mim, me obrigou a ir para a escola, me deu conselhos, me ajudou com tanta coisa. E agora que ele se foi, eu já não sei mais como agir, já não tenho mais ninguém para mim. Ele era tudo que eu tinha.


- Thomas? - Ele me olhou novamente e os seus olhos estavam cheios de lágrimas. - Deixa eu te ajudar a passar por esse momento difícil?


- Por que você faria isso? Você está sempre brigando comigo, por tudo.


- Está certo. Não tenho uma explicação, eu simplesmente sinto que quero fazer isso. E se você permitir, somente se permitir eu vou ficar do seu lado, até isso passar.


- É sério?


- Sim. - Nesse momento Thomas me abraçou forte, me envolveu completamente nos seus braços e eu retribui o seu abraço. Após longos segundos tentei me afastar do abraço, porém, Thomas não deixou. - Não me solte...me abrace por mais algum tempo... aqui está tão confortável e quente.


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Amor Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora