Parte 1 | Capítulo 13: Cássio

157 31 60
                                    

O sentimento momentâneo era dúbio. Estava muito feliz em finalmente me aceitar como gay, queria muito partilhar essa novidade com Marcus que, com certeza, ficaria orgulhoso de mim. Não tinha como negar, eu era gay mesmo. Porém estava apavorado por Marcus decidir ir a minha comemoração, eu teria que dar um jeito de evitar que chegasse aos ouvidos dele fiquei com uma mulher. 

Quando chegamos ao bar, pouca gente que convidei tinha chegado. Dois caras estavam no pequeno palco cantando uma música sertaneja, usavam chapéu e adereços de peão de rodeio. 

Recebi cumprimentos pelos meus amigos que já estavam nas seis mesas reservadas por mim. Ganhei uns presentes e muitos abraços. Estava com saudades de rever o pessoal do colegial, alguns não via desde a formatura. Todos perguntaram o que eu estava fazendo e falando que eu tinha sumido. Aquela coisa de sempre. 

— Agora que o aniversariante chegou — Carlos disse passando o braço pelo meu ombro e me puxando contra ele. — Tá na hora de um shot de tequila para todos! — geral gritou em apoio. Notei que não teria controle durante a noite, mas tentei não me preocupar com a chegada de Marcus e as consequências disso. — E o aniversariante — continuou Carlos — dois shots seguidos! 

— Não pode ficar muito bêbado, porque eu quero continuar o que começamos hoje — disse Bia atrás de mim, dando uma lambida na minha orelha. Arrepiei-me todo. 

— Garçom! Traga... — Carlos virou para mesa e começou a contar as pessoas — dois, quatro, seis, sete, dez, doze, treze... Quatorze doses de tequila pra gente!

Alguns minutos depois chegou um garçom com as doses de tequila. 

— Minha amada tequila! — Carlos estava empolgado. — Todo mundo virando no três! E o Cássio vira a primeira no dois. Um... Dois... — Lambi o sal, virei minha primeira dose e chupei o limão. — TRÊS! — Todos viraram sua primeira dose, e eu a segunda.

Nesse momento dois homens subiram no palco com aqueles óculos coloridos gigantes que vêm naqueles kits para festa de formatura, um cara com uma peruca verde e outro com um boá rosa começaram a cantar Peackock da Katy Perry. Enquanto cantavam um tentava tirar a calça do outro. Foi muito engraçado. Quando eles terminaram todo mundo os aplaudiu. 

— A gente vai ter que fazer melhor que eles. — Carlos se virou para mim. 

— Não. Nem pensar — neguei com a cabeça. 

— Garçom, traga mais três doses de tequila, por favor! — Carlos pediu ao garçom mais próximo. — Vamos ver depois de beber mais um pouquinho. 

Achei engraçado que nesse bar todo mundo usava uns adereços para cantar, o que tornava tudo extremamente brega e por isso muito engraçado. As pessoas estavam totalmente desencanadas e curtindo a noitada. Agora duas meninas cantavam "Gimme More" da Britney Spears e ficavam tentando ser sensuais, mas sem sucesso algum. Estavam ridiculamente hilárias. 

As três doses chegaram. 

— Você não acha que eu vou beber estas três doses, né! — Eu disse. 

— Não o deixe fora de combate hoje — interveio Bia, novamente. 

— Não ficarei — disse firme, mas seria essa a desculpa que eu daria. 

— Uma minha e duas suas — Carlos disse. 

Virei uma dose, depois juntos viramos a outra. Estava bem bêbado já. Não sou muito forte com bebida e já tinha virado quatro doses de tequila em menos de dez minutos.

— Então vamos lá! — disse Carlos levantando-se de supetão, fui atrás. 

Do lado do palco tinha uma garota que era responsável por organizar a fila do karaokê. 

A Pílula (versão 2.0)Onde histórias criam vida. Descubra agora