Prólogo🖤

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A verdade é que não me lembro de nada que aconteceu naquele dia, tudo que sei foi o que minha avó Kira me contou quando tinha mais ou menos uns 8 anos de idade, depois de mais de 4 anos perguntando sobre minha mãe e onde ela estava, e porque papai não arrumava o cabelo ou ia trabalhar como os pais dos meus colegas e como os pais da Tevê.

Foi um baque pra mim aquele dia, tudo que assistir na Televisão sobre como uma família é cheia de amor e união foi pro ralo, o garoto sonhador que acreditava no amor mais que tudo, se tornou mais um desiludido pela vida.

Me lembro de tudo como se fosse ontem...

— Hiro sentisse aqui —  bateu de leve sua mão no chão me mostrando onde devia me sentar, eu não entendia o motivo mas obedece —  Meu querido olhe para mim, eu quero que você seja forte e me ouça com toda a atenção —  me lembro de ter a olhando com toda atenção que uma criança da minha idade podaria dá, ela respirou tão fundo e o ar saiu tão... tão... pesado, ela me olhou tão compreensiva e então fiquei tão apreensivo e ansioso —  Quando você tinha quase três anos de idade seu papai e sua mamãe tiveram uma briga feia, sua mãe era muito nova e gostava de se sentir livre sem pensar nas coisas que fazia, ela estava falando ao seu pai que não conseguia conciliar os estudos, o casamento, seu trabalho, sua independência, os cuidados de um bebê. Ela achava que era tudo mais fácil, mas viu que não era como pensava, e naquela manhã mesmo ela decidiu que nada mais aprenderia naquela casa, ela queria curtir a vida, lembro de ter visto seu pai implorar para ela não ir, ele tentou a todo custo manter ela com você, mas a decisão dela já tinha sido tomada e naquele mesmo dia ela foi embora —  eu não sabia ao certo quando tinha começado a chorar, mas tudo se intensificou mais ainda —  Seu pai —  ela fez uma pausa que pareceu durar horas —  ele ficou transtornado, cheio de tristeza, chorou durante semanas, todo dia ligava pra ela com a esperança de vê-la voltar, no início ela até atendia as ligações mas depois só dava caixa postal. E ele acabou desistindo de tudo, ele desistiu dele. Ele não trabalhava mais, não se arrumava mais, não queria se barbear, não queria mais comer direito, todo dia eu o obrigava a fazer alguma coisa, a se banhar, a comer, a se levantar, até a ver você, ele nunca se recuperou Hiro, ele só foi se afundando mais e mais. Eu pensava que era tudo passageiro e que logo logo ele iria ser o mesmo Jack de sempre, mas se passaram anos desde então e agora para completar seu pai vive em uma depressão profunda, eu já falei sobre isso com você, não é verdade meu querido? —  balancei a cabeça positivamente —  mas ainda bem que ele tem você —  minha avó tentava secar minhas lágrimas em vão e sorriu pra mim, aquele sorriso carregado de carinho e me abraçou o mais forte que poude —  Você é a única razão para ele ainda viver, você é muito especial meu pequeno. —  me lembro de ter sorrido pra ela mesmo não querendo.

Aquele dia eu abracei meu pai como nunca antes, mas ele não deve ter percebido, tenho certeza que não, pois ele estava sondado como sempre pelos seus inúmeros remédios que o deixavam mais calmos, e que consequentemente enriquece os produtores dessas drogas. Não vou negar que naquele dia eu chorei, eu chorei muito, chorei até soluça, chorei até não ter mais lágrimas para chorar, foi a pior noite que tive, foi a maior dor que já tinha sentido, foi até pior do que cair de bicicleta.

Mas a arte de desenhar, fazer uns rabiscos, pintar uns quadros, fazer umas caricaturas bizarras e umas legais também ou até mesmo uma história em quadrinhos de certa forma me ajudou a não me prender tanto nas minhas tristezas. Passei anos sem saber onde a mulher que me colocou no mundo estava, mas aos meus 15 anos isso mudou, a reencontrei e como um bobo planejei com toda a alegria me reconciliar com ela e perdoa-la, mas não fiz isso a amargura só cresceu a saber que ela tinha me trocado por uma garotinha de 4 anos e que meu pai não era mais o grande amor da sua vida e sim outro. E para completar minha ruína e desgraça a garota que jurou me amar até o meu fim, a garota que contei todas minhas mágoas e depositei toda minha confiança partiu o que restava do meu coração até o último pedaço, me fazendo ter certeza que o amor é um sentimento inventado para quem tem medo de escuro, ou melhor, da Verdade.

E desde então intensifiquei umas regras que havia feito aos meus 10 anos, mas nunca tinha colocado em prática por completo e agora elas se tornavam inquebráveis:
1. Nunca em hipótese alguma chamar atenção, isso prejudica;
2. Estudar muito, para conseguir realizar meus sonhos e ajudar meu pai;
3. Não me apaixonar, pois Amor só serve para ferrar com vida das pessoas, o amor na verdade é só uma fantasia e nada mais que isso;
4. Não ser chamado na diretoria ou coisa parecida, pois com toda certeza quebraria a 1 regra;
5. E nunca demostrar sentimentos demais, eles sempre me fazem parecer mais fraco e com cara de babaca.

" ...isso é só o começo... "

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