Carta 1 | Para te esquecer

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"É incrível como alguém pode partir seu coração e você ainda pode amá-lo com todos os pequenos pedaços". - Ella Harper.

Nova York | 11 de maio de 2012

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Nova York | 11 de maio de 2012.

Estive nesse bar todos os dias nos últimos três meses, nesse mesmo lugar e todos esses dias por um mesmo motivo.

Para esquecer, para te esquecer, mas você é a última coisa que eu penso antes de fechar os olhos molhados de lágrimas e a primeira que me vem a mente ao acordar com uma ressaca dos infernos.

Eu me sinto fraco todas as vezes que penso em você, sempre que lembro da nossa história, que entro no bar, que peço a primeira dose e enfraqueço mais e mais a cada gole que tomo, a cada cigarro que ascendo e a cada trago.

Não era eu que gostava de brincar com coisas que matam, essa foi só uma das coisas que você me deixou. 

Eu gostaria de saber como você está agora. Sorrindo para alguém?

 No terraço de algum prédio olhando as estrelas? 

Dançando em uma boate? 

Apesar de tudo, Brooke. Eu só consigo pensar em você sendo absurdamente feliz. Acho que isso tem algo haver com amor. Dizem que se você ama uma pessoa sempre vai querê-la bem.

Por que, Brooke?

Por que você me deixou se me amava?

Quem ama não abandona, não deixa para trás. Essa é a minha maior dúvida todos os dias, todas as noites essa é a pergunta que me faço e é isso que eu sussurro para mim mesmo quando choro debruçado no balcão do bar. Eu nunca pensei que te amar fosse doer tanto.

Foi céu

foi mar

e hoje é

tempestade

E quanto mais chove mais grudado em mim cada marca que você me deixou fica e são muitas, porque ficou demais de você aqui e eu não consigo me livrar de nada. Eu não quero, Brooke. Eu não posso. Eu não consigo.

Eu tentei pensar que o tempo é o melhor remédio, que ele cura absolutamente tudo e que em poucas semanas não haveria nem sinais de que você passou por aqui, mesmo com tudo revirado dentro de mim, mesmo sabendo que algumas coisas jamais seriam consertadas.

Eu menti para mim mesmo.

Eu ainda minto, Brooke. Eu penso que em algum momento vou acordar e isso não vai ter passado de um pesadelo terrível e que você vai estar dormindo em meus braços e que vai sorrir quando abrir os olhos.

Mas não vai e amanhã eu vou estar aqui de novo. E depois de amanhã de novo. Isso vai acontecer até que eu consiga aguentar sóbrio as noites nessa cidade sem você. Até que consiga entrar no meu quarto e não te ver por todo lado, nos mínimos detalhes.

Nos livros.

nas roupas,

nos papéis de parede.

Em tudo, absolutamente tudo o que é meu é seu também e isso me mata, todos os dias, aos poucos, assim como a bebida e o cigarro. Acho que já morri uns vinte anos desde que te conheci.

E eu odeio isso.

Porque eu era a vida, lembra?

Sabe, Brooke? Eu lembro cada detalhe seu e amo cada um deles, mas quando me vem em mente todas as noites eu praguejo todo o universo por ter memória.

Dói demais.

E eu te ligo e a única coisa que eu ouço é que esse número não existe mais. Eu queria poder só não existir, assim como ele, só por um tempo, até que meu coração parecesse novo mais uma vez.

Eu estou chorando agora, porque é isso que eu faço quando tudo parece muito ruim e hoje está pior do que qualquer outro dia.

Me desculpe, Brooke. Eu não deveria estar escrevendo para você no balcão de um bar, na porcaria de um papel que provavelmente vai ficar por aqui mesmo. Desculpe estar falando de você para desconhecidos e me desculpe por não fazer de todas as noites lindas.

Eu vou continuar culpando o amor, vou falar mal dele todas as noites sentado aqui nessa cadeira, direi que ele me destruiu, mas jamais conseguirei atribuir essa culpa a você.

Eu sinto muito, não só pela sua partida mas por não ter conseguido te fazer ficar.

Preciso parar agora, me arrastar daqui de volta para o escuro do meu quarto, eu sei que meus olhos vão se fechar assim que cair na cama, mas ainda terei tempo de reparar que seu cheiro está cada dia mais fraco no meu travesseiro.

Eu deveria estar feliz porque o tempo está levando o que eu não tinha coragem de me livrar, mas a verdade é que parece que  pulei de um precipício no dia que você foi embora e ainda estou caindo e fica mais desesperador a cada coisa sua que perco, como se já sentisse antecipadamente, pouco a pouco a dor de bater contra o solo.

Eu vou chegar, mas já estou quebrado antes disso, estraçalhado e morrendo de medo do momento em que finalmente chegar ao fim.

Sei que independente do que aconteça, Brooke, sempre vou me odiar por ter te deixado ir. Eu me sinto completamente insuficiente agora, sozinho e fraco.

Eu sinto muito, Brooke. Por tudo. Sinto. Muito. Mesmo. E amo você e a cada palavra te amo mais.

Dói todos os dias

por que você não vai sorri para mim ao acordar

meu coração não tem mais por quem acelerar

eu não te vejo

todos as noites,

iluminando a nossa cidade

não há mais você na minha cama

só há você,

no meu coração

e aqui você vai estar,

cada segundo,

minuto

e hora

de todos os dias.

...

Oi gente,

vcs gostaram do primeiro capítulo de ruptura, é um projeto novo, um conto que está sendo escrito como uma distração na quarentena.

Para quem aqui era leitor de Para sempre você, esse livro está sendo revisado e daqui a pouqinho está de volta de carinha nova. Por hoje é isso.

Até mais.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora