Capítulo 4

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Nicole

Era um barulho tão irritante, que sinceramente às vezes eu pensava que o aparelho celular devia ser banido da face da Terra, só queria paz. Tinha me dado um dia de descanso, era segunda-feira, havia se passado duas semanas que eu salvara a filha de Roberto Martini, e mesmo tentando muito não consegui arrumar um emprego.

Na sexta-feira da semana passada, havia participado de uma entrevista para ser caixa de um supermercado – bem grande – aqui do bairro. Só que o fato de não ser confiável, afinal, nunca havia trabalho em um caixa, eles optaram por quem tinha experiência.

Era sempre assim, ou eu perdia a vaga para alguém com experiência, ou pagava um mico no meio de uma entrevista e eles logo me descartavam. Peguei o meu maldito telefone que não parava de tocar, e vi ser um número desconhecido.

Atendi para ver o que era, mas já sabia que seria alguma cobrança de algo que me esqueci de pagar.

— Alô! — Minha voz estava péssima. Não podia soar melhor que isso, já que havia acabado de ser acordada.

— Bom dia! Gostaria de falar com a senhorita Nicole Fiore. — A voz do outro lado era calma.

Sentei-me na cama, antes de dar continuidade à ligação. Olhei pela janela e mais um dia de chuva se fazia presente em São Paulo. Pelo amor de Deus! Quando o santo da chuva ia dar uma trégua para os meros mortais que moravam nessa cidade? Todas as minhas roupas já estavam fedendo a mofo.

— É com ela que você está falando.

— Oi, querida! Aqui é a Ivone, governanta da casa do senhor Martini.

Parei de respirar por alguns segundos ao ouvir o que me foi dito. Eu tinha acabado de falar com a voz toda trabalhada no sono, com a mulher que poderia ser em um futuro, um fio de esperança para mim?

Não podia ser.

— Sim, quer dizer... Oi, Ivone... Tudo bem? No que posso ajudar? — Fui jogando as palavras em cima da mulher, e tentei respirar para não passar ainda mais vergonha.

— O senhor Martini pediu para que eu marcasse novamente uma reunião com você. Claro, se você ainda não tiver arrumado outro emprego.

Senti quando meus lábios se abriram em um sorriso enorme. O gato de Alice no País das Maravilhas perderia para mim facilmente.

— Ainda não consegui arrumar nada, mas ficaria feliz se pudéssemos conversar novamente.

— Ah, que ótimo! Já ouviu aquele ditado de "o santo bateu"? — a senhora, questionou do outro lado da linha.

— Sim — respondi rapidamente.

— O meu foi assim com você, e não costumo me enganar. Então te aguardo no mesmo horário daquele dia.

— Estarei aí.

Depois de me despedir da mulher, levantei-me da cama quase tropeçando e tomando um tombo. Digamos que eu havia ficado emocionada com a ligação. Peguei meu celular e fui ao meu aplicativo de mensagem, logo falando para Amanda o que havia acontecido.

Ela não me respondeu e eu imaginei que pelo horário já devia estar em alguma reunião do trabalho. Sem esperar sua resposta, fui até o armário e procurei uma roupa para vestir.

Já passavam das dez e meia da manhã, então, eu tinha que comer algo, me arrumar e pegar vários ônibus para chegar no horário combinado. Apressei-me com o banho, arrumei algo para comer, e até passei uma leve maquiagem para parecer mais apresentável.

Depois de vestir uma blusa pink, com uma calça jeans colada, calcei meu tênis e parti para o ponto. Eu ainda tinha três horas para chegar à mansão, mas com a chuva que estava caindo, sabia muito bem que devia sair bem antes.

Uma Babá em Apuros - DEGUSTAÇÃO - LIVRO COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora