Capítulo 1

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Parte I

Oh, she's sweet but a psycho

(Oh, ela é doce mas psicopata)


As luzes policromáticas, a música alta e sensual, o copo de whisky na mão. Uma perfeita combinação para um pouco de diversão.

A mulher de cabelos ruivos levava os seus quadris de um lado para o outro, em uma tentativa acertada em conquistar o homem à sua frente. Ela nunca vira alguém tão charmoso, com aquela camisa branca, alguns botões abertos, os cabelos loiros desalinhados, e aquele olhar enigmático e encantador.

Ela o queria.

E ele sabia que ela o queria, mas pouco se importava; porque ela era gostosa, mas ele não a queria.

Ou talvez quisesse, mas antes de avistar aquele olhar.

Draco deixava-se embalar pela música, dançando com a mulher, quando ao erguer o olhar a viu.

Ela estava tão encantadoramente doce com aquele vestido azul claro, uma figura angelical em meio àquele antro repleto do pecado da luxúria. Um contraste interessante, tão pura.

Ele notou que os cabelos caiam em cascatas em suas costas, os olhos cor de avelãs encontraram com os azuis acinzentados, ela o fitava com um sorriso meigo em seus lábios rosados.

Sorriso meigo para quem via de fora. Ele sabia que aquele sorriso era perigoso, embora fosse doce, era muito além disso. Ela era perversa.

Apesar da distância e das luzes, ela penetrava sua alma com aquele olhar. E ele já não mais se interessava pela ruiva, só precisava sair daquele lugar. Sair da mira dela.

E antes que ficasse louco, ele deu a volta e saiu da boate trouxa.

(...)

Fazia anos que não morava mais na Mansão dos Malfoy, comprou um apartamento duplex confortável e elegante, curiosamente era na Londres trouxa por insistência da sua esposa, que na época precisava de paz longe do mundo bruxo.

Tirou a aliança do bolso e a colocou em seu anelar, antes de entrar no apartamento. Tirou a varinha do bolso e fez um feitiço para acender as luzes, suspirou pesadamente antes de retirar o casaco preto.

Teve um dia exaustivo nas empresas Malfoys, e quando foi em busca de diversão, lá estava ela com aquele olhar.

Aquele olhar que o fazia sentir calafrios, ao mesmo tempo em que o deixava terrivelmente excitado. Maldita seja a sangue-ruim que sempre tivera poder sobre o seu corpo.

Exausto, demorou para dar-se conta de que as janelas estavam entreabertas, a brisa fria o fez estremecer. Franziu as sobrancelhas, tinha certeza que elas estavam fechadas quando saiu de casa.

Cautelosamente, caminhou em direção à janela e a fechou depois de se certificar que não havia ninguém por perto. Deu de ombros, deveria realmente estar cansado e mal notou que esqueceu as janelas abertas.

Ao virar para trás, porém, notou que as flores no vaso sobre a mesa estavam murchas. Como isso seria possível? Comprou aquelas rosas no dia anterior, e elas já estavam murchas?

Um calafrio percorreu o seu corpo, escutou passos. Maldição! Não estava sozinho, imediatamente levou a mão até o seu bolso, mas havia esquecido a varinha sobre a cômoda próxima à porta, quando acendeu as luzes.

Contudo, ao voltar o olhar para onde deveria estar a sua varinha, ela não estava mais lá. Não era uma surpresa realmente, sua desatenção iria custar caro, ele sabia disso. Por sorte sua esposa não estava em casa, ou será que estava?

Tratou de respirar fundo, embora estivesse com pavor. Não estava pronto para morrer, tinha muito o que fazer ainda. Em passos lentos, para não se entregar, caminhou em direção à porta, mas ela estava trancada.

Praguejou mil palavrões em sua mente, e ao virar para trás, assustou-se com a figura feminina à sua frente. Como ela foi parar ali tão rápido?

- Sentiu saudades, Malfoy? - Perguntou com sua doce voz.

Ele entreabriu os lábios para responder, mas a mulher tirou sua mão do bolso e assoprou um pó rosa sobre a face do homem.

Draco viu em câmara lenta quando o pó foi despejado em seu rosto, adentrando em suas narinas, fazendo-o tossir. Pode até mesmo sentir o sabor doce do que quer que seja aquilo. E antes que percebesse, seus olhos ficaram pesados e sua consciência o abandonou sem aviso prévio.

Ele caiu sobre o chão frio.

Hermione retirou o casaco, ficando somente com o seu adorável vestido azul, antes de abaixar o corpo e afastar os fios loiros de sua face. Ela aproximou os lábios dos dele, depositando um beijo suave.

(...)

Aquele olhar. A mulher de vestido azul. O pó em sua face. A dormência, o sentimento de pavor. Era um pesadelo, sabia ser um pesadelo.

Sentia a cabeça latejar, seu corpo estava dolorido.

Merda. Não era um sonho.

Não precisou abrir os olhos para constatar aquilo, sentiu os braços imobilizados. E assim que os olhos foram abertos, ele assustou-se por vê-la tão próximo com aquele sorriso sádico.

Constatou estar em seu quarto, preso em sua confortável cama. Contudo, ela não parecia tão confortável naquele momento. Quanta ironia.

- Pensei que dormiria para sempre. - Ao que disse, ela aproximou a mão de sua face, deslizando os dedos pela sua face pálida. - Dormiu bem, docinho? - Sua voz soou tão dócil.

Ela parecia um anjo. Mas Hermione era o próprio inferno quando queria ser, ele sabia disso melhor do que ninguém.

- Solte-me imediatamente! - Tentou em vão fazer-se de autoritário, mas sua voz saiu cortada e fraca.

Ela crispou os lábios, tentando em vão segurar uma risada. A desgraçada ria alto dele, aquilo fez uma chama de raiva crepitar em seus olhos cinzas.

Novamente, ele tentou em vão soltar-se das amarras. Hermione encantou as amarras para que não se desprendessem, mas não fizera o mesmo com os seus pés...

- Não amarrei os seus pés porque acredito que ficará mais confortável para nós dois. - Pareceu ler os seus pensamentos, respondendo-o com malícia na voz aveludada.

Por Salazar. Ele estava preso com a garota mais doce que já conheceu. Doce, mas insana. E, incrivelmente, aquela frase repleta de uma malícia subentendida o excitou. Aquilo era humilhante, a última coisa que precisava era ficar excitado.

Precisava recuperar a compostura o quanto antes.

- O que usou em mim, Granger? - Frisou o sobrenome, observou-a estremecer.

- Prefiro que use Hermione, docinho. - Comentou com um meio sorriso, antes de piscar para ele.

Sem aviso prévio, a mulher afastou-se dele. Seu andar era leve, ela praticamente flutuava em cima daqueles saltos, em direção à mesa de centro. Voltou com um frasco rosa em mãos.

- Um presentinho direto das Geminialidades Weasley. - Parecia tão orgulhosa de si mesma. - Foi tão fácil, você tinha que ver a sua feição de surpresa ao me ver, docinho.

Ele odiava aquele apelido, e ela sabia disso. Por isso fazia questão de frisá-lo a cada fala.

Ele não precisava perguntar o porquê daquilo. Sabia ser uma vingança. Uma vingança muito pessoal e bem elaborada, por sinal. O que ele ainda não sabia é que poderia ser muito prazerosa.

Oh, ela é um doce, mas é uma psicopata. Meio psicopata. E ele sabia que com ela perderia a cabeça.


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Notas Finais: O que acham que vai acontecer? hahah <3

Sweet but psycho - Dramione [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora