Capítulo 7

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"Tome cuidado para o orgulho não te afastar de quem você ama."

(No dia seguinta, na escola)

- Pow Ana, onde você se meteu? - Raquel confronta Ana em frente a sala de aula - Sua mãe ligou perguntando se você dormiu lá em casa. Estava agoniada porque você não atendia e eu tive que inventar um monte de coisa.
- Puts! Esqueci meu celular com o Carlos.
- Carlos... - Raquel comenta. impaciente.
- O que foi?
- Por quê você não foi ao Miragem? Eu fiquei te esperando lá mesmo com os meninos impacientes.
- O Carlos passou mal. Ele ia me levar, mas passou mal. Eu tive que ficar com ele.
- Coincidência, né? - Raquel comenta com paciência prestes a acabar. - Você fica com ele direto. Não se importa se eu vou sozinha ou não pra casa. Você mau fala comigo na sala. Eu tenho tanta coisa pra te falar, mas você só fala dele. Não fala mais nem sobre você.
- Ele cortou o pulso, Raquel! - Ana declara com dureza esperando que ela entenda. - Ele quase morreu.
Raquel se cala assustada por alguns segundos.

- Desculpa. - Raquel volta a falar.
- Você achou que era drama dele pra gente não ir com vocês, não é?
- Me desculpa! Eu não sabia. Eu me alterei. É só que... esquece. - Raquel entra na sala e quando Ana vai atrás percebe que ela pegou sua mochila e foi sentar no fundo da sala.

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No intervalo de aula, Ana passa na frente da sala de Carlos onde ele sempre a espera e seguem indo juntos para a parte de trás da quadra, como sempre fazem nos intervalos.

- Trouxe meu celular? - Ana pergunta à Carlos enquanto caminham.
- Ah sim! - Ele põe a mão no bolso, puxa o celular e entrega a ela, mas logo percebe seu semblante de preocupação.
- Tá pensando em quê? - ele pergunta.
- Nada. - ela tenta disfarçar enquanto mexe no celular.
- Fale. - ele insiste.
- É a Raquel. - Ela guarda o celular no bolso e continua - Ela tá chateada.
- Por quê? - ele diz enquanto se senta encostados na parede da quadra.
- Ela disse um monte de coisa e estou achando que ela tá certa... - Ana explica cabisbaixa e se senta ao lado dele.
- O que ela disse? - ele pergunta olhando pra ela.
- Só que eu tenho me afastado... e...
- E?
- Acho que ela tá chateada com você também rs. - Ana responde voltando os olhos à ele.
- Comigo? Por quê?
- Bom, eu passo a tarde com você, não vou mais pra casa com ela... Caramba, isso não é legal. - Ana olha de canto, se pondo no lugar da amiga. - Por quê o Paulo e o Rafael não moram no bairro dela, então, ela vai sozinha na maioria das vezes, e eu sei que ela não gosta.

Carlos a observa por alguns segundos e volta a falar:
- Olha, se você quiser dar um tempo da gente, por mim tudo bem... Acho que a Raquel ia preferir... - ele diz olhando para o horizonte.
- O quê?! Não. - Ana o olha indignada - Não precisamos fazer isso. Eu vou me entender com ela.
- Eu espero. - Carlos diz em um baixo tom - Sabe... eu gosto muito de você.

Ana se vira para ele e segura seu rosto.

- Eu também, meu amor. - e o beija.

Nesse momento Raquel estava passando por ali à procura de Ana, para fazer as pazes, mas quando os viu se beijando decidiu voltar para o refeitório.

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(No refeitório da escola)

- E aí? - Rafael pergunta quando Raquel se aproxima de sua mesa.
- Eles estavam lá se beijando e eu acabei desistindo. - ela responde sentando à mesa e Rafael a olha levemente decepcionado. Raquel inspira e expira tentando relaxar então continua - Eu sei que é normal, quando a gente começa a namorar, se o casal não é do mesmo ciclo social, acontece de eles se afastarem um pouco dos amigos, mas caramba! A gente planeja os programas por causa disso e ele vai lá e atrapalha de novo. Todas as vezes que a gente planejava ela dizia que não dava por quê eles iam fazer alguma coisa juntos.
- Por quê ela não foi ontem mesmo? - Rafael pergunta.
- Não viu o Carlos com um curativo no braço?
- Ah. Eu vi. O que aconteceu?
- Ela disse que ele... ele se cortou. - Raquel pensa que não deveria expor Carlos e resolve não falar de mais sobre o ocorrido.
- Bom, então dessa vez, houve uma razão. - ele diz tentando mediar a situação.
- Eu sinto falta dela... Eu quero que ela fique com ela se sinta feliz, mas...
- Parece que você não gosta dele. - Rafael comenta. - Você já levou um papo com ele?
- Algumas vezes... é difícil, ele sempre dá uma desculpa para eles irem logo ficar sozinhos. - Rafael apenas a escutava - Quer saber? Cansei. Era eu que ficava chamando-a para conversar, para ir aos passeios. Ela sempre escolhe ele! Quando ela sentir minha falta ela vem atrás.
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(Após a aula)

Carlos e Ana chegam à casa dela, mas antes de entrar...
- Amor - Carlos diz
- Hm?
- Dá um tempo pra Raquel. Acho que é disso que ela precisa.
- Não sei... acho que eu devia falar com ela amanhã.

Carlos a olha fixamente por alguns segundos e põe a mão em seu rosto.
- Você sabe que eu só quero seu bem, não é?
- Sim. - Ana afirma convicta.
- Então faz o que eu te aconselho. Você sabe que é melhor. - ele diz equanto mantém o olhar seriamente fixados no dela. Ela acente, convencida e ele a beija.
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Ana aceitou o conselho de Carlos e resolveu dar um tempo para Raquel. Só que esse tempo virou semanas, semanas que viraram meses e de repente parecia que elas nem se conheciam mais. Carlos havia comprado um celular e fazia questão de conversar com Ana o tempo todo.

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(Por mensagens)

- Ai nem sei o que fazer... - Ana digita para Carlos
- ? - ele responde querendo entender a preocupação.
- O professor vai passar uma prova pra fazer em dupla, mas não sei com quem vou fazer. Parece que Raquel ainda está sem dupla... será que eu pergunto se ela quer fazer comigo? Já faz tanto tempo que a gente não se fala... agora ela senta lá do outro lado da sala...
- Tem certeza que é uma boa ideia? Ela pode achar que você foi falar com ela só por quê você não tem dupla...
- Mas ela também não tem... Nós sempre fizemos as provas juntas...
- Você acha que você não vai se sair bem se for sozinha, amor?
- Eu acho que eu me sairia bem sozinha.
- Minha garota! Fala com o professor e convença-o a fazer sozinha. Sei que vai tirar uma ótima nota.
- Tá bom...

Ana ergue a mão para chamar o professor e apresenta algumas justificativas para fazer sozinha. O professor não aprova de primeira, mas Ana insiste mais um pouco e como ele ainda tem folhas de prova suficientes, permite.
No fundo da sala Raquel a observa, frustrada.

Do Teatro Para a RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora