Capítulo 20

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Desabafo anônimo

- Vamos na minha casa depois da aula.

Ana já sabia o que ele queria dizer. Carlos a amava mesmo? Ana começou a questionar.

"Os homens batem quando amam? Isso é necessário?" Várias perguntas surgem na mente de Ana e então ela pergunta para Carlos em um tom razoável.

- Você me ama, Carlos?

Ele a olha surpreso com a pergunta.

- Claro que te amo. Você me faz muita raiva, mas eu ainda estou aqui. Não estou?

Ana se cala, mas seus pensamentos são gritantes.
Após o intervalo, eles voltam para suas salas e Ana se senta em sua cadeira. De repente, são avisados que não haveria aula no quarto tempo e então todos continuaram jogando conversa fora e mexendo no celular, esperando o quinto tempo.

Ana ficou em seu canto navegando pelo Instagram. De repente, sente vontade de abrir aquela página sobre abusos outra vez. Foi vendo as postagens e parou para ler alguns comentários.

"Ele dizia que eu era louca quando eu achava que ele estava me traindo... e no fim das contas eu soube que era real."

"Minhas 'amigas' diziam que eu era besta, que eu estava com ele por quê queria. Elas nunca entenderam."

"As pessoas dizem: 'Não se cale!', mas elas não escutam quando você fala porque estão o ocupadas de mais lhe julgando."

"É muito angustiante ver o quanto ele manipulava minha mente. Eu não sabia contrariá-lo."

"O erro deles é pensar que porque dão presentes e outras coisas eles têm algum direito sobre nós. NÃO TÊM. Leia: Não importa o que aconteceu, você não merece se sentir um lixo e ele não tem direito de levantar uma mão para você. Não tem essa de 'perdi o controle e foi só uma vez'!"

Ao ler o último comentário, Ana sente uma pontada de dor e se pergunta indignada: De onde vem a força para impedir? Como faz?! Então, em um impulso, Ana entra em sua outra conta, aquela onde postava suas frases, e vai até o direct da moça que fez aquele último comentário. Ela olha o perfil e vê uma moça chamada Laura Miranda, de 21 anos que é pedagoga. Ana começa a digitar...

- Olá.

Ela envia apenas isso e fica vendo se será respondida. Em pouco tempo chega a notificação.

- Olá. Tudo bom?
- Sim... Posso lhe perguntar algo?
- ?
- Eu vi seu comentário em uma postagem sobre relacionamento abusivo...
- O que quer saber? Se eu já passei por isso? Sim, passei. - ela responde levemente incomodada.
- Sinto muito. Não quero ser inconveniente. Eu só... - Ana envia isso enquanto tenta encontrar as palavras certas.
- ?
- Como você consegue? Você falou várias coisas lá... Mas você tinha essa mentalidade quando estava com ele?
- Não. Eu precisei de muito tempo para entender isso e agir de acordo... No fundo eu sabia, mas ele conseguiu me fazer esquecer de tudo o que eu acreditava...
- Você se perde tentando ser o que ele quer...
- Sim. Ele dizia que era o melhor que eu poderia encontrar. Só porque era muito bom de vida e eu nem tanto. Eu tentei falar aos meus pais, mas eles só reforçavam o que ele falava.
- Ele está bem longe de você?
- Bem longe rs. Ele foi morto. Se meteu com gente perigosa...
- Nossa, mas que bom... Você está em paz agora?
- Aconteceu há três anos... passei meses indo à psicólogos depois que meus pais descobriram... posso dizer que hoje tenho minha mente mais saudável e meu amor próprio de volta.

Do Teatro Para a RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora