Capítulo 24

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Algumas semanas depois, Carlos já tinha ido à delagacia para ser pego desprevenido com a acusação. Ele foi obrigado a manter distância de Ana e trocar de turno na escola até que o juiz se ele iria pra cadeia ou não.

Na casa de Raquel, depois da aula, Ana explica um pouco do que aconteceu entre ela e Carlos à amiga e de como Allan lhe ajudou.

- Eu imaginei que você seria rápida em me dizer: "Eu te avisei." Ou "Você está nessa porquê quer."
- Mas eu não avisei nada, mana. Eu não imaginava que ele tinha essa personalidade. E eu jamais diria isso. Eu só estava com ciúmes. - ela diz antes de revir os olhos e cobrir o rosto com as mãos - Se eu não tivesse me afastado, você não teria enfrentado isso sozinha.
- Tá tudo bem.
- Não. Eu percebi que você andava estranha, mas parecíamos estranhas uma à outra, e isso impediu que você se abrisse. - Raquel diz arrependida e sentindo raiva de si mesma.
- Calma... eu não tinha coragem de contar a ninguém. Não era só pelas cenas que ele fazia para eu não terminar... eu tinha medo do que ele podia fazer. Ele é louco.
- Ele é um doente, mas não vai te fazer mal. Ele vai pra cadeia, é só questão de tempo.

No dia seguinte, no refeitório...

Paulo contava à Ana, Rafa e Raquel sobre sua festa de aniversário no sábado que seria na sua casa com piscina.

- Eu... posso chamar um colega? - Ana pergunta pensando em Allan.
- Quem? - Paulo pergunta incomodado e com leve ciúmes.
- Um colega. - Ana insiste.
- Se ele for idiota não o deixo entrar.
- Deixa de onda. Ele é legal. - Ana afirma.

Todos ficaram animados e no dia seguinte estavam todos lá.

- Aaah não acredito que você me deu um IPhone, Ana!! - Paulo diz pegando da mão dela uma caixinha com o formato do celular.
- Se eu tivesse dinheiro pra um, eu compraria pra mim, não pra você kkk.
- Eu faria o mesmo. - Raquel diz entre risos e entrega o seu presente.

Paulo põe os presentes na mesa e abraça seus amigos desejam felicitações.
A festa estava muito boa, gente na psicina, outros comendo churrasco e música eletrônica tocando alto. Allan e Ana estavam sentados à mesa redonda alta em bancos altos, conversando enquanto comiam.

De repente, Ana vai ao banheiro e ao voltar vê o irmão pequeno de Paulo em sua frente.
- E aii guri.
- Mandaram te entregar.

"Me encontre no jardim do lado sul da casa.
                         A"

Ana olha para mesa onde estava com Allan e nota que ele não estava lá, então ela fica feliz ao ver que ele queria encontrá-la à sós, mas quando ela chega no jardim, não havia ninguém lá.
De repente, alguém põe a mão na boca dela e Ana se agita.

- Eu mandaria um torpedo, mas acho que você só viria se fosse aquele anêmico te chamando. Allan, né? - Carlos pergunta enquanto segura Ana que tentava se soltar. - Eu só quero conversar com você. Será que consegue me dar um minuto? Ana só conseguia pensar que já o tinha denunciado e imaginava que loucura ele faria com ela. Pavor toma conta e ela começa a chorar. Ela tenta gritar e se soltar, enquanto Carlos insiste para que ela fique quieta. Depois de lutar sem sucesso, Ana se rende e Carlos começa a falar.

- Eu sei que eu não te tratei como você merece. Deixei muito a desejar, mas escuta. Eu sinto muito. Eu passei essas últimas noite com insônia, dor no peito e era saudade de você. - ele estende os braços mostrando os cortes que fez.

Ana põe a mão na boca e sente uma dor por ele.

- Eu não sei mais viver sem você, Ana. Esses dias me mostraram que eu prefiro morrer sem te ter comigo. Por favor, volta pra mim. Eu prometo te tratar como uma deusa, porquê você é tudo pra mim. Você acredita em mim e eu preciso disso.

Carlos parecia ser sincero e Ana queria acreditar naquelas palavras, mas ela sabia que viver medo não fazia parte de uma relação saudável. Ela vivia assim com ele.

- Eu sinto muito, Carlos. Eu nunca quis te ver assim.
- Então volta pra mim. - ele implora com lágrimas nos olhos fazendo Ana lagrimar também.

Ela olhava para o lado com o olhar sofrido, ela não podia voltar, ela não queria voltar.

- Não posso.
- Porquê? Você me ama, Ana. Eu te amo. O que pode nos impedir?
- Seu tipo de amor.
- Mas eu morreria por você.
- Precisamos nos afastar, Carlos. Por favor, não piore as coisas... - ela diz dando uns passos para voltar à festa, mas Carlos segura forte seu braço.
- Não piorar as coisas?! Você estragou minha vida, garota! - ele grita jogando-a no chão e ficando em cima dela - Você vai retirar essa queixa. Vai dizer que foi loucura.
- Você que é louco!

Carlos começa a estapear o rosto dela e Ana começa a gritar. Carlos perde o controle e começa a dar socos em Ana, mas alguns convidados escutam os gritos apesar do som alto e correm para tirar Carlos de cima dela. Ela se levanta do chão com sangue na boca e eles começam a esmurrá-lo enquanto o xingam e gritam.

- Tá batendo em garota, seu vagabundo?!

Em alguns segundos, todos estavam no jardim e os amigos de Ana também. Quando ela vê, vários meninos chutavam Carlos no chão e ela começa a pedir para eles pararem. Ao ouvirem que era Carlos que estava sendo agredido, os amigos de Ana se apressam para encontrá-la.

- O Carlos está aqui mesmo?! - Rafael pergunta e Ana faz que sim.
- Porquê ele fez isso?! Meu Deus! - Raquel se aproxima em lágrimas da amiga para abraçá-la.
- Ele fez isso com você?! - Allan pergunta à Ana.

Em um impulso de raiva, ele vai até Carlos para socá-lo também junto com Paulo, mas vê que estava quase desacordado e apenas o segura pela gola da camisa.

- Fica bem acordado, seu verme! Você vai pra cadeia, onde é o teu lugar!

Paulo e os meninos em volta cospem nele e Rafael liga pra polícia.

Já algemado, Carlos é escoltado por um policial para ter a última conversa com Ana.

- Você disse que me amava e faz isso comigo.
- Eu te amava, mas isso é culpa sua. Você podia ter ficado longe. 
- Porquê eu te amo!
- Você sentia prazer na minha dor, Carlos.
- Desde que te vi fazendo aquela cena, me apaixonei por seu olhar, mas me enganei ao pensar que você saberia ser uma boa namorada, apesar de eu dar tudo o que você queria.
- Tem um monte de cara por aí igual a você. Que acha que a mulher é sua propriedade. E um monte de mulher como eu que acha que precisa aceitar isso. Eu não estou sozinha. Eu tenho quem me ama de verdade, não preciso de você dizendo que me ama enquanto me agride. Por muito tempo você dominou minha mente, mas isso acabou.
- Você não valorizou tudo que eu fiz por você. Nunca vai achar alguém como eu.
- Eu realmente, espero que não. - Ana diz com firmeza.

Logo em seguida, faz sinal para que o policial leve Carlos embora, então os amigos de Ana se aproximam.

- Acabou, tá? Ele não vai mais te machucar. - Rafael diz a Ana abraçando-o.
- Eu sinto muito, amiga. - Raquel diz em prato e abraçando Ana também -, mas acabou.
- Aquele doente vai ter o que merece. - Paulo afirma sem entrar no abraço.

Quando Rafa e Raquel a soltam Ana, Allan se aproxima e diz segurando as lágrimas.

- Quando eu ouvi que ele estava aqui, tive medo de não chegar a tempo.
- Mas chegaram.
- Ainda bem que acabou e você está bem. Eu não surportaria se ele tivesse lhe...

Ana apenas concorda com a cabeça e lágrimas brotam em seus olhos ao imaginar o que podia ter acontecido.

- Desculpa, eu não...

Ana o abraça.

- Obrigada. Por tudo.

Do Teatro Para a RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora