Acordamos com a ligação do hospital, já que fomos dormir na casa da Lari passamos seu número de casa, meu pai iria tomar alta em duas horas, então fomos para casa tomamos um banho e o pai da Lari nos levou para buscá- lo, o caminho foi bem silencioso, nenhuma de nós estava pronta para os dias que seguiriam, não estávamos prontas para ver meu pai partir, não queríamos vê- lo sofrer.
Ao chegarmos no hospital, o enfermeiro vem trazendo meu pai na cadeira de rodas, sei que é norma fazer isso, mas doeu ver ele assim, o levamos para casa e o colocamos deitado, não demorou muito e ele acabou pegando no sono. Pedimos para Lari e sua mãe ficarem com ele por umas horas, pois agora a tarde teríamos uma reunião com a Modelos Quality e não poderíamos faltar! O pai da Lari mais uma vez fez questão de nos levar, já estávamos até nos sentindo constrangidas, afinal ele estava parecendo nosso chofer e não queria que ajudássemos com nada; conseguimos fechar um bom contrato com uma boa quantia em dinheiro, pelo menos vai nos manter seguras em relação a dinheiro por alguns meses, já me sinto mais aliviada, fiquei muito mais tranquila quando o senhor Carlos disse que por conta dos meus problemas pessoais com meu pai, não iria ser chamado por uns dois meses, que era para eu cuidar dele, sei bem porque fez isso, sua mãe morreu de câncer no cérebro a mais ou menos dois anos, ele ficou do lado dela o tempo que foi necessário, ele compreende o que estou passando e decidiu fazer essa cortesia por mim, fiquei tão feliz, nunca imaginei que isso iria acontecer comigo, e minha vida agora está uma montanha russa, momentos felizes e puxando atrás vem momentos de tristeza e angústia, como o que estou passando com meu pai. Ao chegarmos em casa as meninas vão embora, eu e minha mãe sentamos para conversar.
- Filha, amanhã você não irá a escola.
- Mas mãe já faltei hoje!
- Não se preocupe querida, suas notas são ótimas, um dia a mais não tem problema, vou precisar ir no centro resolver os papéis para receber o salário de seu pai.
- Ok mamãe irei ficar, vou aproveitar então para tentar criar uma nova coleção, dessa vez uma masculina.
- Isso, boa ideia minha filha, enquanto toma conta de seu pai, muito obrigada querida, sem você não sei o que seria de mim.
Ela me dá um beijo e nos abraçamos.
Voltamos a costurar e as meninas que nos ajudaram continuaram firmes, passei a lhes dar um valor, não era muito, mas era o que eu podia dar por enquanto, falei a elas que assim que a loja aumentasse seus lucros os salários subiriam junto, elas aceitaram e disseram que não tinham tanta pressa, afinal não são costureiras fixas minhas ainda, então elas continuam fazendo seus trabalhos por fora, então não me preocupei tanto.
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Os dias que se seguiram foram totalmente diferente de como estávamos acostumados, tivemos que nos adaptar com nossa nova rotina, eu ia para a escola de manhã, quando chegava tinha dias que eu e minha mãe ficávamos costurando juntas, outros nos alternávamos para ir com papai para o tratamento paleativo, tio Nícolas (pai da Lari) se ofereceu para levá- lo ao hospital, então já nos ajudou muito, só pelo fato de não ter que pegar ônibus com ele naquele estado já era maravilhoso, Lari e sua mãe ficaram responsáveis pela loja, elas são muito boas com vendas, nosso lucro só vem aumentando graças a Deus, estamos indo bem, passei a investir numa coleção masculina e a produzir os modelos femininos mas agora com mais tecidos diversificados, as pessoas tem vindo comprar de várias cidades vizinhas, até mesmo de cidade mais distantes, recebo várias propostas de pessoas que querem revender, recebi até uma proposta para abrir uma outra loja em outra cidade, o rapaz me ofereceu a sua própria loja e seus funcionários dissemos a ele que iríamos pensar, estou muito feliz, papai também está, por mais que passe quase o tempo todo vomitando e dormindo, ele as vezes me faz surpresa aparecendo derrepente em nosso ateliê, ele diz que sou uma menina talentosa e que tenho que seguir meu sonho, não devo desistir, que ele vai sempre estar olhando por mim, que tem muito orgulho de mim. Cada vez que o vejo me dá vontade de chorar, mas tenho que ser forte por ele! Então lhe dou um sorriso, um abraço e digo que o amo.
~~Os meses que se seguiram foram de muita tristeza e luta, meu pai ficava cada vez pior, cada vez mais fraco e a gente percebia que sua hora estava chegando.
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Hoje acordei atrasada, estou me arrumando igual um furacão para ir a escola, pois tenho prova ainda na primeira aula, termino de me arrumar, corro escovo meus dentes, dou tchau a todos e saio sem mesmo tomar café, precisava chegar o mais rápido possível, queria ter tempo de dar uma repassada na matéria, tanto dessa provas como das outras duas, sim, três provas no mesmo dia, é para deixar qualquer um louco! Saio de casa correndo, Lari já foi, em menos de dez minutos já estou na escola, corro para a sala e encontro minha amiga guardando um lugar para mim.- Aleluia! Pensei que não viria!
- Não poderia perder essas provas por nada! Afinal estamos na reta final para nos formarmos!
Revisamos a matéria e logo a professora chega e aplica a prova, nosso dia foi assim, cheio de tensão com as provas, após terminar a última iríamos sair mais cedo, levantei as mãos pros céus em agradecimento, juntamos nossas coisas e fomos, fomos o caminho falando sobre a loja, como o movimento estava forte, as pessoas realmente estavam necessitando dessa loja, pessoas como eu se sentem muito deslocadas, esquecidas ou até afastadas dessa sociedade, afinal nós os famosos gordos somos tratados como se fôssemos aberrações, mas não! Somos pessoas normais, temos sentimentos e sonhos, como qualquer outra pessoas, somos apenas acima do peso, sofremos muito com o padrão de beleza que essa sociedade podre onde vivemos impõem, então sim, precisamos um apoiar o outro, e acho que essa minha loja fez isso, roupas bonitas, bem feitas, pensadas em pessoas acima do peso com corte, não aqueles sacos que vendem nas outras lojas, que parecem que só cortaram os buracos para passar a cabeça e os braços, costuram dos lados e acabou, aquilo acaba com a auto estima de qualquer um! Fora os panos ridículos que colocam, como se já não bastasse a humilhação do saco.
Ao chegarmos próximas da minha casa, eu vejo uma ambulância passando por nós rapidamente com a sirene ligada, sinto uma sensação ruim, me desespero e saio correndo, quando vejo a ambulância para na porta de minha casa, já começo a chorar e volto a correr, vejo meu pai sendo levado na maca, está com um aparelho de respiração em seu rosto, ele quando me vê estende a mão e o tira, me aproximo e seguro em sua mão, os socorristas nos dão alguns minutos.
- Minha filha, coragem! Eu sempre estarei com você, nunca se esqueça disso. Eu te amo muito minha princesa, nunca deixe ninguém te dizer ao contrário pois é isso que você é, minha princesa guerreira.
- Eu também te amo muito meu pai, obrigada por tudo, o Senhor é muito valioso para mim, sem o senhor jamais teria me tornado o que sou agora.
Ele me dá um sorriso fraco e logo sua mão enfraquece soltando a minha.
- Pai! Por favor agora não! Ainda não estou pronta!
Os médicos me empurram para longe e começam a ressuscitação, colocam ele dentro da ambulância e vão rumo ao hospital, tudo passa em câmera lenta para mim, estou no chão em prantos, não sei o que fazer, estou atordoada, sinto a mão de alguém me puxando, quando olho é Lari, minha mãe já está dentro do carro do tio Nícolas, não consigo prestar atenção no que estão falando para mim, estou perdidas em meus pensamentos e sentimentos, só consigo ouvir a voz do meu pai, sou puxada e empurrada para dentro do carro, tio Nícolas dirige o mais rápido que pode em direção ao hospital, ao chegarmos lá os médicos já estavam nos esperando, infelizmente meu pai não resistiu, ele não aguentou, meu pai se foi, ele morreu! Todos começaram a chorar, eu estava em forma de transe, não esboçava nenhuma reação, não falava, só meu corpo estava ali, quando estava voltando a mim vejo minha mãe quase desmaiando nos braços de tio Nícolas, vejo Lari chorando e o tio segurando o choro, então a ficha começa a cair novamente, o choro e o aperto no coração voltam com tudo, as lágrimas começam a descer e começo a gritar meu pai, os médicos são obrigados a trazer uns calmantes para nós, pois estávamos impossíveis, nos sentamos e colocaram um enfermeiro para tomar conta de nós, quando o remédio fez efeito, eu pensei novamente em tudo, hoje não voltaremos para casa com meu pai, ele já não volta mais.
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julgada pela capa
ChickLitOlá, sou Alexia Montgomery, não se iluda com o sobrenome chique, pois venho de uma família pobre; sou uma pessoa legal! apesar da timidez; hoje sou formada em moda, empreendedorismo e gestão comercial, sou uma das estilistas e modelos mais famosas d...