Já se passou um ano desde a morte do meu pai, um ano difícil, de muita luta e superação, meu pai era o forte de mim e da minha mãe, não ter ele conosco é a coisa mais difícil que temos de aguentar, mas estamos levando, a loja está espandindo cada vez mais, abrimos filiais em outras cidades, agora a nossa loja do centro é loja e ateliê, contratei mais costureiras pois nossa demanda aumentou, estamos muito bem financeiramente, já fiz vários trabalhos de modelo, no mês que vem irei passar uma semana em São Paulo para a fashion week, estou muito animada! Pena que meu pai não está aqui para ver isso, gostaria de compartilhar essa vitória com ele, gostaria de ter feito isso antes, para tirá- lo daquele trabalho escravo e ele poder viver um pouco, descansar, aproveitar um pouco a vida com minha mãe; quem sabe ele não teria tido tempo de se cuidar mais e descobrir esse câncer antes? Mas infelizmente não tem como mudar o passado.
Eu e Lari estamos pensando em qual faculdade iremos ano que vem (terminamos a escola ano passado mas decidi que não iria entrar na faculdade logo em seguida pois precisava que a loja estivesse bem firmada para conseguir pagar, Lari disse que não iria sem mim, então decidimos tirar um ano de férias kkkk) como já está tudo certo então podemos voltar a pensar na segunda fase de nossa vida.
Agora estou no ateliê, estamos conversando e nos divertindo, eu e minha mãe agora, quase nunca ficamos em casa, é o dia todo com as meninas, as vezes estou criando e as vezes costurando, essas costureiras se tornaram parte de nossa família, a parte da venda fica mais com a Lari, ela que é a responsável pela loja, temos também outros vendedores, tivemos que contratar mais pois a mãe da Lari precisou sair, disse que não tinha mais pique para essas coisas, que preferia ficar em casa e deixar os negócios para a filha. Nós trabalhamos como se fôssemos uma família mesmo, unidos, todos que estão aqui são pessoas maravilhosas.
Estou a brincar com minha mãe quando Lari entra, com os olhos arregalados e uma carta na mão.
- O que houve Lari? Por que essa cara?
- Amiga chegou essa carta agora para você, é para comparecer quinta no fórum, pois tem uma audiência com o juiz, é algo sobre veredito final.
- Juiz? Mas como? Não me lembro de ter feito nada que me levasse a frente de juiz.
- É sobre um processo contra a loja dos Sanches.
- Ué, meu pai conseguiu dar entrada? Já nem lembrava mais.
- Eu lembro que seu pai tinha dito que iria, mas também não sabia que ele tinha ido.
- É pelo jeito ele foi e já está saindo o resultado do processo.
As meninas continuaram a conversar e eu fiquei perdida em meus pensamentos, meu pai, mesmo doente ainda teve forças de ir lá e me deixar mais essa benção, bem espero que saia como benção, afinal eu tenho todos os direitos sobre aqueles modelos, e creio que o juiz também verá isso.
- Amiga, não fica assim, Deus sabe de tudo, nada acontece se não for por permissão Dele.
- Eu sei, mas mesmo assim fico triste por não tê- lo mais aqui, sinto falta das suas palavras de consolo e correção, queria muito que ele estivesse aqui para me ver formando, me ver entrando na faculdade, quem sabe um dia casando, não vou tê- lo para me levar ao altar.
Meu olhos começam a marejar, Lari me abraça, um abraço de consolo, ela é uma amiga maravilhosa.
~~
Hoje não irei para a loja, eu e minha mãe iremos à audiência com o juiz, as duas estão apreensivas com esse encontro, a família Sanches também foi convocada.
Chegamos ao fórum e estamos esperando para sermos chamadas.
- Senhorita Montgomery?
- Sim, somos nós.
- Bom dia, me acompanhem por favor.
Entramos na sala e fui dirigida para a mesa do canto direito, minha mãe sentou nos bancos logo atrás. Uns dez minutos depois entra um rapaz de uns vinte e sete anos, cabelos escuros curto, mas com corte moderno, olhos verdes, que contrastavam muito bem com sua pele morena clara, tinha um corpo normal, mas dá para ver que frequenta academia. Ele sentou ao meu lado e começou a arrumar os papéis na mesa.
- Olá! Bom dia! Eu sou seu advogado, meu nome é Anderson, seu pai me procurou para cuidar do seu caso, tenho ótimas noticias, com todas as provas e evidências que teu pai me enviou, já posso dizer que nosso caso está ganho. A juíza que fará a audiência hoje também já está a par e pelo que me falou ela também disse que não tem o que a outra parte contestar.
- Ola! Bom dia! Muito obrigada, fico muito feliz com essa noticia. Para ser sincera nem sabia que meu pai tinha ido a frente com essa ideia de processá- los, descobri a dois dias atrás.
- Sério? Seu pai pelo jeito é muito bom de guardar segredos, falando nele, onde ele está? Gostaria de cumprimentá- lo, ele é uma pessoa maravilhosa!
- Pois é, então, infelizmente meu pai faleceu a um ano.
Ele me olhou assustado, incrédulo e envergonhado.
- Perdão, não sabia! Sinto muito, meus pêsames.
- Tudo bem, ele está melhor assim, ele estava sofrendo muito.
- Perdão por perguntar mas, por que ele morreu?
- TODOS DE PÉ PARA RECEBER A JUÍZA REBECA!
Levei um susto com o guarda falando, nos levantamos e respondi Dr. Anderson baixo.
- Ele estava com câncer.
Eu não tinha reparado que os Sanches já haviam chegado até aquele momento, nos sentamos novamente e o julgamento começou.
- Pelas evidências entregues, não temos muito o que fazer aqui; senhores Sanches, os senhores estão sendo acusados de furto, vandalismo, roubo de obra e falsa identidade artística. Por conta disso, terão que pagar 500 mil reais para a senhorita Montgomery e a filha de vocês está sendo acusada de ser cúmplice, então pagará um ano de trabalho comunitário.
- Senhora juíza, isso é um grande mal entendido! Os modelos são meus!
- Senhora Sanches! Se falar mais um vez sem permissão irá passar um mês na cadeia só para aprender a ter modos! E mais uma vez, pelas evidências está mais do que claro que os modelos são da senhorita Montgomery, temos fotos dela mesma vestindo as peças muito antes do seu desfile, e muito antes de sua loja ser vandalizada, essas fotos juntos com os rascunhos dos modelos são provas mais do que comprobatórias de que a autoria das peças é dela e não suas. Sendo assim, já dei minha sentença.
Ela bate o martelo e eu estou em um mix de alivio, felicidade, espanto e incredulidade, esse valor vai pagar a minha faculdade e da Lari e ainda vai dar para impulsionar minha loja! Isso é perfeito! Minha mãe me abraça, sorrimos e choramos juntas, não precisamos falar nada, sabemos o que a outra está a pensar, queríamos que ele estivesse ali para ver nossa vitória, ele ficaria tão orgulhoso e feliz! Sem ele jamais teríamos conseguido isso.
Vamos saindo do tribunal, os Sanches ainda estão la sentados, abalados com o que aconteceu, acostumados a sempre terem tudo e sempre serem os beneficiados, dessa vez eles saíram por baixo, eles nos olham com ódio mas ao mesmo tempo consigo ver uma pontada de respeito, acho que esses aí nunca mais irão roubar ou mexer com mais nada de ninguém.
Quando já estamos na porta para ir embora escuto alguém a me gritar.
- Senhorita Alexa! Por favor espere!
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julgada pela capa
ChickLitOlá, sou Alexia Montgomery, não se iluda com o sobrenome chique, pois venho de uma família pobre; sou uma pessoa legal! apesar da timidez; hoje sou formada em moda, empreendedorismo e gestão comercial, sou uma das estilistas e modelos mais famosas d...