Capítulo 1: Como tudo começou.

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ESTE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHO - RELACIONAMENTO ABUSIVO. (violência e assédio)



Taeyong e Doyoung trabalhavam calmamente durante uma tarde ensolarada de sexta-feira. A cafeteria aconchegante estava um tanto movimentada, mas nada que os garotos não pudessem lidar bem com a ajuda da gerente. Taeyong anotava os pedidos e Doyoung preparava as bebidas, e pela correria, ambos não estavam conseguindo conversar como de costume. Ao fim do expediente, a cafeteria foi fechada e o trio se dividiu para limpar o chão, as mesas, maquinas e balcões, revisar os produtos e fechar o caixa.

— Finalmente!! Não aguentava mais... - confessou o Lee deixando um suspiro cansado sair.

— Hoje foi um dia cheio. Parabéns rapazes. O que acham de irmos jantar? - perguntou a chefe.

— Faz um tempo que não fazemos isso! Eu adoraria! - expressou um Taeyong sorridente.

— Pra isso você não está cansado né? - ela riu se virando para o Kim. - E você, Doyoung? Vamos?

— Ah eu to muito cansado pra isso... melhor eu ir pra casa...

— Ah não, Doyah~ vamos vamos vamos. Eu pago uma cerveja pra você!!

— Hmmm só uma cerveja?

— Eu pago frango frito pros dois... - disse a gerente na tentativa de persuadir o Kim.

— Vamos, Dodo!!

— Está bem. Eu vou.

A dupla comemorou e assim os três se trocaram e saíram da cafeteria, rumo ao restaurante. Doyoung pegou seu celular e enviou uma mensagem ao seu namorado antes que este desconfiasse de seu atraso.

"Boa noite. Vou chegar mais tarde dessa vez. Tenho um jantar do trabalho. Chego antes das 23."

O garoto nem se preocupava mais com apelidos fofos ou coisa do tipo, já fazia um tempo que estava tentando terminar seu namoro. Odiava a prisão que vivia nas mãos daquele homem, mas como toda prisão, não estava sendo fácil se livrar das algemas que o prendiam.

Chegando no restaurante, o grupo de colegas e amigos escolheu uma mesa e começou a beber e comer enquanto conversavam sobre tudo. Um pouco alterado, Doyoung desabafou sobre seu namoro e buscava encontrar maneiras seguras de romper o relacionamento que já não era o mesmo de anos atrás. O tempo passou e o alarme marcando 22:30 tocou. O Kim se despediu da dupla que continuaria ali por mais um tempo e chamou um uber que o levou seguramente até em casa. Cumprimentou o porteiro, subiu no elevador e digitou a senha na porta de casa. Entrou tirando os sapatos, os deixando no canto, e trancou a porta antes de passar pelo corredor e ir ate a cozinha. A casa estava escura e silenciosa, o que já era normal e até da preferencia do moreno. Significava que não precisaria ficar conversando com o parceiro. Enquanto tomava sua água, o som de passos se tornou mais alto, indicando a aproximação de alguém.

— Onde você estava?

— KFC.

— Com quem?

— Taeyong e Jaehee.

— Fazendo?

— Comendo e bebendo. Algum problema?

— Não passou pela sua cabeça que eu estaria em casa e com fome?

O homem se aproximava a cada pergunta e resposta dada.

— Passou sim, Jaehyun. Por isso temos comida nos potes e dinheiro guardado. Além disso, eu avisei que chegaria tarde e já teria jantado. Você visualizou a mensagem.

Dongyoung enxaguou o copo e o colocou para secar antes de se virar e ter as mãos fortes agarrando sua cintura e o rosto alheio cheirando seu pescoço.

— Eu já mandei você não ficar de agarramento com o Lee, não mandei?

— Mas nós não - a falta de ar começou a se fazer presente ao que a mão de Jaehyun abandonou a cintura de Doyoung e passou a envolver seu pescoço.

— Você é uma putinha de baixa qualidade, Kim... quer dizer que você bebe e da para vários caras? Seja honesto... você gosta de ser usado e descartado, não é?

Jaehyun passou a abrir as roupas alheias e apalpar o corpo do Kim com força, mas o garoto já não suportava mais.

— Não.  - Dessa vez não abaixaria a cabeça e seria usado pelo Jung. - E não serei mais usado por você.

Talvez fosse o álcool controlando seu corpo quando o garoto segurou a mão em seu pescoço e encarou o homem a sua frente.

— Desde quando você tem permissão para me tocar? - e assim Yoonoh desferiu um tapa forte na face do coreano. - Saiba seu lugar, Doyoung.

— Yoonoh, saia da minha casa.

— Sua?

— Minha. Sai. Eu não vou mais tolerar que você me trate como sua propriedade...

As coisas não saíram nada conforme o planejado. Jaehyun enlouqueceu o suficiente para desferir socos e chutes, passando a destruir o máximo possível da mobilha do apartamento. Os barulhos de moveis sendo jogados, vozes altas e vidro sendo quebrado chamavam a atenção mesmo a andares de distância. Contudo, nenhum vizinho parecia querer intervir, restando a Doyoung rezar para sair vivo. Após tanto tempo de angustia, Yoonoh pareceu satisfeito observando o estado que estava o apartamento, sem nem perceber que o proprietário do local já nem estava mais la.

A policia havia sido acionada e o Kim se encontrava em um motel barato onde passaria a noite. Naquele lugar de tons apagados e luz fraca, Doyoung cuidou de suas feridas e adormeceu exausto. Se consolava com o fato de que estava vivo, de que o fim de seu inferno particular se aproximava e se orgulhava de não ter se calado mais uma vez. Agora tudo mudaria para ele. O que lhe restava era ser positivo, esperançoso e perseverante.

Another Lonely Night.Onde histórias criam vida. Descubra agora