"Digo, o real não está na saída nem na chegada,
ele se dispõe para a gente é no meio da travessia..."
Guimarães Rosa
Escondida entre montanhas e uma floresta muita densa se encontrava a pequena vila de Arbus. Ela não era conhecida entre as províncias ao redor fazendo que apenas um seleto número de pessoas soubesse sua localização. Não que os moradores reclamassem sobre isso. Na verdade, se sentiam em extremo alívio. De fato, para os que ali habitavam a "não existência" da vila nos mapas era um motivo alivio. O mundo era bastante perigoso, certamente, e escondidos não chamariam a atenção de ninguém; sendo humanos ou não.
Então, cada vez que alguém conseguia não somente achar o lugar como passar pelas barreiras de proteção um medo assolava as pessoas de lá. Medo estúpido, muitos pensariam, entretanto, não se deve rir de um pássaro engaiolado que tem medo de voar. Ele aprendeu a ficar ali, preso, e tudo fora dos limites de seu habitat lhe amedronta, mesmo que muitas vezes não tenha o que temer.
Entretanto, por mais singular que aquela população seja, eles ainda gostavam de se divertir. E aquela certamente era uma noite para celebrar! Na taverna do senhor Ermar — que, diga-se de passagem, se orgulhava por contrabandear bebida alcoólica para a cidade sem nunca ter sido pego — uma animação gigantesca tomava conta de todos já que Herbis, seu filho, comemorava seu casamento com Yandra, uma doce e bela jovem do vilarejo.
Músicos com suas gaitas e banjos animavam a população ainda mais, coisa que criava uma grande confusão já que a maioria encontrava-se alcoolizada desde antes de anoitecer.
Toda via, em meio a toda aquela bagunça, uma jovem de cabelos claros e portadora de um olhar gentil servia no balcão as pessoas com ternura. Ela não reclamava por não estar "participando" da festa, sentia-se aliviada, na verdade. Não era fã daquele tipo de comemoração, não fora criada para ser, e, além disso, seu humor não estava dos melhores naquele dia.
Possuidora de longas madeixas brancas com uma franja sendo presa por uma fita preta acima do rosto, Mirajane, ou Mira como alguns se atreviam a chamar, é uma jovem de olhos azuis, corpo esbelto e seios fartos que trabalhava na taberna. A jovem sempre foi conhecida por sua bondade e beleza, e por mais que não fosse da vila e sua aparição lá ainda fosse um mistério, já que a mesma não falava do seu passado, foi aceita como moradora, mesmo que muitos ainda a temessem.
Com seu vestido cotidiano e amado (vermelho, sem mangas e contendo um laço rosa na altura do busto), Mirajane servia todos enquanto observava tudo o que acontecia ao redor. Logicamente, com comida e bebida sem nenhum custo as pessoas ali festejavam como se não houvesse amanhã. Não era de conhecimento de ninguém ainda, entretanto, quando a festa terminasse e os indivíduos "apagassem" ela iria embora dali. O pensamento de que estava perdendo muito tempo naquele lugar era constante e não queria prolongar mais sua estadia ali.
Estava secando alguns copos quando, em meio a uma de suas observações do ambiente, pode ver de relance uma movimentação estranha próxima à entrada do estabelecimento. Algumas pessoas próximas pareciam tensas e um círculo humano estava sendo formado no local. Suspirou longamente e com passos rápidos foi averiguar o que estava acontecendo.
Duas pessoas, cujas identidades não eram conhecidas por conta de longas capas pretas com detalhes em branco, estavam sendo rodeadas por homens nem um pouco contentes pelas presenças ali. O maior dos encapuzados dava suporte para o menor deles enquanto sete homens os rodeavam já prontos para briga.
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Sublime
Fantasy* CAPA TEMPORÁRIA* Sete jovens tiveram suas vidas drasticamente mudadas ao ajudarem um amor que não deveria existir, ocasionando, eventualmente, num colapso no tão soberano reino de Fiore. Pecados como aquele deveriam ser pagos eternamente, pois amo...