“Portugal, aqui vamos nós!” Louis sorriu quando entrámos para o carro que nos ia levar para o aeroporto. Os rapazes estavam todos inquietos e faladores, estavam super animados para os próximos dias. Eu tinha que admitir que também estava muito animada, eu sempre quis ir a Portugal. Eu, simplesmente, não estava com muita atenção para a longa viagem que se ia realizar, especialmente, sabendo que eles estavam a ocultar-me os principais segredos.
“Quantos concertos é que vão fazer aí?” Perguntei durante uma pausa da conversa.
“Não faço ideia.” Harry riu.
“Então nós temos duas semanas de férias antes da tour europeia.” Niall disse emocionado por estar duas semanas sem fazer nada. Essa frase formou três conversas paralelas, então optei por olhar para a janela e ver o trânsito.
Ainda não podia acreditar que tudo isto aconteceu em três anos. As pessoas iriam falar dos One Direction e que eu iria ter inúmeros acontecimentos para recordar. É horrível ter um ponto branco em três anos da minha vida. Eu conseguia lembrar-me de tudo até aos 15 anos mas de resto… era como se fosse apagado. O último dia que me lembro é um dia normal dia de aulas. Cheguei a casa e fiquei irritada com as minhas irmãs. Eu tinha gozado com o Louis sobre a roupa que ele tinha escolhido e Stan gozou comigo por causa dos rapazes da escola. Era um dia típico e a última coisa que eu me consigo lembrar foi de ir dormir. O meu cérebro está livre de recordações desde esse momento. Eu, simplesmente, não conseguia.
“Porque é que aquela menina está vestida de cenoura?” Perguntei quando chegámos ao aeroporto. As fãs estavam todas à volta do carro.
“Louis gosta de raparigas que gostam de cenouras.” Zayn sorriu enquanto Louis revirava os olhos.
“Durante os Video Diaries do X Factor, perguntaram-nos o que gostávamos nas raparigas. Eu disse que gostava de raparigas que gostavam de cenouras e desde aí tudo ficou assim.” Louis era o único que parecia não se divertir com a situação.
“Ó meu Deus.” Suspirei, embora eu estivesse um pouco divertida com a situação. O carro parou e os seguranças apareceram. Os rapazes arrastaram-se para fora do carro, seguindo o Paul com a exceção de Niall. Niall queria ajudar-me enquanto os seguranças preparavam a cadeira de rodas. Eu mal posso esperar para ter aquelas muletas. Niall sorriu para mim dando-me o braço para me apoiar. Ele riu-se quando me sentei na cadeira. Mostrei-lhe a língua quando ele se posicionou atrás de mim e me começou a empurrar, seguindo os rapazes. Decidi arriscar a começar a questioná-lo. “Porque é que és tão bom e cuidadoso comigo, Niall?”
“Hmm… o que é que queres dizer com isso?” Eu não o conseguia ver visto que ele me estava a empurrar mas eu podia ouvir algo… diferente na sua voz.
“Tu insistes em empurrar-me, tu esperas por mim para sair do carro… tu cuidas de mim. Porquê?”
“Podes não te lembrar mas nós éramos muito próximos.” Ele disse muito calmamente, indo em direção aos rapazes.
“Então, tu és como um irmão para mim?” Mal as palavras me saíram da boca, arrependi-me de as dizer. Eu não tinha a certeza do porquê mas a pergunta parecia ser escusada.
“Hmm…”
“Mais rápido pessoal.” Um dos seguranças comentou atrás de nós. Foi aí que percebi que Louis e os outros estavam muito mais à frente de nós. Niall ficou calado, acelerando um pouco. Por fim, chegámos ao local. Fizemos o mesmo de sempre, eles verificaram as nossas malas e passámos pelo detetor de metais e logo conseguimos passar pelos fãs e pelos fotógrafos. Eu estava grata por isso, considerando que os flashes e os gritos não eram exatamente um simples passeio num parque.
“Daqui a sete horas até poder beber algo outra vez.” Niall sorriu quando todos fomos para a primeira classe. Graças à minha lesão, eu tenho mais espaço para as pernas. Louis foi para um lado, Niall para outro. Harry, Liam e Zayn foram para trás de nós.
“Eu já posso beber…” Percebi esse fato. Eu ainda não estava acostumada com o “Eu tenho 18 anos e não 15.”
“Cassie…” Louis começou. Eu esperava que fosse fazer uma palestra completa de que eu não poderia beber, etc etc. “Certifica-te apenas se estás com algum de nós quando começares a beber, é que embebedaste muito rápido.”
“True Story. Uma vez saímos todos em Londres e tu estavas convencida que tinhas uma gémea perdida chamada Samantha.” Harry riu-se assim como todos os outros. “E ainda só tinhas bebido duas cervejas.”
“Perfeito.” Murmurei, não muito divertida. Eu sei que não era razão para isso mas fiquei de mau humor. Estava a ficar cansada de estar doente e de não saber tudo o que fiz. Eu não deveria estar, eu sei. Eles apenas me estavam a tentar ajudar mas eles não sabem como é frustrante não me lembrar de nada. Uma única memoria que seja. Isto era tudo o que eu podia guardar dos últimos três anos. Todos eles pareciam ter percebido a minha mudança de humor e compartilharam de novo um olhar. O que é que foi agora? Senti-me isolado com tudo o que estava a acontecer. Eu neste momento era um fardo para eles.