ᴡʜᴀᴛ ɢᴏᴇs ᴀʀᴏᴜɴᴅ ᴄᴏᴍᴇs ᴀʀᴏᴜɴᴅ - Capítulo 18
“Cassie!” A voz percorreu a minha mente enquanto eu estava sentada a tremer no sofá.
Vacilei quando uma mão descansou no meu ombro. Eu estava bastante trémula, olhei para a minha mãe e para o Louis que agora estavam sentados ao meu lado. Ambos tinham expressões de quem estava assustado. Lágrimas formaram-se nos meus olhos, caíram pelo meu rosto e pingaram na minha camisa. A memória do acidente estava bem fresca na minha mente. O batimento do camião. O vidro a partir.
A voz do Niall a gritar através do telemóvel.
“Querida, diz-nos o que se passa. Por favor.” A mãe implorou.
“Acidente.” Murmurei.
A sala ficou em silêncio enquanto a minha família tentava descobrir o que aquilo significava. Ouvi a porta da frente a abrir e os meus olhos focaram-se na porta. Quando vi quem era, saltei para fora do sofá e corri para os braços dele. As lágrimas corriam mais rápido enquanto me agarrava a ele. A mão dele foi logo para as minhas costas.
“Calma, Cassie, está tudo bem. Está tudo bem. O que aconteceu?” Niall disse baixinho perto do meu ouvido.
“Desculpa por teres ouvido. Por teres ouvido tudo. Desculpa.”
“O quê... Lembraste-te?” A voz do Niall estava confusa.
“Foi horrível.” Disse antes de me afastar do Niall. Sentei-me no sofá, olhando para as mãos tentando parar as lágrimas.
“É a única coisa que te lembras?” Louis perguntou, esperançoso. Balancei a cabeça. “Está tudo bem. Tu estás bem agora. Estamos todos bem.”
“Porque é que não sobes e te deitas um bocado?” A mãe sugeriu e eu decidi aceitar o conselho.
Não que eu seja capaz de dormir. Eu sabia que as imagens do acidente não iriam sair dos meus pensamentos, assim tão cedo.
“Precisas de alguma coisa?” A mãe perguntou umas quatro horas depois enquanto descíamos as escadas.
Eu balancei a cabeça com firmeza. “Podemos não falar sobre isto?”
“Claro, palavra de mãe.” Ela sorriu quando chegámos ao fim das escadas.
Uma rapariga loira e uma morena estavam em pé na sala de estar. A loira estava abraçada ao Louis. A morena era-me familiar, conheci-a em Lisboa. Harry também estava lá, com as mãos à volta da cintura dela e com o seu queixo no ombro dela. Todos olharam para mim como se estivéssemos a conversar, incluindo Niall.
“Cassie! Que bom ver-te de novo.” A morena que estava com o Harry disse enquanto sorria e veio abraçar-me.
“Olá, Samantha.” Sorri para ela.
Louis agarrou na mão da loira e praticamente a arrastou até mim, o seu sorriso era enorme. “Cassie, esta é a minha namorada, Elizabeth.”
“Olá Cassie.” Elizabeth disse. Deve ser estranho para ela, visto que já a conheci uma vez.
“Olá, prazer em conhecer-te! Novamente, acho eu.” Respondi hesitante.
“Ok, precisamos de tempo de raparigas. Louis vai buscar-nos qualquer coisa para beber. Harry e Niall, vocês vão ajudá-lo.” Elizabeth disse enquanto colocava os braços à minha volta e de Samantha.
Louis resmungou baixinho mas foi para a cozinha, Niall e Harry seguiram-no como cachorrinhos de castigo.
“Wow, dominas os rapazes.” Brinquei levemente enquanto nos sentávamos no sofá.
“Eles fazem sempre aquilo que pedimos. Somos muito mimadas e nós amamos isso.” Samantha piscou-me o olho e eu sorri.
Eu poderia dizer que estava, definitivamente, a gostar destas raparigas.
“Como é que correu ontem o jantar, com todos?” Josh perguntou, enquanto bebíamos o nosso chocolate quente.
“Correu bem. Foi por isso que te chamei.” As minhas mãos brincavam com o copo, recusando-me a olhar para Josh.
“Queres falar sobre isso? Não és obrigada se não quiseres, mas se quiseres desabafar com alguém, eu vou ouvir.”
“É só que, ontem à noite no jantar, todos estávamos a brincar. Estava a ser perfeito até que alguém acidentalmente menciona algo que aconteceu nos últimos três anos. Todos se calaram antes de alguém mudar de assuntos. Eles todos olharam para mim. A verdade é que eu não vou explicar se alguém mencionar algo que aconteceu desde que perdi a memória.” Disse, parando apenas para respirar.
“Eles não sabem como agir quando estás por perto, não querem que tu te escondas, afinal não sabes a maior parte das coisas.” Josh disse.
“Eu sei. Já te disse que lembrei-me de uma coisa, ontem?” O seu rosto transformou-se numa expressão de felicidade enquanto balançava a cabeça. “Lembrei-me do acidente. De todas as memórias que podia vir a lembrar-me durante estes três anos, lembrei-me do acidente.” Eu sorri amargamente. “Foi horrível. A minha memória começa a aparecer enquanto eu andava no táxi e quando ele parou, eu apaguei. Incomoda-me muito mais do que eu pensava. A última lembrança que eu tive; senti-me como se estivesse a ver TV. Mas esta foi estupidamente real.”
“Acontece. Não podes comparar as lembranças com a TV. Eu sei que deve ser difícil fazer isso, eu próprio sei que não era capaz de o fazer… especialmente com a tua facilidade. Basta lembrares-te que ninguém espera que sejas perfeita.” Josh consolou-me, a sua mão agarrou a minha. Ele mostrou-me o seu sorriso brilhante e eu senti-me um pouco melhor.
“Mas Josh… e se eu nunca me lembrar? Estou com medo que a minha memória nunca mais volte. Vou lembrar-me do desenho que o Harry fez ao Louis com um marcador e vou lembrar-me do acidente que mudou a minha vida. Eu acho que não consigo continuar apenas com estas duas memórias. Mas e se nunca mais volta? E se eu não me lembrar de nada? Não posso passar a vida com uma falha de três anos…”
“Vamos esperar o melhor. Tu és uma rapariga forte, eu sei que vais ser superior a isso e eu vou estar aqui para te ajudar. Estou sempre a uma chamada de distância!” Os seus olhos perfuraram os meus.
Senti pequenas borboletas no estômago. “Tens razão.”
