O vazio do quarto me assusta
não pela solidão que me remete
mas pela dor
que a sua ausência me reflete
essas quatro paredes
apesar de distantes umas das outras
parecem próximas o bastante
para me sufocar
o tique-taque do relógio
não me incomoda
cada vez que o barulho surge
é menos um segundo
que preciso aguentar longe de você
percebo que torço
para que as horas passem correndo
só pra estar em seus braços novamente
e somente quando estamos juntos
essa ânsia pra hora correr
desaparece
é que quando estou em seus braços
desejo que o relógio pare
o tempo congele
e todas as pessoas nos esqueçam
para que a gente possa ficar
apenas
vivendo
um
no outro.
*Acordei com os barulhos insuportáveis que a minha mãe fazia na cozinha. O que há de errado com ela? Quem acorda 7h da manhã para fazer faxina?
— Mãe! — Gritei alto o bastante para que ela pudesse ouvir. — Eu quero dormir! — Completei.
Seus passos se aproximando da porta fizeram com que eu me arrependesse de ter revelado que estou acordado, agora ela vai querer bater papo enquanto eu apenas queria voltar a dormir em paz.
— Que bom que você acordou. — E teria como não acordar? Os barulhos eram tão altos que devem ter acordado até quem já morreu. — Preciso da sua ajuda. — Completou, abrindo as cortinas, fazendo com que os raios solares quase me deixassem cego.
— Pode precisar da minha ajuda daqui há duas horas e meia? — Perguntei, me cobrindo até a cabeça e fechando os olhos.
— Não, Harry. — Puxou o edredom e olhou para mim. — Sua irmã está vindo nos visitar. Temos que preparar algo. — Revirei os olhos. Eu realmente queria vê-la, mas o fato da minha mãe sempre querer preparar uma "surpresa" pra ela, me irrita um pouco. Não é como se Gemma morasse em outro país, ela apenas mora em outra cidade.
— Sozinha? — Ergui uma sobrancelha, lembrando que da última vez ela trouxe um namorado que não fez nada além de comer toda a nossa comida e tirar minha paciência.
— Não. — Respirou fundo. — Desmond também virá. — Completou, me fazendo arregalar os olhos. Não acredito que ele vai ter a audácia de aparecer aqui.
— Por que esse velho vai vir aqui? — Cruzei os braços e sentei na cama. Eu nunca vou esquecer o que ele me disse antes de partir.
— Respeito, Harry, ele é seu pai. — O argumento dela pra tentar defende-lo é completamente inválido e eu vou explicar o porquê.
— "Quando você virar homem, eu volto a ser seu pai" "Isso é só uma fase, você gostava só de meninas quando era criança" — Imitei sua voz tosca e minha mãe apenas abaixou a cabeça. Ela não costuma passar pano pra ele, não entendo porque, de repente, decidiu lhe dar uma nova chance.
— Ele se arrependeu, Harry. Quer recuperar o tempo perdido. — Eu sei que ela quer se convencer disso porque nada no mundo, faria Anne mais feliz do que ver sua família reunida, mas eu não confio nele.
— Onde ele esteve quando o pai de Theodore veio aqui? — Sem reparar, subi um pouco o tom de voz. Eu não consigo falar sobre ele sem me exaltar. — Era pro meu pai me defender, porra! Eu só tinha quinze anos. — Algumas lágrimas começaram a escorrer e ela tentou secar, mas eu virei o rosto.
— Querido... — Me abraçou e passou a mão pelos meus cabelos bagunçados. — Só pense a respeito, tudo bem? Eles só chegarão mais tarde, se você não quiser vê-lo, não o deixarei entrar. — Completou e eu assenti com a cabeça. Eu não quero ver Desmond.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Azul da cor do mar
FanfictionMeus planos para esse ano, sem dúvidas, não envolviam uma paixão ardente por um garoto desconhecido na praia, mas qualquer um que tivesse a chance de vê-lo como eu vi, acabaria se apaixonando também. Louis é arte, e eu, sou fascinado por tudo transm...