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A floresta estava fria, os ventos de outono batiam com força contra a pele coberta por tecidos dos mais caros e requintados do país, os pés estavam cansados da caminhada longa. Dias haviam se passado, a comida estava prestes a acabar e o homem já não sabia mais o que fazer. "Maldita seja aquela raposa" murmurou ao vento que levou a mensagem de seus lábios para longe.

Ao leste se foi ouvido o grasnar de um corvo e os olhos escuros se encheram de esperança, olhando entre as árvores e logo correndo em direção ao ruído; usando o resto de forças que ainda possuía.

— YATA, ME ESPERA! KIHYUN! — Gritou ao amigo, sabia que aquele corvo havia sido enviado por ele, não lembrava mais a direção que lhe fora indicada em frente ao palácio na noite em que fugiu. Aquele animal estava ali para indicar o caminho. Um doce presente do destino.

— Seu pássaro idiota... — Parou ofegante ao sentir o cheiro de maresia, Yoo Kihyun pagaria caro por aquilo.

—Mãos na cabeça. — Sentiu o metal frio da espada ser apoiado em seu ombro, com o fio próximo demais de seu pescoço. — EU DISSE MÃOS NA CABEÇA! — O chute na parte de trás das pernas, já fracas, o fizeram cair de joelhos. Suspirou antes de subir os dígitos e cruzar os dedos atrás dos fios negros. Subiu o olhar até encontrar os olhos incisivos o encarando de cima, a espada ainda contra seu pescoço possuía entalhes por todo o fio, mostrando que não era uma arma qualquer. — Olha só o que achei, está longe de casa príncipe Jooheon.

—E você, quem é mesmo? — Levantou uma sobrancelha com o sorriso desafiador no rosto, o formigar constante no estômago, a raposa estava no comando agora.

—Idiota. — E o soco foi bem dado, com o cabo da katana se chocando contra o rosto bonito, fazendo-o desmaiar instantaneamente. Lee Jooheon dormiu como um bebê ao ser arrastado pelos soldados do rei até o palácio. O conde se mostrou orgulhoso do seu achado, afinal, não é todo dia que o príncipe do rei adversário é capturado e entregue de bandeja. O reino estaria em festa naquela noite.

[...]

— Jimin? — O olhar, perdido em algum lugar ao fim do cômodo, se voltou para a porta por onde entrava o corpo bonito de Kim Namjoon. Os cabelos dourados, sempre impecáveis, reluzindo contra a luz vermelha das luminárias a gás e nossa, como Jimin amava aquele cabelo loiro. — Como se sente? E a dor de cabeça? — Ele veio a passos lentos colocando um pergaminho sobre a mesa de madeira repleta de toalhas em rolos e sorriu, ficando de joelhos atrás da banheira, as mãos grandes e fortes indo até os ombros musculosos do Park, iniciando uma massagem relaxante.

—Um pouco melhor, os remédios que o Youngjae me deu estão ajudando. — Fechou os olhos, aproveitando os toques que removiam a tensão de seus ombros. Tombou a cabeça para trás e a virou de lado, encarando os olhos que para todos pareciam gélidos, mas que para ele eram carinhosos e receptivos. Namjoon lhe passava segurança. — Vai entrar ou só ficar olhando? — Sussurrou baixinho antes de morder o lábio inferior, mirando os do homem à sua frente.

— Se eu entrar, não sairemos daqui tão cedo e banho vai ser a última coisa que vamos fazer. — Sorriu aproximando os rostos um pouco mais, retribuindo o fitar nos lábios, os do Park eram realmente uma tentação.

— Ótimo então. — Sorriu segurando o outro pelo pescoço e selando os lábios, que logo se abriram, mostrando-se famintos.

The Crow Between the Crowns Onde histórias criam vida. Descubra agora