Não esperava isso de você...

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Tudo aconteceu naquela fatídica noite de sábado, na festa do seu ex-melhor amigo. Havia uma garota legal, inocente, indefesa, feliz, mas tudo mudou quando seu dito melhor amigo a estuprou, e estava tão bêbado que nem se deu conta de quem era a garota. Ela era apaixonada por ele desde a infância, mas ela aprendeu a odiá-lo, aprendeu a odiar, uma coisa a qual ela mal sabia o significado até sentir na pele, sentir seu gosto e a sua presença. Aquela inocente garotinha... Era eu.

Chamo-me Panny Walter, e o idiota que fez isso comigo se chama Jake Peterson. Frequentamos a mesma escola, temos praticamente os mesmos laços de amizade, mas eu ainda o odeio e ele sente remorso.

Tudo aconteceu um ano atrás, eu tinha dezesseis anos...

Eu tive que insistir muito pro meu pai me deixar ir a festa que o Jake iria dar no sábado a noite. Mamãe e eu insistimos por três dias para que ele finalmente deixasse, mamãe lhe dizia que era só uma festa adolescente e que Jake estaria la para me proteger, quem dera eu soubesse que ele era o perigo. Ah papai se eu tivesse aceitado seu primeiro não...

Tomei banho e vesti um vestido verde-musgo que tinha uma fileira de botões na frente, fechando-o. Penteei meus cabelos que na época eram escuros, não querendo me gabar, mas eu tinha belos cabelos. Mamãe disse que eu estava linda, lhe lancei um sorriso e ouvi o barulho de buzina do lado de fora da minha casa, era o Jake. Me despedi dos meus pais e entrei em seu carro.

- Você está linda - ele disse.

- Valeu.

Perto de sua casa, ja dava para ouvir a música eletrônica da esquina, era óbvio que todos as pessoas do colégio estariam lá. Eu ja tinha avisado aos meus pais que provavelmente dormiria na casa de Jake. Éramos melhores amigos, fazíamos isso sempre.

A festa até poderia estar legal para as outras pessoas, mas não para mim, eu até conversei e dancei com algumas amigas da escola, mas depois de ver gente se drogando e fazendo sexo em qualquer lugar, resolvi que teria de dar o fora dali. Fui procurar o Jake, ele havia saído de perto de mim a cerca de uma hora. Encontrei-o numa rodinha de amigos, ele parecia bêbado e sabe-se lá o que mais.

- Jake, - gritei. - Jake. - Ele finalmente olhou para mim. - Já vou embora.

Ele estava fumando algo suspeito.

- Fique mais um pouco. Vem comigo gatinha.

Ele nunca havia me chamado assim, ele pegou a minha mão e saímos da grande sala de estar que abrigava a maioria da festa. Jake fedia a bebida e cigarro, Jake nunca havia sido um total idiota, pelo menos não comigo, até aquela noite. Será que ele não percebeu que era eu? Será que ele achava mesmo que eu era uma garota qualquer, e só percebeu quem eu era no outro dia? Eu não tinha ideia e também não queria saber, nunca mais. Já estávamos no corredor em direção a seu quarto, quando o pânico me consumiu de vez, percebi o que ele queria fazer. Tentei me soltar de sua mão, mas ele tinha mãos de ferro, bêbado ou não, eu era magrela e pálida. Ele abriu a porta de seu quarto com a chave que estava em seu bolso, ele entrou e eu também, ainda sendo puxada por sua mão.

Ele trancou a porta atrás de si e guardou a pequena chave prateada no bolso da calça jeans.

- Jake eu quero ir embora.

Me afastei dele e tentei abrir a porta, em vão, estava trancada. Ele me puxou pela cintura e pude sentir o quanto ele estava se divertindo com aquilo. Jake me beijou, ele tinha hálito de vodka, mas a idiota aqui era apaixonada por ele desde a infância, então por um momento o beijo se tornou desejável. Começamos a caminhar em direção a cama, foi aí que acordei do ''transe''. Não podia ir para cama com Jake porque: 1) Ele estava bêbado e drogado; 2) Ele era meu amigo; 3) Eu era virgem.

Tentei me soltar dele, não consegui. Ele me jogou na cama. Me debati e ele segurou meus pulsos acima da minha cabeça com uma mão, enquanto a outra abria com rapidez e precisão os botões de meu vestido. Ele beijou meu pescoço e foi descendo, tirou meu sutiã e beijou meus seios, começei a entrar em prantos e virei o rosto, envergonhada. Jake tirou a camisa e a calça jeans, estávamos semi-nus, definitivamente eu estava perdida.

Dor, eu senti dor...

Logo depois ele dormiu, segurando minha cintura. Tentei me soltar de seu abraço nojento, mas ele o mantinha bem firme. Acabei adormecendo também, com nojo de mim mesma, com ódio dele, de mim por ter permitido, dele por ter me forçado.

Quando acordei, Jake ainda dormia, parecia sereno, como se nada tivesse acontecido, me soltei de seus braços e começei a me vestir. A lanjerie estava na cama, catei meu vestido no chão e comecei a me vestir, ao mesmo tempo chorava. Abotoei meu vestido e percebi que um botão estava faltando, ouvi uma voz atrás de mim.

- Panny?

Olhei para ele, minha visão embaçada por causa das lágrimas.

- Panny, o que aconteceu?

Ele vestiu rapidamente a calça jeans e olhou para mim, os olhos azuis confusos, o cabelo escuro caiu no rosto, mas ele não moveu a mão para tirá-lo como sempre o fazia, olhava para mim fixamente. Deu dois passos em minha direção.

- Não se aproxime de mim! - Berrei.

- Panny...

- Me dê a chave. Esta no seu bolso.

Ele apalpou os bolsos da calça e encontrou a pequena chave. Tentou se aproximar, mas eu gritei:

- Não se aproxime. Jogue a chave.

Assim ele o fez. Peguei a chave e destranquei a porta, então corri, somente para logo depois sentir uma mão segurar o meu ombro e me virar. Jake segurou o meu pulso e eu o chutei, ele fez uma cara de dor, mas não me soltou.

- Panny, o que aconteceu?

Com lágrimas nos olhos, cuspi as palavras.

- Você me estuprou seu desgraçado, foi isso o que você fez. Satisfeito? Me larga.

Seus olhos se encheram de lágrimas.

- Panny, me desculpe eu...

Ele me soltou e eu o empurrei, dessa vez ele não me segurou.

Corri durante todo o trageto até minha casa, enxuguei as lágrimas e entrei em casa. Meu pai estava sentado no sofá quando cheguei.

- Olá papai.

- Oi Panny, então se divertiu?

- Sim, foi legal. - Forçei um sorriso. - Pai eu vou subir tudo bem?

- Claro. Está cansada?

- Sim... Nunca dormi tão tarde.

Meu pai sorriu e eu subi até meu quarto, entrando no banheiro me despi, abri o chuveiro e deslizei até ficar sentada no chão frio, abraçei minhas pernas e chorei, para tentar aliviar uma dor, chorei para alimentar minha raiva, chorei por mim mesma...

Keep My Secret WellOnde histórias criam vida. Descubra agora