Habilitada

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Eu estava imprensada na parede, ele me prendia com o peso do corpo e sua mão cobria minha boca, ele colocou o dedo indicador nos próprios lábios pedindo silêncio, então lentamente tirou a mão da minha boca. Percebi que tinha prendido a respiração, nesse momento eu a soltei, Jake aliviou a pressão entre nós e eu o empurrei com força, mas ele apenas se moveu alguns centímetros para trás. 

- Você está louco? O que pensa que está fazendo? - berrei e ele pôs a mão em minha boca novamente. 

- Apenas me ouça tudo bem? 

Ele novamente tirou a mão da minha boca e fechou completamente a porta do banheiro que até o momento estava apenas entreaberta, Jake passou a mão pelo cabelo escuro e respirou fundo. 

- Esse foi o único jeito que eu consegui de falar com você, todas as vezes que eu tentava você sempre estava com aquele cretino e eu não tenho coragem de ir na sua casa. 

- Quem é o cretino, está falando de Ethan? 

- Sim, Panny ele não é quem demonstra ser. 

- Eu posso dizer o mesmo de você - cruzei meus braços. 

Jake olhou-me nos olhos, estes, que estavam cheios de lágrimas. 

- Panny por favor me escute, o Ethan não é uma boa pessoa. 

- Não vou ficar aqui para ouvir isso. Com licença. 

Ele segurou o meu braço, fazendo com que eu me virasse para vê-lo. Estávamos tão próximos... Eu podia sentir o seu perfume, sentir o quanto me deixava embriagada, eu era vários centímetros mais baixa que ele, olhei-o nos olhos e respirei fundo. Meu Deus mesmo depois do que ele fez ainda provocava sentimentos em mim. Uma lágrima escorreu involuntariamente pelo meu rosto, me soltei dele e saí do banheiro. Corri pelos corredores sem destino traçado, mas me vi subindo os lances de escada até o terraço do prédio que eu estudava, a área era de acesso restrito aos estudantes, mas eu não estava preocupada com isso. No nosso primeiro ano em que começamos a estudar aqui, Jake e eu descobrimos esse lugar juntos, ele havia aberto - arrombado - a porta que dava acesso ao terraço. Me deitei no chão ainda frio e fechei os olhos, sentindo o sol aquecer minha pele fria. 

Logo ouvi o sinal que indicava o início das aulas, levantei-me preguiçosamente e desci até o meu andar, entrei em minha classe. Ainda estava afetada pelas palavras de Jake ''Ele não é quem demonstra ser''. Quase no mesmo instante lembrei do meu estranho e assustador sonho que tive, afastei os pensamentos bizarros e voltei minha atenção para a explicação do professor. 

No intervalo eu estava quieta enquanto Ethan e Celine tagarelavam sem parar até que pararam abruptamente e me encararam, eu olhava para nenhum lugar em específico, mas consegui ver de relance Ethan e Celine me observarem com expressões interrogativas. Saí de uma espécie de transe quando Celine berrou meu nome. 

- Que droga Panny, será que você poderia nos dar um pouquinho de atenção? 

- Desculpem, hoje estou meio aérea. 

- Percebi - resmungou Ethan. 

- Você ao menos tem novidades interessantes? - indagou Celine. 

Sorri ao me lembrar que tinha sim uma novidade. 

- Olha para falar a verdade eu tenho sim. 

Mais tarde naquele mesmo dia quando saí da escola e cheguei em casa, meu pai já estava me esperando para juntos escolhermos meu novo carro. Eu preferia um modelo antigo, afinal era apaixonada por carros antigos. Fomos a uma feira de carros que acontecia duas vezes por ano na minha cidade. Por fim optei por um Studbaker 1955 preto, me apaixonei pelo carro no mesmo instante em que o ví, o veículo se encontrava em ótimo estado de conservação e bem, seu preço já indicava que não seria diferente. Papai também havia adorado o modelo antigo e até me perguntou se ele poderia dirigí-lo vez ou outra, obviamente lhe disse que sim. Ganhar o carro foi com certeza a melhor coisa que acontecera em minha adolescência. Literalmente. 

Meu pai cuidou de toda burocracia por mim e deixei-o dirigir o carro até nossa casa, enquanto eu conduzia seu conversível. Minha mãe fez um jantar especial para nós em comemoração. De acordo com ela eu era quase independente, sorri com seu comentário. No próximo mês eu começaria a trabalhar por meio período como assistente em um escritório, o dinheiro não era lá essas coisas, mas para quem era sustentada pelos pais já era um começo. Meus pais estavam orgulhosos de mim, podia ver isso em seus olhares e... Puxa isso me trouxe uma felicidade verdadeira desde que fui estuprada por meu melhor amigo...

Keep My Secret WellOnde histórias criam vida. Descubra agora