De Recife à Tubarão

SETE

Acordo um tanto atordoado, com a Lu e o Gu pulando na cama, me atacando com travesseiros. Pego o meu travesseiro e começo a revidar, ficando em pé na cama, com a visão ainda embaçada de remela.

— Feliz aniversário! — Lu larga o travesseiro e me abraça com força, ainda em pé em cima da cama.

— Parabéns Fe! — O Gu também me abraça, suspendendo meus pés do colchão por alguns segundos.

— Obrigado gente, amo vocês.

— Tá bom, bora se arrumar logo antes que você comece a chora — Lu fala, descendo da cama com os olhos úmidos. — Vamos aproveitar o dia ao máximo hoje.

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Encontramos uma padaria que faz cuscuz com leite no café da manhã, não é tão bom quanto o de vóinha, mas dá pra matar a saudade. Depois vamos a Galeria do Rock, a gente sempre quis conhecer o lugar e parece perfeito pra fazer minha tatuagem de aniversário.

Nós três sempre superestimamos os dezoito anos, o começo da liberdade, onde poderíamos fazer tudo legalmente beber, dirigir, viajar... Então há dois anos quando o Gu completava os seus dezoito, decidimos fazer uma coisa especial para marca essa idade, uma coisa só nossa. Optamos por tatuamos a mesma frase no pulso esquerdo. Gu foi o primeiro a tatua, Lu faz a dela ano que vem, e eu faço a minha hoje.

Andamos pelos sete andares do prédio, observando as vitrines das várias lojas do lugar. Gu não resisti e compra mais alguns CDs de bandas antigas dos anos oitenta e noventa, Lu fica louquinha por uma camiseta do Harry Potter e eu ainda mais por uma da Katy Perry. Depois de visitamos alguns estúdios de tatuagem, decido fazer a minha num estúdio pequeno estilo retrô, onde simpatizo com uma das tatuadoras e me encanto com os desenhos que ela me mostra. Explico a ela o que quero, mostrando o pulso do Gu. Ela faz alguns procedimentos e em pouco tempo meu pulso esquerdo está estendido e sendo marcado com tinta preta através de uma agulha. A dor é suportável, faria até outra em homenagem a Katy, mas o dinheiro está contadinho. Nós quatro jogamos assunto fora durante o processo e quando menos espero está pronto. Olho pra frase marcada na minha pele.

Juntos além

da eternidade

Supersatisfeito com o resultado, comparo meu pulso com o do Gu e está igual. A tatuadora cobre a frase com papel filme para não infeccionar e me passa mais algumas instruções. Depois me sentido oficialmente um adulto, nós três passeamos pela 25 de Março, onde compro algumas lembrancinhas para as mulheres que mais amo nessa vida e que ficaram em Recife. Já cansados, almoçamos numa lanchonete ali perto e então voltamos para o hotel.

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Quando conecto o celular com a rede wi-fi do hotel, aparecem algumas notificações de amizades do Facebook desejando felicidades e coisas do tipo. Um tempo depois recebo a ligação da Dona Josefina, uma senhora de oitenta cinco anos que eu cuido de segunda a sexta enquanto a única filha trabalha, ela me deseja tudo de melhor com palavras mais lindas que alguém poderia escolher. Em seguida, quem me liga é mãinha.