Capítulo 6

59 5 5
                                    

- O que porras ta acontecendo aqui?- Disse Moonbyul, num tom exaltado. Wheein se levantou rapidamente e ficou em frente de Hyejin, que parecia mais confusa do que antes. - Você trouxe mesmo ela aqui? Qual é o teu problema Wheein?

- Ela não tem onde ficar. E esqueceu que essa casa na verdade é dela pra começo de conversa? Por que ta falando desse jeito? Tem medo de eu te trair com ela? - Falou num sussurro, ríspido, confrontando a namorada. Nunca havia falado daquela forma, mas, não queria deixar Hyejin de lado, por motivos óbvios. Moonbyul a olhou assustada e em seguida cerrou os olhos. Olhou rapidamente para a mais nova, que permanecia no sofá, e bufou, dando passos pesados até o quarto e ouviu-se a porta sendo fechada, bruscamente. Wheein suspirou fundo e fechou a porta principal, e logo, voltou a se sentar no sofá. Hyejin a olhou por alguns segundos, em silêncio, e teve um desespero interno assim que percebeu seu rosto corar e lágrimas escorrerem.

- Tá tudo bem? – Hyejin a olhou, e engoliu a seco. Estendeu sua mão na intenção de pô-la sob seu ombro, mas fora puxada, e quando percebeu, Wheein estava a abraçando, e chorando feito criança em seu peito. Hesitou por alguns segundos, mas, logo, a abraçou de volta, delicadamente, e acariciou suas costas. – Olha, eu posso ir embora e arrumar um lugar, não quero causar problemas pra você e sua namorada maluca.

- Não, não vai. Por favor, fica. – Wheein levantou o rosto e a olhou, limpando o nariz – Eu preciso de você, Hyejin. Não me deixe... Eu acabei de te ter de volta, não posso deixar você ir embora de novo. – Chorou mais e voltou a esconder o rosto no busto da mais nova. Hyejin apenas franziu o cenho e mordiscou os lábios. Não sabia o que fazer. Deveria seguir o que planejou no hospital e ser fria até conseguir tudo o que queria ou ceder de uma vez? Não podia negar, era tentador, afinal, era humana também e meio que sentia a dor da mais velha, mas... Não parecia certo. Sentia que havia algo a impedindo. Talvez fosse a falta de intimidade que elas poderiam até ter, mas não se recordava. Apenas suspirou fundo e voltou a dar leves batidinhas em suas costas, na esperança que isso ajudasse de alguma forma.

Alguns minutos se passaram, Wheein não estava mais chorando, porém continuava abraçada a mais nova, que estava somente sabia suspirar naquela situação.

- Eu acho que vou dar uma volta lá fora. – Hyejin finalmente se pronunciou e se soltou de Wheein, devagar.

- Sério? Mas logo vai escurecer... Quer que eu vá junto?

- Não... Só... Preciso tomar um ar. Quem sabe eu me lembro da vizinhança. Já venho... – Limpou a garganta e se levantou, indo até a porta principal. Respirou fundo e a abriu, logo saindo de lá, deixando Wheein sozinha na sala. Suspirou pesado.

Pegou delicadamente as coisas e ar guardou novamente na caixa, a fechando. Coçou a nuca e suspirou pesado. Perguntara a si mesma se tudo aquilo valia a pena, se as coisas iriam fluir do jeito que esperava, e, quem sabe, finalmente voltar com Hyejin. Ela era definitivamente o amor de sua vida, sua alma gêmea, seu tudo.
Fora tirada de seus pensamentos assim que sentiu um arder forte no rosto, junto do barulho estalado da mão da atual namorada colidindo com a pele de sua bochecha.

- Moonbyul?¹ O que deu em você? – Wheein exclamou e se levantou, deixando a mão sob a pele ferida.

- Acha que eu não sei que você quer aquela... Sebosa ao invés de mim?

- Por que você acha isso? Você não confia em mim? – Disse, já com os olhos marejados, acariciando seu rosto. – Precisava me bater? Ficou maluca?

Moonbyul a olhou por alguns segundos e suspirou fundo, passando ambas as mãos sob o rosto. Andou até ela e a abraçou por trás, beijando seu pescoço.

- Me desculpa, não sei o que deu em mim. Hoje no trabalho foi um porre. Me perdoa, hum? - Wheein desviou o olhar para o lado contrário a qual estava sendo abraçada e mordeu os lábios. Se soltou dos braços de Moonbyul e se virou para ela, que sorriu de lado. – Que tal um beijinho?

Wheein tomou impulso e estapeou o rosto da mais alta, que quase caíra pro lado devido a força.

- Eu não aceito que batam em mim. E acho melhor você sair daqui até colocar sua cabeça no lugar. Sai. Agora! – Gritou, e a olhou, franzindo o cenho. – Fica na casa da sua amiga, aquela tal de Seulgi, ela te empresta roupas. Eu quero que você saia agora – Deu ênfase novamente e se entreolharam por mais alguns instantes. Moonbyul bufou e arregaçou suas mangas, logo saindo dali, batendo a porta.

Wheein a olhou e assim que a viu sair, desabou-se em lágrimas, caindo no chão. Por que com ela? Por que as coisas tinham que ser assim? Por que ela ainda se submetia a isso? Poderia simplesmente largar Moonbyul e tentar a sorte com Hyejin, e, caso não desse certo, voltaria a morar com a mãe, lá em Daegu.



*

Horas já haviam se passado, e nada de Hyejin ter voltado. Wheein já havia tentado ligar, mandar mensagem, e até perguntar pra alguns vizinhos. Mas ninguém soube lhe dizer nada, e seria inútil bater de casa em casa. A maioria de seus vizinhos já eram de idade, e mesmo que tivessem visto Hyejin, falariam que não se lembravam ou que pensavam que ela tivesse morrido há 4 anos atrás. Bufou e pela vigésima vez tentou discar seu número, e, ouviu alguém bater na porta. Estalou a língua e foi até lá, ainda olhando o celular.

- Já vai! Que droga, quem ia bater aqui quase duas da manhã? – Negou e guardou o celular, correndo até a porta. Olhou pelo olho mágico e arregalou os olhos, destrancando a porta o mais rápido possível. – Hyejin! O que aconteceu? Por que você ta toda machucada? Caiu? O que aconteceu com seu celular? Quer ir pro hospital? – Wheein a abraçou forte antes que pudesse falar algo.

- Me bateram. Não sei quem foi, não deu pra ver. E meu celular ta no silencioso, não ouvi nem senti ele tocar. – Hyejin se pronunciou e suspirou, se soltando de Wheein então, olhando em volta. – Sua namorada se mandou?

- Eu... Expulsei ela daqui. Entra, eu vou limpar esses machucados. – Puxou-a pelo braço e fechou a porta, indo com ela até a cozinha. – Senta.

- Expulsou? O que ela fez enquanto eu tava fora? – A olhou e fez o pedido, suspirando, passando a mão delicadamente em seu lábio machucado, checando se havia sangue.

- Uh... Nada demais, briga de casal. – Wheein pegou o kit de curativos sob o armário e o abriu, pegando as coisas. Foi até Hyejin e se agachou, começando a limpar seu rosto. Hyejin a olhou por alguns instantes, analisando todo seu rosto, e então pousou seu olhar em sua bochecha esquerda, claramente mais avermelhada e inchada que a outra, franzindo as sobrancelhas. Levou sua mão até a pele e a alisou brevemente, fazendo Wheein parar de fazer o que estava fazendo.

- O que é isso? Ela te bateu?

- Uh... Não. Tentei matar um pernilongo.

- E deu um tapa desses na sua própria cara? Eu não sou burra a esse ponto. – A mais velha apenas olhou pra baixo, suspirando. Talvez fosse de vergonha por ter inventado uma desculpa tão esfarrapada igual essa. – Por que você ainda ta com ela?

- Eu... Não sei. Eu era feliz com ela tempos atrás... Agora eu não sei o que ta acontecendo.

- Você devia ir caçar outra pessoa.

- Eu já estou tentando ter ela.

- Quem?

- Você, Hyejin. – Viu-se a mais nova arregalar levemente os olhos e então corar, brevemente. Negou algumas vezes e olhou pra baixo, mordendo os lábios. – Não acha que devemos tentar de novo?

- E-eu praticamente não te conheço!

- É claro que você me conhece! Você... Só precisa de um... Gatilho pra lembrar!

- Gatilho? Ta falando de armas?

- Não! Gatilho como... Algo que vai te fazer se lembrar, definitivamente! – Wheein olhou ao redor e pensou um pouco, em seguida voltou a olhar pra Hyejin, que tinha uma expressão bem confusa.
Segurou em seu rosto e beijou-a. Hyejin arregalou os olhos, mas não fez nada para impedir ou para-la. Beijou-a intensamente e desesperadamente. Já faziam quatro anos que não podia colar seus lábios aos seus, parecia que iria morrer se não fizesse isso. Wheein apenas parou quando sentiu falta de ar, deixando suas mãos sob os ombros de Hyejin então.

- E ai? Lembrou? – Wheein disse, num tom esperançoso. Hyejin continuava com a mesma expressão e a olhava, em choque. Lambeu os beiços, devagar, e limpou sua boca nas costas de sua mão.

- Não. Eu... Vou no banheiro. – Se levantou e fora até lá, trancando a porta, em seguida, deu-se com as costas na porta, e lentamente, deixou os pés escorregarem até ela se sentar no chão. Com uma mão, cobria um pouco da boca, e a tateava um pouco. De repente, um estalo em sua cabeça. – Merda.

Who are you?Onde histórias criam vida. Descubra agora