GRUDGE

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Taehyung apertou o celular nos dedos, suspirando exasperado pela quarta vez por não ter no visor a notificação de Jeongguk.

O grupo de garotos ao redor deles urravam como animais e quebravam garrafas de cerveja barata na parede, as groupies riam eufóricas, com a mente embaçada pelo álcool e um pouco da maconha que Hoseok dischavou minutos antes.

O inferno descrito pelos cristão deveria ser assim, Taehyung pensou; um bando de adolescentes ordinários se entorpecendo e se vangloriando por estar acima das mentes morais da sociedade, usando como pretexto sua rebeldia para trazer a tona o que de pior havia no âmago humano.

Ele próprio não se livrava do fardo de fazer parte do grupo, uma vez que o que intitulavam como líder dos Corvos de Oslo.

- Ei, Tae ... - Hoseok despencou no sofá pútrido, abrindo as pernas exageradamente em uma autoafirmação de masculinidade - Soube que Anna está dormindo com qualquer um. Deveria se divertir um pouco.

Taehyung o olhou pelo canto dos olhos quando seus joelhos bateram, o amigo ao seu lado sorria sátiro com o cigarro pêndulo nos lábios.

- Você parece uma mariquinha fofoqueira.

- Ei! Estou só te dando uma dica ... Sabe, ela é gostosa, deveria experimentar.

Analisando Anna por trás, com seu vestido preto curto e as meias rasgadas na coxa Taehyung concluiu que as curvas tímidas do corpo magro eram de fato eram bonitas.

- A bunda dela é boa ...

- A parte da frente também é.

- Que nojo ... você gozou lá.

Hoseok riu baixo, cotovelando seu companheiro para passar o cigarro perfeitamente bolado enquanto uma densa névoa da erva os encobria.

- Ela tem meu selo de qualidade, sabe, amigos de verdade compartilham.

- Hm, eu passo, valeu ... Sua groupie e seu cigarro babado.

Taehyung se levantou, batendo os coturnos no chão áspero de pedregulhos.

O sol poente varria as ruínas da ponte com lânguidos raios amarelos, que mais pareciam esfriar o cenário melancólico do que de fato aquecer.

Os Corvos passavam as tardes próximo a trilha ferroviária desativada.

Lá eles arrastavam barris de metal e ateavam fogo dentro para não sucumbirem ao frio congelante e pixavam as paredes desgastadas da antiga ponte interditada, bebendo e conversando acomodados nos móveis descartados como entulho.

Taehyung era vocalista gutural da banda de Black Metal e amigo dos 3 membros que a compunham; Hoseok baterista, Jimin guitarrista e Seokjin um experiente, e de humor ácido, baixista, também responsável pela estética intimidadora do grupo e o corpse paint oficial que usavam nas perfomances.

Mas além de uma banda, eles eram uma seita. Encobriram as merdas que aprontavam e reagiam com sarcasmo quando eram pegos infringindo leis. Era um jogo inconsequente, quem se arriscava mais, ganhava mais respeito e lógico, mais garotas.

Mas Taehyung há meses se sentia vazio.

Não havia whisky ou cocaína que o entorpecesse ou sexo que o satisfizesse.

Era como se uma era glacial houvesse congelado as batidas de seu coração, bloqueando qualquer sentimento que pudesse preencher o buraco metafórico em seu peito.

Mas isso mudou, há duas semanas atrás quando ele viu Jeongguk pela primeira vez;

TWO WEEKS BEFORE

i•hate•everything•about•youOnde histórias criam vida. Descubra agora