50 tons de Mirandy [ADAPTAÇÃO]

01

Miranda

O telefone em minha mesa soltou dois bipes. Olhei o relógio, eram quatro e meia da tarde. Minha secretária tinha instruções explícitas para não me interromper, a não ser que duas pessoas ligassem. Era cedo demais para a ligação que eu esperava vinda da China, então só restava a outra pessoa.

Apertei o botão do interfone.

— Sim, Emilly?

— Senhorita Jacqueline na linha um, Miranda.

— Recebi algo dela hoje? – Perguntei.

Papéis farfalharam ao fundo.

— Sim Miranda. Devo levar agora?

— Pegarei mais tarde. – Apoiei o aparelho nos ombros e passei para o fone. – Jacqueline, eu esperava que me procurasse antes. Seis dias atrás. Eu aguardava por este pacote há muito tempo.

— Desculpe, Miranda. Você teve uma última inscrição que eu quis incluir neste lote.

Muito bem. As mulheres não sabiam que tinham um prazo limite mesmo. Era algo que eu discutiria com Jacqueline mais tarde.

— Quantas dessa vez? – Perguntei.

— Quatro. – Ela pareceu aliviada por eu ter deixado de lado a questão do atraso. – Três experientes e uma sem experiência ou referências.

Recostei-me na cadeira e cruzei as pernas. Na realidade, não devíamos ter essa conversa. A essa altura, Jacqueline sabia de minhas preferências.

— Sabe o que eu penso a respeito de submissas inexperientes.

— Eu sei, Miranda. – Ela disse e eu podia vê-la limpando o suor da testa. – Mas esta é diferente... E ela pediu por você.

Estiquei uma perna e depois a outra. Eu precisava de uma boa corrida, mas teria que esperar até o fim daquela tarde.

— Todas pedem por mim. – Eu não estava sendo fútil, apenas sincera.

— Sim senhora, mas esta quer servir apenas a senhora. Ela não está interessada em mais ninguém. – Sentei-me reta na cadeira.

— É mesmo?

— Sua inscrição declara especificamente que ela será sua submissa e de mais ninguém.

Eu tinha regra sobre experiência anterior e referências, porque para ser franca, não tinha tempo para treinar uma submissa. Preferia alguém com experiência, alguém que aprendesse o meu jeito rapidamente. Sempre incluí um questionário extenso nos formulários de inscrição para garantir que as candidatas soubessem exatamente no que estavam se metendo.

— Imagino que ela tenha preenchido o questionário corretamente, não? Não indica ali que ela faria qualquer coisa? – Isto já havia acontecido uma vez. Jacqueline sabia bem.

— Sim Miranda.

— Creio que posso dar uma olhada então.

— A última da pilha, Miranda.

A que fez com que ela atrasasse a entrega então.

— Obrigada, Follet. – Desliguei o telefone e saí da minha sala. Emilly já me esperava com o envelope em mãos.

— Por que não vai para casa, Emilly?! – Coloquei o envelope em baixo do braço. – O resto da tarde deve ser tranquila.

Ela me agradeceu enquanto eu voltava para a minha sala. Peguei uma garrafa de água, sentei-me a minha mesa e abri o envelope. Folheei as três primeiras inscrições. Nada de especial. Nada fora do comum. Eu podia montar um teste de fim de semana com qualquer uma das três mulheres e provavelmente não conseguiria dizer a diferença entre elas.