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Andreah

Acordei sentindo a luz do sol na minha pele e pisquei várias vezes, confusa. Onde eu estava? Olhei para a direita e vi a cama imensa acima de mim. Muito bem. No chão. No quarto de Miranda.

Estiquei as pernas e gemi. Sentia dores em lugares que nem sabia que tinha e alguns que eu me esquecera há muito tempo.

Hesitante, coloquei-me de pé e dei alguns passos. Daria meu braço direito e metade do esquerdo por um banho de banheira, mas parecia que teria que me contentar com uma ducha quente.

Depois de um banho longo e completo, fui cambaleando para a cozinha. Miranda estava com um robe de seda escuro, sentada à mesa, à minha mesa, ela olhava o celular, mandando um torpedo ou um e-mail, eu acho. Ela parecia perfeitamente bem.

— Noite difícil? – Perguntou ela, sem se dar o trabalho de olhar para mim. Mas que diabos. Estava à minha mesa. Eu podia falar com franqueza.

— Não diga. – Ironizei.

— Noite difícil? – Perguntou novamente, com um pequeno sorriso erguendo os cantos da boca.

Eu me servi de café e a olhei fixamente.

Ela estava implicando comigo. Eu mal conseguia andar, minhas costas doíam por dormir na porcaria de um colchão no chão, era tudo culpa dela e ainda por cima estava implicando comigo? Era uma gracinha, de um jeito um tanto doentio e distorcido. Peguei um muffin de mirtilo na bancada e me sentei com cuidado. Não consegui esconder um estremecimento.

— Você precisa de proteína. – Disse ela.

— Estou bem. – respondi, dando uma dentada no muffin.

— Andreah. – Repreendeu-me séria.

Levantei-me, cambaleei até a geladeira e peguei um pacote de bacon. Droga. Agora eu teria que cozinhar.

— Deixei dois ovos cozidos no forno para você. – Seus olhos me seguiram enquanto eu deixava o bacon de lado e pegava os ovos. – O ibuprofeno está na primeira prateleira, segunda porta do armário do lado do micro-ondas.

Eu era patética. Ela provavelmente preferia não me ter colocado sua coleira.

— Desculpe. É só que... Já faz muito tempo.

— Não seja tola, Andreah. Estou mais aborrecida com sua atitude esta manhã. Eu nem deveria ter deixado você dormir.

Sentei-me novamente e abaixei a cabeça.

— Olhe para mim. – Ordenou ela, lançando um olhar que eu não conseguia decifrar muito bem. – Preciso sair. Encontre-me no saguão, vestida para a festa e pronta para sair às quatro e meia.

Assenti.

Ela se levantou.

— Tem uma banheira grande no quarto de hóspedes, na frente do seu. Faça uso dela. – E, sem mais nem menos, saiu.

Senti-me mais humana depois de um longo banho de imersão e um pouco de ibuprofeno. Depois de me enxugar, vesti um robe de algodão e preparei uma xícara de chá, sentei-me à bancada da cozinha e liguei para Lily.

— Oi – Falei quando ela atendeu.

— Andy. – Respondeu ela. – Não sabia que você podia dar telefonemas.

— Também não é assim.

— É o que você vive dizendo. – replicou ela, naquele tom de eu não dou a mínima para o que você diz e não vou acreditar em nada mesmo.

— É claro que, como você está sozinha, não tem nada melhor para fazer.

Não era com frequência que Lily me pegava de guarda baixa.

50 tons de Mirandy [ADAPTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora