O Poder

2.1K 71 51
                                    

Gizelly Bicalho

Em algum momento de sua vida você já se sentiu completa? Como se depois de uma longa e cansativa jornada a vitória foi sua? Era assim que eu estava me sentindo agora. Era como se depois de tantos anos, eu estivesse liberta, mas não como um preso encarcerado ou pássaro engaiolado. Eu estava liberta de todas as minhas mazelas, dos meus fantasmas do passado, liberta de tudo que fazia mal. Há quem diga que sempre haverá alguém para nos salvar, e nos tirar de uma escuridão na qual você afirma ser impossível sair. Eu acreditava firmemente nisso, afinal Marcela era a prova concreta disso em minha vida.

- No que tanto está pensando? – perguntou minha esposa, enquanto me envolvia com seus braços.

Eu fechei os olhos sentindo o toque leve de seus lábios em minha nuca, fazendo meu corpo inteiro arrepiar.

- Estava pensando em como você me salvou. – murmurei para ela.

Abri os olhos e encarei minha mulher que me fitava com uma expressão um tanto confusa. Soltei um sorriso para ela, notando somente agora que ela estava com uma taça de champanhe nas mãos. Com delicadeza peguei a taça de cristal em sua mão, tomando um gole do álcool contido nela.

- Salvei? – perguntou ficando a minha frente.

- Claro! Você me faz feliz agora, como eu nunca fui antes.

Um sorriso largo rasgou o rosto da mulher, que me apertou mais contra seu corpo a ponto de ficar a poucos centímetros de sua boca.

- Você também me salvou, Gizelly. – disse com os olhos conectados aos meus.

Eu jamais poderia colocar em palavras como era a sensação de olhar nos olhos de Marcela. Você sentia sua alma sendo sugada por aquela íris castanhas, como se ninguém pudesse impedir. Eles tinham um poder sobrenatural de me deixar totalmente perdida, e hipnotizada por ela.

- Você fez de mim alguém melhor. – ela completou.

Eu senti sua mão que estava repousada em minha cintura, subir lentamente pela linha de minha coluna, enquanto a outra repousava sobre minha nuca, fazendo um carinho leve com a ponta dos dedos. Eu fechei os olhos assim que Marcela encostou seu rosto ao meu, deixando-me sentir apenas sua respiração leve contra minha face. Ela roçava seus lábios delicados pela linha de meu maxilar, até parar sobre minha boca.

- Eu te amo, Marcela. – sussurrei em um fio de voz.

Nossos corpos estavam tão próximos que facilmente eu poderia sentir os batimentos acelerados do coração de minha esposa. Marcela chupou meu lábio inferior lentamente, contornando a linha de minha boca com a ponta da língua.

- Eu também te amo, Gi. – sussurrou entre meus lábios.

Eu fechei as mãos envolta das madeixas loiras dos cabelos de Marcela, puxando seu rosto contra o meu. Saciando a vontade desesperada de seus lábios contra minha boca. Beijar Marcela era como se perder em um mar de sensações prazerosas, como viajar em uma hipnose sem fim.

Sua língua se movia em uma sincronia perfeita com a minha, como se nossas bocas tivessem o encaixe único e perfeito. Eu sentia suas mãos me apertando contra seu corpo, em uma tentativa alucinada de nos fazer uma só. Quando o ar estava nos faltando, ela lentamente afrouxou seus braços em minha volta, fazendo nossos corpos se desgrudarem bem devagar.

- Eu poderia passar a vida inteira beijando você. – sussurrou contra minha boca, entre um sorriso largo.

- Só beijando? – perguntei maliciosa.

Soltei um risinho baixo, e me afastei dela, caminhando para o convés superior do iate de Marcela. Ela meneou com a cabeça negativamente, com um sorriso sacana nos lábios, enquanto pegava a garrafa de champanhe e mais uma taça que estavam colocadas sobre o painel de controle. Sentei-me no banco macio, coberto por couro branco, deixando meu corpo relaxar.

The Night Dancer | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora