A parte que falta | Supercorp

A parte que já não falta 3/3

A verdade é que ninguém é 100%. Todos sempre tentaram chegar em um nível de perfeição, mas uma hora simplesmente desistiram de tentar. Por exemplo, por mais que você ame uma rosa, nunca vai amar 100% ela, talvez, você até tenha medo de seus espinhos, e por isso não se sinta confortável em ter ela em sua mão. As vezes, Lena se sentia assim com Kara, mas não sabia deste sentimento, mas no momento em que tudo foi revelado, ela finalmente teve certeza. Mas não era o que ela esperava, na verdade, Lena não tinha medo dos espinhos a machucarem, ela tinha medo de apertar tão forte a flor, que ela morreria em sua mão.

Lágrimas e mais lágrimas, era tudo o que o que Kara conseguia fazer. A loira tentava formular uma frase para ao menos tentar se explicar, tentar dizer que amava a Lena, tentar dizer que sentia muito por ter mentido para ela, mas Kara só chorava. No fundo a loira sabia que isso iria acontecer um dia, que Lena descobriria tudo e simplesmente sumisse, deixando apenas lembranças para trás, lhe deixando desamparada.

O buraco em seu peito latejava como nunca antes, Kara nunca tinha se sentido assim antes, era como se tivesse levado um tiro em seu peito. Já Lena, estava sentindo tantas coisas ao mesmo tempo, que já não sentia mais nada, era um sentimento mórbido, como se seu corpo não fosse capaz de sentir mais.

Apesar da grande dificuldade, Kara estava se acalmando. A loira não tinha certeza, mas estava a pelo menos 3 minutos seguidos chorando, sem dizer uma palavra. Ela finalmente conseguiu formular uma frase, que por mais que seja pequena, era necessária, pelo menos era para Kara.

– Vo.. Você... Me odeia? – Era tudo que Kara conseguia formatar, tudo o que ela conseguiu falar.

A morena não sabia o que dizer, na verdade, já não sabia de mais nada. Quando finalmente conseguiu olhar para Kara, ela viu algo que quase nunca via. Medo, a loira estava apavorada, e Lena sabia disso, e esse sentimento lhe deixava estressada.

– Tem medo de mim? – Lena disse totalmente séria, sem demostrar nenhum sentimento. Ela apenas observava a loira.

– Nunca, não tenho medo de você – A frase veio como um baque nos peitos da morena, ela não queria acreditar, mas se recusava a continuar negando.

– Por que Kara? Por que mentiu para mim? – Pela primeira fez, Lena demostrou um sentimento, era raiva em seu estágio mais perigoso – Por que simplesmente não me disse a verdade?

– Eu... Eu não podia... – Kara mal conseguia processar a pergunta, muito menos formatar uma resposta.

– POR QUE KARA? SÓ ME DIZ POR QUE? – Toda a pose de seria se quebrou, Lena se quebrou. Ela caiu em um choro profundo, seu peito ardia como inferno e ela simplesmente não conseguia olhar para Kara.

– Por que... eu tive medo – Kara consegui responder, mas quando a morena a olhou com desprezo, era como se a dor tríplice em um instante.

– Medo de mim? O que eu fiz para merecer isto? – Lena respondeu ainda chorosa.

– Nunca, eu... Eu nunca teria medo de você, Lena... Por favor... Eu nunca – Kara gagueja como nunca, ela só queria gritar tudo o que sentia no momento, mas estava se guardando ao máximo.

– VOCÊ SEMPRE MENTE, MENTIU UMA VEZ, POR QUE EU IRIA ACREDITAR EM VOCÊ AGORA? – Lena já não estava guardando mais nada, todas as suas caixas foram abertas – SÓ ME DIZ POR QUE!?

– PORQUE EU TE AMO – A sala nunca esteve tão silenciosa, era como uma pausa em uma guerra – Eu sempre amei, eu... Eu não posso te perder.

Como em toda guerra, o barulho e ouvido a distância, e infelizmente ou felizmente, alguém estava ouvindo a guerra que estava acontecendo naquela sala.