Let me be the one

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Sábado à Noite

POV Josh

— Que coincidência encontrar vocês aqui! — ouvi aquela voz familiar, com seu tom de sarcasmo inconfundível. Noah, meu primo, era a última pessoa que eu queria ver, especialmente em uma noite que deveria ser tranquila.

Joalin franziu a testa assim que o viu. — Hm... que desprazer te ver também, Noah. Bom, já vamos indo. — Ela me lançou um olhar, esperando que eu a seguisse.

Mas Noah insistiu, ignorando a evidente irritação dela. — Eu fui convidado pelo meu amigo Wang! — Ele parecia não notar o desconforto no ar. Nossos olhares se voltaram para Krystian, que murmurou:

— Eu não sabia que a Any, amiga das meninas, era ex do Noah. Achei que seria legal trazer um conhecido.

Sabina, gêmea de Krystian, lançou-lhe um olhar de reprovação. — Krystian, você tem sorte de a mamãe não estar aqui.

Noah se acomodou, ainda sem perceber a tensão, e sentou-se diretamente na frente de Any, ao lado de Sina, que parecia incomodada com a presença dele.

— Ah, vamos, pessoal. Ainda podemos ser amigos. Passado é passado, certo? — Ele olhou ao redor, até que seus olhos pousaram em mim, e sua expressão mudou. — O que esse idiota está fazendo aqui? — disse, apontando para mim com desdém.

Antes que eu pudesse reagir, Sabina se adiantou, firme. — Ele é nosso amigo e nosso convidado.

Joalin não perdeu a oportunidade de alfinetar. — Isso mesmo. Melhor amigo da Any.

Os olhos de Noah brilharam com hostilidade, e ele rosnou: — Não consegue mesmo ficar longe da minha namorada, né, Josh?

Cruzei os braços e o encarei. — Eu não sou o que traiu, Noah. Você lembra disso?

A tensão era palpável até Any finalmente intervir, sem esconder a amargura. — Noah, vamos esclarecer uma coisa: eu não sou mais sua namorada. Você deixou isso bem claro no dia que me traiu. E eu até pensei em manter uma amizade pelo tempo que passamos juntos, mas você mentiu para mim, para Sina... e provavelmente está mentindo para quem quer que seja a próxima. Sabe, talvez você devesse procurar um médico e descobrir se não tem um problema de cleptomania. E mais uma coisa: não admito que fale do Josh desse jeito na minha frente. Em um mês, ele me fez rir e me apoiou mais do que você fez em cinco anos. O perdedor aqui, Noah, é você. Você perdeu quem te amava.

Ela respirou fundo, claramente desabafando cada palavra que havia guardado por tanto tempo, e então se levantou, segurando minha mão. — Vamos, Josh. — E, sem olhar para trás, me puxou para fora da lanchonete.

No Caminho para Casa

Any estava em silêncio, com o olhar fixo pela janela, as mãos tremendo de leve. Pressionei meus dedos nos dela, numa tentativa de tranquilizá-la. Quando ela finalmente olhou para nossas mãos, as lágrimas que segurava escorreram.

Assim que estacionei o carro no prédio, percebi que ela precisava de mais do que apenas palavras de apoio. Saí do carro, dei a volta e abri a porta para ela. Ao pegá-la com cuidado em meus braços, ela sussurrou, com os olhos ainda úmidos:

— Josh... o que você está fazendo?

— Cuidando de alguém especial. — Ela descansou a cabeça em meu ombro, e senti sua respiração trêmula contra meu pescoço. Subi com ela até meu apartamento, onde a levei para o quarto e a deitei na cama.

— Tem um conjunto de moletom meu em cima da mesa. Pode usar, mas talvez fique um pouco grande. Vou tomar um banho rápido.

Ela assentiu, e eu entrei no banheiro. Tomei um banho rápido e, quando voltei, ela estava enrolada no cobertor, com o moletom folgado e um olhar cansado, mas grato.

— No fim, nem comemos nada. — Ela deu uma risadinha fraca.

— Eu sabia que você ia dizer isso. — Sorri. — Que tal uma pipoca e um filme?

— Perfeito — respondeu, e seu sorriso, mesmo tímido, me trouxe um alívio inesperado.

Fui até a cozinha, preparei uma tigela grande de pipoca e voltei ao quarto, deitando-me ao lado dela. Liguei a TV e perguntei:

— Quer assistir o quê?

— Qualquer coisa que não lembre o quão desastrosa é minha vida amorosa. — Ela riu.

— Então nada de romance. Que tal Friends?

— Ótima escolha. — Sua voz era suave, e eu sabia que um pouco de humor leve era exatamente o que precisávamos.

Ela acabou adormecendo durante o episódio. Puxei o cobertor até seus ombros e, com o maior cuidado, deixei o quarto e fui para o quarto de hóspedes.

Antes de dormir, peguei papel e caneta e escrevi uma mensagem para ela, pensando em ajudá-la a superar o que ainda a machucava. Deixei o bilhete no apartamento dela, junto com um buquê de rosas brancas.

    "Esquecer um momento, um lugar, ou uma pessoa não é fácil. Quem disse que a vida é fácil? Tudo na vida é superável, mesmo quando parece difícil encontrar um motivo. Isso é uma escolha sua, mas eu posso te ajudar a superar. Superar é diferente de perdoar. Para superar algo, você precisa purificar seu coração e perdoar aquela pessoa. Você errou uma vez no amor; não cometa o mesmo erro.
Com carinho,
MO."

Esperava que ela encontrasse a carta pela manhã e que isso ajudasse de algum jeito.

No Outro Dia

POV Any

Acordei com a luz do dia entrando no quarto, e por um momento observei o ambiente em volta, percebendo onde estava. Senti uma onda de gratidão pelo Josh e pelo quanto ele foi cuidadoso comigo.

Levantei-me e fui até a cozinha, onde o encontrei em uma cena um tanto... inesperada. Ele estava só de calça de moletom, sem camisa, segurando uma colher de pau enquanto dançava "Thriller" de Michael Jackson. Comecei a rir, e ele se virou, assustado.

— Ah, você acordou! — disse, com um sorriso envergonhado.

— Sim, Michael Jackson falsificado.

— Ei! Eu poderia ser o próximo Michael Jackson, sabia? — retrucou, tentando parecer sério.

— Claro, garanhão. E que cheiro bom é esse?

Ele sorriu, orgulhoso. — Panquecas com calda de chocolate e morango. Mas... — Ele bateu de leve na minha mão quando tentei pegar um morango. — Só vai comer quem dançar "Thriller" comigo.

— Ah, não! Sério?

— Só quem dançar. Sem exceções.

Suspirei, mas não resisti. Comecei a dançar, copiando os passos desajeitados dele. Quando terminamos, estávamos rindo tanto que acabei pegando um morango. Ele fingiu indignação.

— Ei, isso não vale!

— Não vale é me fazer dançar essa música ridícula. Agora deixa eu ir no meu apartamento me trocar. Volto já para terminarmos o café.

Voltei ao meu apartamento e, ao chegar na porta, encontrei um buquê de rosas brancas e um envelope cor-de-rosa. Peguei ambos e entrei. Abri a carta e li, sentindo as palavras tocarem meu coração.

    "Esquecer um momento, um lugar, ou uma pessoa não é fácil. Quem disse que a vida é fácil?..."

As palavras do bilhete eram o que eu precisava. Sabia que estava na hora de superar o passado e seguir em frente.

Deveria abrir as portas do meu coração e permitir alguém ser o único?

𝗖𝗼𝗺 𝗖𝗮𝗿𝗶𝗻𝗵𝗼 - 𝖡𝖾𝖺𝗎𝖺𝗇𝗒 ✔︎ Sendo Reescrita Onde histórias criam vida. Descubra agora