Circus of cards

Chapter Thirteen

Victor não sabia se pelo tom de voz da garota ela tinha ficado revoltada ou chateada, mas não comentou nada.

- Falta apenas uma fase, estamos melhor que imaginei.- Victor diz tentando trocar de assunto.

O barulho do sininho ecoou pelo ambiente, ele tocou quatro vezes.

- Quatro mortes.- Scarlet diz ainda contornando seu bracelete.

- São todos os participantes ou conta os ajudantes?

- Participantes, se o participante morrer, o ajudante também morre.

- Alguém já ganhou o prêmio?- Scarlet levanta sua cabeça olhando para o fogo.

- Uma vez, um garoto. Meu pai manipulou as lembranças dele para ele pensar que foi um jogo bem simples, nunca mais vi o garoto.

Scarlet se levanta e Victor a olha confuso, a mesma se afasta indo para a janela fechada na sala.

A chuva tinha diminuído, mas ainda chovia.

Scarlet abraçou a si mesma observando a chuva e um leve trovão surgiu.

Alexander, foi o seu primeiro e único amor.

Alexander ganhou, mas o pai de Scarlet apagou sua memória do jogo e de qualquer coisa relacionada ao circo, inclusive seu relacionamento com Scarlet.

Ela se lembra claramente o recebendo de braços abertos e toda feliz depois do jogo, mas quando ele olhou estranho para a mesma e perguntou quem ela era, seu coração partiu em pedaços.

Riun e Arne eram os únicos que sabiam do seu relacionamento com Alexander, as criaturas ficaram ao lado de Scarlet quando ela passou noites chorando.

Alexander nunca mais voltou ao circo, mas informaram Scarlet que ele tinha se casado e sua esposa esperava o primeiro filho.

Uma lágrima caiu do olho da menina fazendo a mesma limpar ela rapidamente e se segurar para não chorar.

Victor se levantou percebendo que tinha algo de errado com Scarlet, o garoto supôs que ela conheceu o vencedor do jogo.

Victor colocou a mão no ombro da garota e recebeu um abraço inesperado, demorou alguns segundos até Victor retribuir abraçando os ombros de Scarlet.

A garota não chorou, prometeu a si mesma que nunca mais iria chorar por causa daquele assunto.

Eles ficaram assim por alguns minutos, nem se incomodavam com o frio, o leve calor dos seus corpos os aqueciam.

- Está tudo bem?- Victor diz ainda com as mãos nos ombros de Scarlet.

- Estou, apenas me lembrei de algo que preciso esquecer.- Scarlet ficou com receio de contar aquilo, mas ignorou esse sentimento.- O garoto...eu fui apaixonada por ele, mas quando suas memórias foram alteradas, ele se esqueceu de mim.

- Está com medo de isso acontecer de novo?

- Não... porque eu não vou deixar que isso aconteça.- Scarlet voltou a olhar para Victor.

A única iluminação entre os dois era a leve luz que vinha do poste na rua e do fogo na lareira, a madeira estalava no mesmo.

Scarlet encarou os olhos verdes de Victor, mais bonitos do que os castanhos de Alexander. Para Scarlet, o garoto na sua frente era bonito em todos os sentidos e ficou surpresa vendo que ele ainda não era casado.

Victor tirou uma mecha levemente úmida do rosto de Scarlet e segurou a lateral do seu rosto.

A garota acabou selando os lábios do garoto, não precisava ficar na ponta dos pés, ela era alta e usava salto.

A outra mão do garoto foi para a cintura de Scarlet a puxando mais para perto.

Suas línguas se moviam calmante, por um instante eles se esqueceram que poderiam morrer na próxima fase, esqueceram da chuva lá fora e da lareira a onde a madeira estalava.

As mãos da garota foram para a nuca de Victor, fazendo um barulho metálico quando seus braceletes colidiram.

O garoto tirou a mão do rosto de Scarlet, colocando na nuca da garota aprofundando mais o beijo.

Scarlet queria poder ter a magia de controlar o tempo, para que esse beijo durasse para sempre. Não queria começar a ter sentimentos pelo garoto, não agora.

Um forte trovão ecoou pela vila e fez os dois separarem o beijo com o barulho, olharam para a janela e a chuva tinha aumentado.

Voltaram a se encarar e riram pelo susto, Victor tirou as mãos da cintura da garota e Scarlet voltou para a sua cadeira.

- Qual vai ser a primeira coisa que você vai fazer quando estiver livre?- Victor pergunta se sentando na sua cadeira e puxou a mesma para mais perto de Scarlet. A garota encarou o fogo e soltou um longo suspiro.

- Quero conhecer o mar, os campos verdes, ver a sensação do sol de verdade tocar minha pele.

- Posso ser o seu guia.- Scarlet olhou para o garoto e sorriu fraco.

- Aceito seu convite, Senhor Jones.

- Você realmente leu todas das cartas?- Scarlet desviou o seu olhar rindo.

- Seus erros ortográficos eram lindos.

- Eu era uma criança.

- Ao longo dos anos, elas ficaram mais curtas. Por que?

- Estava cada vez mais perdendo as esperanças.

- E cá está você, não aproveitando as maravilhas do circo.

- Minha irmã está, já é o suficiente. E eu comi bastante, só não vi nenhum espetáculo.

- As comidas realmente são boas.- Scarlet se xingou mentalmente por ter esquecido de comer mais antes de vir, sua boca salivou lembrando das tortas e bolinhos.

- Por que aquela mulher berrou o seu nome?- Victor perguntou, lembrando de ver Scarlet saltando da barraca.

- Roubei um dos bolinhos que não estava a venda, eles são os mais deliciosos, mas Senhora Woodhall não os vende.

- Por que?

- Para ela mesma comer sozinha.- Scarlet ri lembrando a mulher berrando com a mesma.

- Roubando bolinhos, Scarlet?

- Provavelmente você já fez algo pior.

- Já.- Victor estendeu a mão, Scarlet olhou e colocou a mão na orelha. Victor tinha roubado um pequeno brinco dourado que Scarlet usava nas orelhas.

Victor tinha pego na hora do beijo, sua mão foi para a nuca da garota, no caminho pegou o brinco de sua orelha sem a mesma perceber.

- Canalha.- Victor riu fraco devolvendo a pequena joia.