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Um silencio se instaurou na sala, enquanto que Bailey e Shivani permaneceram se olhando, se admirando...

Ele, tentando entender aquela estranha impressão diante de seus olhos castanhos encantadores.

Ela, o perguntando sem pronunciar nenhuma palavra:  – Até quando vai me tratar como se eu fosse um ninguém? Sem merecer o seu respeito... sangrando na sua frente... não são somente as minhas mãos que sangram, mas também, o meu coração.

Nenhum dos dois fazia ideia do que se passava em suas mentes, mas uma coisa era certa, naquele breve instante de troca, seja de olhar, ou de toque, houve um momento de paz.

Uma paz tão maravilhosa que os fazia querer permanecer assim, apenas se olhando... se reencontrando, se conhecendo melhor, da maneira física que se estavam mesmo.

Por sua vez, junto àquelas misturas de sensações, Bailey sentiu a mão coçar para fazer algo que o próprio repulsaria se estivesse no seu estado normal.

Elevar sua mão direita... e tocar o rosto de Marinette, dizendo, para que não o olhasse assim, tão distante, tão fria. Era como se o olhar dela o julgasse, mas com que direito?

Ela não era ninguém para julgá-lo e ele não merecia aquele olhar... Tão bonito, mas tão, tão...!

- Me responde agora, por que continuou pegando os malditos cacos de vidro quando eu mandei você parar? – questionou sério, retirando do bolso da calça um lenço para colocá-lo na mão que sangrava. A envolveu tentando estancar os sangue enquanto que mantinha o olhar crítico, reprovador.

Ainda mais porque Shivani não o respondia e ele simplesmente, odiava aquele silencio!

- Fala. – exigiu.

Por fim, aos poucos, ela foi abrindo a boca para lhe responder num tom totalmente manso e diferente da sua postura autoritária. O que o fez elevar a cabeça novamente para olhar em seu rosto.

- Porque... o copo era do seu pai... e se ele descobrir que esta quebrado, ele vai brigar com você...

A frase o atingiu em cheio, foi pior do que qualquer tapa que ela pudesse lhe dar na cara. Mas que infelizmente, surtiu um efeito contrário: ao invés de se compadecer da sua atitude altruísta, a achou ridícula! Onde já se viu, se cortar daquele jeito por causa de um copo que nem era seu!

Ainda mais sendo logo, da pessoa que não ... não se importava o mínimo com ela. Era uma tonta mesmo, uma esquisita.

Ele ficou a analisa-la por um tempinho, até que desse uma risada baixa em puro desprezo.

- Você é mesmo... ah, esquece! – nem concluiu a frase, colocando-se de pé na sua frente. – Eu vou chamar a Sabina pra te ajudar a fazer um curativo nesse machucado. Acho melhor passar um tempo descansando antes de voltar a trabalhar.

Então caminhou até o telefone para discar o ramal da secretária só que não foi preciso, pois a mesma apareceu de repente na porta.

- Com licença, desculpe interrompê-lo senhor Agreste mas- Ah! Meu Deus!

Os dois olharam espantados na direção de Sabina que se demonstrava surpresa por ter visto o cenário caótico na sala: vidro espalhado no chão e sangue escorrendo das mãos de Shivani.

- Ah ótimo Sabina, que bom que apareceu. – entretanto Adrien logo se demonstrou tranquilo fazendo um sinal para que entrasse. – Preciso que você ajude Shivani, para fazer um curativo na mão dela.

A secretária se encontrava atônita. – Certo, mas... o que aconteceu??

- Ah Sabina a Shivani te conta, agora eu preciso ir... aliás, você queria me dizer alguma coisa?

Ele já tinha ido para sua mesa, ajeitar seus papéis enquanto que Sabina se aproximava da garota encolhida na cadeira.

- Minha querida, está doendo? – perguntou ao se colocar próxima de Shivani que negou em silencio.

- Sabina?

A mais velha teve que inspirar fundo, para não acabar BERRANDO "BAILEY MAY". Como ele podia se manter naquela pose, tão frio, tão insensível? Pelo amor de Deus!

- Senhor, só vim avisar que a senhorita Ylona Garcia o aguarda na recepção!!!

A expressão do May logo mudou para um sorriso satisfeito. - Aaah ta, ótimo! Eu vou indo lá então. Cuide dela, quando voltar, vejo como as coisas ficaram.

Nisso, caminhou apressado munindo dos papéis que havia recolhido na sua mesa.

Sabina continuava perplexa ao vê-la sair assim, como se não fosse nada ter uma funcionária machucada sentada na sua frente. Aliás, não somente uma funcionária, mas um ser humano.

Uma moça tão frágil assim comoveria a qualquer pessoa que a visse naquele estado, MENOS o coração frio daquele homem.

- Você esta bem mocinha? – a questionou, observando que Shivani segurava a mão sangrando com a outra, tentando estancar o sangue.

Ao notar bem no rostinho da mestiça, não conseguiu ver nenhuma ponta de dor ali, nenhuma se quer.

Muito pelo contrário, ela parecia estar... sorrindo...?

Franziu a testa, estranhando essa reação, mas quando pensou em perguntar, a própria elevou os olhos brilhantes e disse, através de um sorriso terno:

- Senhora Hidalgo... está vendo esse lenço? – acanhou-se balançando o corpo suavemente para os lados. – Foi o senhor May que deixou comigo... quando eu comecei a sangrar...

A mulher mais velha teve que se recostar na mesa atrás de si, tentando entender mesmo o que estava vendo nos olhos castanhos reluzentes.

Infelizmente não poderia pensar em outra coisa.

Mas que dó... que pena... a pobrezinha estava apaixonada pelo seu próprio carrasco.

- Aaah minha filha... – soltou, balançando a cabeça. – Que bom não é? Que bom que pelo menos ele fez isso...

Shivani assentiu meiga o que só fez o coração de Sabina vacilar por pena. Teria que ajudar aquela moça, fazê-la desencantar por Bailey, pois aquele sentimento... não lhe renderia nada de bom. Absolutamente nada.

Era muito simples de ver... de entender. O senhor May não se importava o mínimo com ela. Ele se quer pensava na sua integridade física como funcionária e era isso que não conseguia entrar na cabeça de Sabina: O motivo de se comportar assim!

Talvez... ela jamais fosse compreender. Sobre tudo o próprio Bailey que já se encontrava com Ylonta ao seu lado, indo para o carro dele.

Caminhava com o semblante sério,  até que sentiu uma vontade de parar bem em frente à fachada da empresa, e elevar a cabeça  para o andar de cima onde ficava sua sala.

- Bailey, tá tudo bem? – Ylonta o perguntou, estranhando sua parada repentina.

"Será que ela vai ficar bem mesmo...? Hunf,  aquela tonta..". - Onde já se viu pegar vidro com a mão...

- O que?? – a mulher riu o que o fez fitá-la e rir também.

- Ah deixa pra lá, é uma bobagem que eu to pensando aqui.

- Bobagem, sério? Será que você não esqueceu nenhum documento? É melhor voltar pra ver!

- Não. – Bailey respondeu tranquilo, colocando os óculos escuros e voltando a caminhar. – Acredita em mim, não é nada importante... nada mesmo.

Ylonta então deu de ombros, caminhando ao seu lado.  – Ok, já que você diz...! 

Ambos chegaram no carro enquanto que ele abria a porta para que ela entrasse.  - P*rra, nem parece que tá com o cara... tô dizendo...!

- Ah tá, até parece...! 

Assim, o casal seguiu trocando risadas, até que Adrien os tirasse dali. 

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Sweet Popcorn - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora