He Saw Me

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  Acordei com um pulo devido a um barulho horrível e oco em um ponto em que não consegui definir. Demorou um tempo para minha alma voltar para o meu corpo, já que minha cabeça doía tanto que eu queria morrer. Olhei ao redor e agradeci internamente por estar em meu quarto, mas não sabia como havia chegado ali, então o alívio rapidamente se foi.

  Repassando cada aspecto da noite anterior, forcei meu cérebro idiota a se lembrar do que havia feito, ou pior, falado naquela social. Minha boca sempre me traía quando eu bebia excessivamente, mas, de acordo com os acontecidos da noite, eu não tive muita escolha.

  — Estava torcendo para não ter te acordado.

  Alguém em minha porta, entrando lentamente no meu quarto me fez congelar, principalmente porque ele estava sem camisa. Eu diria alguma coisa se uma pontada me atingisse como se eu houvesse levado um tiro. Eu simplesmente odeio ressaca.

  — Ah, isso. — Ele percebeu que eu estava estranhando suas vestes, ou a ausência de uma delas e tocou se próprio peitoral. Preciso admitir que senti um pouco de inveja de sua segurança quanto ao próprio corpo. — Bom, minhas roupas sujaram, então eu precisei lavá-las. Coloquei as calças atrás da geladeira para secarem mais rápido e não ter que andar por aí apenas com a roupa de baixo. — Ele pegou algo em minha cômoda que imaginei ser seu celular e desbloqueou a tela. — Estava um pouco bêbado quando lavei a blusa, então não vi que ainda estava suja e precisei lavar de novo. Vou embora assim que ela secar.

  Ele continuava com os olhos fixos no celular enquanto falava, mas não precisei olhar direto para ele já que percebi que ficou parado no mesmo lugar enquanto eu desejava desesperadamente desaparecer com meu rosto escondido entre os joelhos. Sabia com o que as roupas dele ficaram sujas e entendia o motivo de não poder voltar para sua própria casa, mas aquila não era a pior parte.

  — Olha, eu não faço aquilo sempre. — Comecei a falar o encarando, mas pelo seu olhar, não pareceu que ele acreditava plenamente no que eu estava falando, apesar de estar prestando atenção. — Eu estava apenas testando algo que um amigo me sugeriu, mas esqueci de fechar todas as janelas e...

  Parei de falar para esconder meu rosto nas mãos, já que a vergonha que sentia era tão estupidamente intensa que fazia meu rosto e orelhas arderem como se pegassem fogo. Tudo que eu queria naquele momento era bater na cara do meu eu do passado que decidiu seguir uma dica "terapêutica" de um cabeça de vento qualquer.

  Ouvi uma risada baixa vinda do outro lado da sala e descobri um olho para ter certeza de que ele ria de mim, mesmo que fosse óbvio. Seu sorriso era genuíno em todo o seu divertimento com meu desespero. Achei aquilo tão audacioso que abaixei as mãos por completo e o encarei, perplexo, o que só o fez rir mais ainda, porém no mesmo tom. Não pude conter algumas risadas também depois que ele esfregou os olhos com uma das mãos.

  — Tem um belo corpo, sabia? — Ele comentou, ainda sorrindo, mas claramente falava sério, o que me fez voltar a corar. — Esse Sr. Kim... não sabia o que estava perdendo.

  Devido meu histórico, com certeza havia deixado escapar que meu primeiro amor não correspondido foi pelo meu professor de Literatura do ensino médio, apesar disso, não tinha certeza do quanto havia dito. Talvez os detalhes ainda não tivessem sido revelados.

  — Se lembra do meu nome? Pela cara que fez quando entrei no quarto, duvido até que lembre de onde estava na noite passada.

  Me esforcei para lembrar, mas tudo que consegui retornar foi que era algo com a primeira sílaba forçando a boca a fazer um biquinho para pronunciar, enquanto isso ele se sentou na ponta inferior da cama.

  — Jooheon. Lee Jooheon. — Ele falou por fim e eu murmurei um pedido de desculpas, que ele assentiu. — Então, você se declarou mesmo para ele?

  Olhei para ele por um segundo, depois encarei meus dedos. Não era como se eu tivesse vergonha, então não era problema contar. Ainda mais porque Jooheon não parecia ser do tipo que sai por aí fofocando sobre a vida dos outros.

  — Ele foi muito gentil comigo. Disse que desconfiava que eu tivesse tais sentimentos, mas nunca quis me forçar ou me deixar desconfortável. Após isso, ele passou a ser ainda mais gentil comigo, talvez como forma de compensar,  e uma empregada que ouviu quando contei a Hoseok espalhou que eu era gay. É claro que ela não contou que eu fui rejeitado, então os boatos começaram a se reforçar sobre meu "caso" com o professor. O diretor me deu duas opções: pedir transferência ou estragar a carreira do professor Kim. — Eu o olhei com um sorriso triste. — Nunca disse a ele porquê fui embora, nunca disse adeus, apenas cortei os laços. Foi melhor assim.

  Deixei que ele processasse o que ouviu enquanto eu me levantava para escovar os dentes, só então percebi que estava de pijama. Ele havia me dado banho, mas eu não pretendia tocar no assunto, já que não era a primeira vez que ele me viu nu.

  — Fiz o café da manhã. Espero que não se importe.

  Saí do quarto e ele me acompanhou. Tomamos café em silêncio, na sala, enquanto eu apenas tentava recuperar parte do que aconteceu enquanto eu estava bêbado. Talvez tivesse o agarrado, ou feito algo ainda mais constrangedor do que vomitar nele. Enquanto isso, ele com certeza ponderava sobre o que eu disse a ele. Provavelmente estava pensando em algo para me consolar ou me aconselhar, mas fiz questão de deixar claro que não era mais tão importante com minha linguagem corporal.

  Apesar de surpreso, não afastei sua mão quando ele tocou a minha e a segurou com firmeza, me olhando de um jeito completamente transparente. Estava tão envolvido naquela atmosfera que não sabia direito em que momento começou a pairar pelo ar que não movi um centímetro quando ele se aproximou e tocou meus lábios rapidamente com os seus.

Window ~JooKyunOnde histórias criam vida. Descubra agora