Capítulo II - Como ele descobriu o número do celular dela

310 34 10
                                    

Capítulo II

Como ele descobriu o número do celular dela

Dia 16

— Merda – Scorpius Malfoy arrastou a perna engessada para fora do carro quando esse estacionou em frente ao prédio da Promotoria.

A chuva que caía era grossa o suficiente para que ele tivesse que enrolar um plástico em volta do gesso que agora tampava sua perna direita, do pé alcançando quase o joelho. Somando isso com o terno meio molhado, o grande guarda-chuva verde – sim, verde, grande hora para sair atrasado e não achar nenhum outro em casa –, a muleta que o apoiava em baixo do braço esquerdo e estar um pouco atrasado para a audiência, a situação era humilhante.

Humilhante, com todas as letras, e ele não podia nem negar. E, justamente quando ele conseguiu alcançar a entrada do edifício e julgava não poder piorar a situação, Hermione Granger saía – mais estonteante impossível – de um dos corredores do prédio chegando ao saguão.

— Ora, Malfoy, me contaram que quebrou a patinha. – ela sorriu.

— Não se preocupe, Granger, é como dizem: gatos tem sete vidas – o sorriso que abriu contrastava de modo inigualável com o resto de sua situação.

Ela continuou a sorrir.

— Bom, creio que nos veremos em breve, Malfoy. Tenha um bom dia.

Hermione continuou seu caminho sobre os saltos altos do scarpin preto até as portas automáticas do edifício. Scorpius continuou a sorrir e balançou a cabeça, como se agora as coisas definitivamente não pudessem piorar. E ele tomou como lição de vida nunca dizer que algo não pode piorar: sempre vai piorar.

O gesso já tinha atrapalhado tudo que pudesse – inclusive um encontro no sábado a noite que teve de ser desmarcado, se fosse mesmo listar – e, além de tudo, ele coçava. Sua pele por debaixo dele coçava tanto, ele não achou que fosse possível algo coçar tanto – nem quando enfiou o pé em um formigueiro no auge da infância. Ele estava a ponto de enfiar aquela régua que estava em sua mesa, bem à sua frente, pela fresta que o gesso deixava.

Para se somar à coceira, o calor era infernal e o terno não passava pelo gesso: ele teve que mandar cortar uma das pernas de alguns dos seus ternos. Parecia que ele estava usando uma bermuda em uma das pernas, com os dedos do pé para fora do gesso, pronto para ir em uma viagem de férias; enquanto a outra metade poderia posar para a capa de uma revista famosa.

Após um dia entediante e um remédio para dor depois, conseguiu chegar em casa razoavelmente seco – ele já havia comentado o quão odiável era o clima de Londres? – decidido a estudar o novo caso, para poder falar e defender tão bem no Tribunal na próxima semana que eles, certamente, nem olhariam para a sua perna engessada.

Deitou-se no sofá, tendo o cuidado de esticar a perna e coloca-la sobre almofadas – quanto antes pudesse se livrar daquilo, melhor – e abriu a pasta do caso. Pois foi a conta de começar a se concentrar e entrar 'no clima', que o telefone começou a vibrar incansavelmente sobre a mesa de centro.

Olhando o visor, identificou o nome e a fotografia de sua avó. Franziu as sobrancelhas antes de atender, pensando se algo grave tinha acontecido.

— Alô?

— Scorpius – a voz dela era feliz. – Você precisa que passe aí, meu bem? Por causa da perna e tudo mais.

(500) Days of RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora