🔥Capítulo 56

1.3K 177 579
                                    

Cindy

Entro mais uma vez naquele lugar, sempre vou com a esperança dele acordar, mas sempre saio com a tristeza de pensar, que possa ser a última vez que o veja. Esses dias não estão sendo fácies... nada fáceis. Mas a estadia na casa dos meus amigos, Lucy e Dante, ameniza um pouco, melhor do que estar sozinha em casa, vendo todas as lembranças de nós dois por todo o apartamento.

Entro, visto a roupa de proteção, e caminho para encontrá-lo. Ele não me parece bem hoje, estou o achando mais magro. Vou precisar aprender umas recitas com Lucy, quero cuidar bem do meu marido quando ele sair desse lugar, eu tenho essa esperança. Passo a mão no seu rosto, sinto que está um pouco frio, eu tento aquecê-lo com minhas mãos envolta dele. Noto que seus cabelos estão mais crescidos, até caem sobre a testa. Sempre eu os ajeito para o lado, e um pouco para trás, como ele gosta de deixá-los. Sorrio assim que vejo seu cabelo arrumado pelas minhas mãos. Beijo de leve, seus lábios ressecados, e deito a minha cabeça com cuidado sobre seu ombro. Costume meu, sempre que acordava, ele estando ao meu lado, fazia isso.

- Quanta saudade de você, doutor gostoso! Saudade do meu marido sorrindo quando me vê dando meu bom dia mal-humorada! Saudade da sua careta, aquela que você faz ao me ouvir, tentar cantar! _ seguro sua mão enquanto converso, tento aquecê-la também, está um pouco fria. Volto a olhar para ele e aliso seu rosto. - Você sabe como me faz falta, te falo todas as vezes, e mesmo assim, você não volta pra mim! _ falo com a voz embargada.

Tento conter as lágrimas que nunca secam, elas fazem parte da minha rotina agora. Aliso seu cabelo loiro e sorrio ao lembrar-me da última conversa que tivemos.

- Você lembra o que me prometeu? Disse que me daria um filho, logo que eu me formasse, nós começaríamos a praticar mais do que fazemos. _ olho pra trás e sorrio. - Por sorte não estamos com plateia! Bem que você diz, que sou sem noção, às vezes! _ continuo a alisar sua mão e me deparo com seus olhos fechados. - Droga Jeffrey, você me prometeu um garotinho loirinho de olhos tão azuis e lindos quanto os teus. Não faz isso com a gente, com o nosso amor! Eu nem consigo ficar no nosso apartamento, tudo me lembra você! _ começo a chorar mais, e minhas pernas cedem. Puxo uma cadeira, e me sento, para não cair. Tento trabalhar a respiração, como Lucy me ensinou. Respiro fundo e volto a olhar para o meu marido. Eu não aguento vê-lo assim cheio de fios pelo corpo, com esse tubo na boca. - Eu durmo agarrada ao teu jaleco. Eu sei que é louco! Mas essa sou eu, tua maluquinha! É porque ele ainda tem teu cheiro! Eu preciso um pouco disso para te sentir perto de mim!

- Senhora, o tempo acabou! _ me assusto com a voz do enfermeiro.

- Só mais um minuto, e eu saio! _ ele sorri em compreensão, e sai.

Acho que eles me avisam antes do tempo findar, porque sempre eu peço esse minuto final! Só não gosto do termo que sempre usam; "o tempo acabou!" Nunca eu saio bem depois disso, nunca saio com a esperança de que amanhã ele estará aqui, ou até que tenha voltado desse sono sem fim.

- Não gosto de ouvir isso! Você está me ouvindo, Jeffrey? Eu sei que está, não adianta fazer essa cara de paisagem! Eu não aguento mais isso, tá me ouvindo? Trate de acordar, e não me invente de morrer, senão eu mesma mato você! _ passo a mão pela minha cabeça. - Só posso estar ficando louca, ou mais louca que já sou! Você ouviu o que eu disse? Que mataria você! Eu não estou bem! Droga, acorda! Chega, vem ficar comigo, por favor! _ aperto sua mão com força.

- Senhora!

- Eu sei, já estou saindo! _ me inclino para beijar sua testa. - VOCÊ VIU ISSO?

- O quê, senhora?! _ o enfermeiro se assusta, e diz ao se aproximar de mim.

- Ele não quer que eu vá! Ele...ele, segurou!

- Segurou?

- Sim. Sim, meu marido segurou a minha mão! Você não viu? _ eu olho sorrindo para o enfermeiro, e depois para meu marido. Que se mantem do mesmo jeito, como se isso fosse coisa da minha imaginação.

A Força do FOGO - ( Série Os Quatro Elementos - Livro  II )Onde histórias criam vida. Descubra agora