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Acordo assim que escuto o som agudo irritante do despertador. Tento desligar ele apalpando qualquer coisa que esteja em cima do móvel onde ele está, tudo o que está ali cai no chão, porém o pequeno relógio redondo e vermelho, ainda está tocando, tocando e tocando sem parar.

- Mamãe, desliga esse balulho, por vavor...

Finalmente abro os olhos e desligo aquele maldito pequeno relógio que me deixa mau humorada. Olho para o outro lado da cama e a minha má disposição logo some, quando vejo o rostinho pequeno e meigo da criança que eu trouxe ao mundo.
Nós levantamos juntas e fomos até o banheiro tomar banho.

Nina é tão apegada à mim que sempre faz questão de tomar banho comigo e dormir na mesma cama que eu, por mais que a dela seja confortável e espaçosa.

Me apreço, pois estou visivelmente atrasada por demorar quase uma vida para levantar da cama. Ontem fomos dormir tarde com a desculpa dela de que eu não voltei no horário certo de tomar o chá da meninas, que é eu, ela e suas inúmeras bonecas metoo, que mais parecem coelhos do que de fato uma boneca.

Nos trocamos rapidamente antes de tomar o café da manhã e sair de casa apressadamente.
A escola dela fica à alguns quarteirões do pequeno prédio que nós duas moramos.

Decidi sair de casa recentemente, já estava economizando havia algum tempo, para que pudesse ser só eu e Nina, no nosso canto. E, também já que eu terminei a faculdade recentemente e não dava para deixar Nina sozinha no horário noturno das minhas aulas.
Minha mãe não aceitou essa idéia logo de cara, pois dizia que eu estava sendo precipitada; ela se fez de vítima dizendo que eu era uma ingrata e que sair de um lar onde você tinha tudo a seu dispor e sem cobranças, era uma tremenda desfeita. A verdade é que mamãe e papai são muito apegados em Nina, então por isso usou todos os argumentos possíveis contra essa idéia. No fim, eu consegui convencê-la de que apesar de ser um pouco precipitado eu queria adquirir essa independência, pois sempre sonhei em ter um lugar que eu pudesse ficar a vontade, não que lá eu não estivesse, mas para mim era uma meta ter essa autonomia. Tirando o fato de que eu estava no começo de uma estabilidade, por conta do cargo que agora eu prestava na empresa que eu trabalhava à anos.

Assim que deixo Nina na escola, fico no ponto de ônibus esperando o ônibus das 8h passar.
A minha segunda meta de vida seria comprar um carro, mas isso está em um futuro distante, ainda nem estava começando a economizar para isso. Entretanto, eu sempre tive pra mim que subir um degrau de cada vez era essencial, saber esperar e ter calma pra mim era um símbolo de independência e maturidade.

Chego na empresa e vou direto para a minha mesa. Termino de organizar algumas coisas e como de costume vou até a sala do meu chefe. Bato na porta antes de abrir, e ele balbucia um "pode entrar" rotineiro.

- Bom dia! Eu terminei de organizar todos os papéis que foram revisados ontem. E não se esqueça que hoje, às 14h o senhor tem uma reunião com os investidores da Angullar. - Digo colocando a pilha de papéis em cima da mesa grande, retangular e moderna.

- Bom dia, ainda bem que eu tenho você pra me lembrar, já tinha me esquecido. Se não fosse por você eu estaria totalmente falido. - Ele solta uma risada alta, me fazendo rir junto.

- Imagina só...

- Charlie, senta aqui, por favor - diz ele olhando para a tela do computador a sua frente, com os óculos apoiados na ponta do nariz.

O senhor Joseph Ahrenberg, é um renomado arquiteto e engenheiro civil alemão. Ele tem idade para ser o meu pai, mas é um homem conservado apesar de idade, ele tem os cabelos levemente grisalhos e a cada dia está vestido com um palitó diferente. Ele possui vários certificados de conceito de ambas as áreas, fora as duas graduações que ele fez, ele ainda tem outros cursos extracurriculares que agregam cem vezes mais nós seus conhecimentos.
Eu comecei a trabalhar aqui como uma estagiária, quando eu fazia administração. Quando fiquei grávida de Nina, automaticamente tranquei a faculdade e fiquei afastada do meu emprego. Quando Nina tinha ainda 8 meses, eu voltei aqui na empresa e falei com o senhor Ahrenberg para que arrumasse qualquer outro emprego aqui para mim, ele conseguiu me encaixar como sua secretária temporariamente, já que eu estava habituada com a rotina, além da sua antiga secretária ter se casado e se mudado para outro país. Pedi indicações a ele do que eu poderia fazer para ter o emprego fixo.
Em resumo, eu fiz gestão financeira e agora estou tendo a oportunidade de fazer edificações, que é um curso técnico de construção civil, onde o meu próprio chefe dá aula junto com outras pessoas renomadas da área; já que eu acabei me interando nesse mundo de construção e projetos, além de ser o braço direito do meu chefe, segundo ele.
Ele sempre foi muito bom comigo, e sempre me ajudou, por isso eu sou muito grata à ele.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora