8° capítulo

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     Senti um cutucão em meu ombro e levantei meu rosto para o local vendo uma mão tatuada. Ele não saiu mesmo daqui? Pigarreio mantendo minha cabeça em seu ombro, me sinto melhor com ele. Eu não via outra pessoa além dele aqui comigo.

     Já fazia mais de 6 horas que estávamos ali esperando podermos entrar. Jeon não saiu um minuto se quer do meu lado apenas para ir ao banheiro e comprar o almoço que eu neguei comer. Ele inventou uma desculpa esfarrapada para a Joy-ssi que autorizou que ele ficasse até amanhã a noite na "casa da mãe dele que estava mal"

     - Park Yun-ssi? Podem entrar, já podem vê-la! - o médico fez para que seguissemos e assim fomos.

     Os corregedores de hospitais são tão gelados e arrepiantes, tristes e silenciosos apenas aqueles choros familiares de crianças, adultos. O médico abriu a porta revelando seu interior, Noha estava com vários aparelhos nela, inclusive aquele que a mantinha viva, oque me fez ficar diretamente sem chão. Ela segurava com a mão o colar que eu havia lhe dado e quando me viu ela sorriu tão forte que me fez marejar novamente. Eu a amava e não suportaria e não suporto vê-la assim.

     Jeon entrou timidamente se sentando na cadeira e eu me sentei ao lado de Noha. Ela guiou seu olhar até Jeon que sorriu amarelo ao vê-la olhar pra ele. Eles já se conheciam? O que eu perdi? Ela sussurrou algo que não ouvi.

     - O que Noha?- questionei e me aproximei pra ouvir melhor.

     - Menino... O menino mal! - ela sussurrou e eu dei a melhor risada que pude.

     - Parece Noha-ah, que ele não é tão mal assim! - sussurrei pra ela.

     - Você precisa descansar filha, já está tarde! - ela sussurrou tossindo logo em seguida pelo esforço que fez.

     Peguei em sua mão e a senti aperta-la levemente, eu neguei com a cabeça e senti minhas lágrimas persistentes pedirem por passagem eu as deixei ir. Noha era um pedaço de mim, eu não aceitei e me recuso a viver sem ela, não agora.

     - Noha... Você promete que vai ficar aqui?

     - Ah minha pequena Yun, eu quero ficar aqui, sabe o porque? Você é a filha que a vida me deu, a nova filha e a pessoa mais especial que ela já pode me dar! - as estrelas do céu invejavam o brilho que estava em suas íris - Mas eu sinto... Que não aguentarei!

     - Por favor Noha, por mim! Aguente firme! Seu coração é forte! Tudo vai ficar bem! Você vai ficar bem, e vai ficar comigo até os seus cem anos! - apertei sua mão.

     - Se isso fosse um conto de fadas... Sim! - ela sorriu mesmo que seus olhinhos estivessem tão tristes agora - Mas não finja que o médico já não disse que eu tenho pouco tempo de vida!

     - Eu não acredito nele! Noha... Você tinha que viver bem, é isso que você merece, você merece viver bem e feliz, é assim que tem quer ser! - ela sorriu novamente e me pediu para que a olhasse.

     - Mas nem sempre as pessoas tem aquilo que merecem Yun querida, os três anos que te conheci, compensaram todos os meus 79 anos de tortura! - eu neguei agora já aos prantos.

     - Em uma cadeia, injustamente! Você me conheceu em uma cadeia sem culpa nenhuma! - ela negou tentando se levantar, mas ela fez uma cara desgostosa e voltou a se deitar.

     - Mas você estava lá, por mais que estivesse apenas três anos, e isso tudo compensou tudo! - ela sorriu e ela também chorava.

     - Isso é injusto Noha! Tão Injusto! Você disse que uma tentativa sem dor e sofrimento não tem recompensa... Qual é a sua recompensa Noha? Qual é a sua recompensa por ter ficado 20 anos em uma cadeia? Huh? - gritei enquanto chorava, sentindo que tudo já estava desaparecendo.

     - Você é minha recompensa Yun! - ela limpou minhas lágrimas? - Você é a recompensa de todo o esforço, e eu tive a vida mais feliz que eu poderia ter, porque você fez parte dela! - eu a abracei, e senti que agora ela era quem chorava.

     - Eu amo tanto você Noha... Por favor fica comigo! - choraminguei.

     - Eu já estou pronta pra ir querida, já fiz toda a minha missão, e já tive minha recompensa eu já não tenho mais um propósito! - ela disse. - E enquanto a você... Você tem um, um grande propósito! Sabe qual é?

     - Huh?

     - Não sabe? Então logo os deuses irá mostrar pra você, o motivo de tudo isso! - ela sorriu.- Eu já estou fraca querida, e não quero mais tentar, já vivi muito. Eu já estou pronta!

     - O que quer dizer?

     - Você terá que... Respeitar... A minha decisão! - ela fechou os olhos assim que a olhei. - Eu vou pedir para desligarem o aparelho!

     A olhei incrédula colocando a mão na boca, meus olhos tremeram e eu neguei freneticamente com a cabeça. Ela estava desistindo? Isso não é a Noha, ela não poderia e não faria isso! Não, não, não.

     - O que?

     - Eu estou sofrendo querida... O câncer é cruel! Eu já pedi para desligarem... Mas pedi também para que não dissesse a você... - ela suspirou pesado. - Porque sabia que você iria reagir assim, mas eles já irão desligar em duas horas!

     - Você não pode fazer isso comigo Noha! Todos me abandonam! Todos! Mas você não pode fazer isso! Não faz isso, não comigo, por favor! - eu gritei me ajoelhando no chão.

     - Se levante, não faça isso! - ela disse e olhou para Jungkook dando um sorriso menor e voltou a me olhar. - Jeon, ele é um bom rapaz! Sabe Yun... - olhei para Jeon que negou com a cabeça para ela. - Ele quem pagou a fiança, ele fez isso e pediu para que eu não contasse, mas não posso morrer sem contar oque ele fez, e por quem ele fez!

     Aquilo com certeza foi como um chute no meio do estômago, eu estava petrificada e senti um peso de culpa me tomar, ele pagou tudo aquilo? Por mim ou pela Noha? Ele fez mesmo isso? Eu não sei oque fazer, eu estou tão envergonhada por isso.

     Olhei para Jeon lentamente, que estava com os olhos arregalado e soltou um ar pesado e depois me olhou. Eu não sabia oque fazer, nem mesmo como fazer isso, graças a ele pelo menos ela saiu da cadeia, por poucos dias, mas saiu e agora ela está feliz, e eu estou em uma espécie de balança, em que eu medi minha culpa, com a saudade, e a saudade pesava muito.

     - O... O-oque? Jeon... Ele... Você, você fez mesmo isso? Obrigada Jeon, obrigada mesmo eu sou eternamente grata por isso! - eu dei um sorriso e meus olhos despejaram mais lágrimas caiam com uma facilidade.

     - Tudo bem! Não foi nada demais.

     Ele fez isso, eu não faço ideia o porque, e nem o por quem ele fez! Mas eu estava disposta agora a perdoa-lo, eu estava disposta a enfrentar o mundo pra estar com ele, eu estava disposta a me doar por nosso amor mais uma vez, e não por ele ter pagado a fiança, e sim por ter me dado o pretexto tão desejado para que eu pudesse admitir que queria ele de volta. Mas antes, eu deveria me resolver com Choi San...

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     Faltavam apenas uma hora para que a maior desgraça da minha vida acontecesse. Jeon insistia para que eu comesse algo mas nada passava na minha garganta. Eu apenas queria que ela não fizesse isso... Era injusto, comigo. Tão injusto. Eu não posso imaginar como vai ser quando isso acontecer mas a saudade já está se fazendo notável antes mesmo de acontecer...

I Still Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora