Acho que vir para essa maldita escola só me machucou. Eu poderia ter falado que amei passar todas as noites do meu inverno em dormitório quase vazio, sem meus amigos. Mas não amei, foi bom em partes.
Ficar enfiada em um carro por horas, ouvindo minha melhor amiga cantarolar músicas pops, enquanto eu me afogo em um livro de romance ruim, com um relacionamento tóxico e fadado ao fracasso. Eu amava isso.
O começo do inverno, foi difícil. Subitamente, eu fui submetida a entrar numa escola militar, ainda no meio do ano. E tudo que eu consigo me lembrar sobre o começo dessa merda, é que eu deveria ter prestado mais atenção na Yasmin.
Naquela sexta feira chuvosa, eu me despedi do minha mãe com um simples "adeus". Entrei em um dos meus carros, só que no banco do carona. Minha amiga iria dirigir, o que era uma tremenda irresponsabilidade da minha parte. Yas estava com a carteira de motorista suspensa após jogar seu carro em uma árvore, enquanto estava com tantas substâncias ilegais em seu corpo que se usasse mais cocaína, morreria por overdose.
Mas eu não me importava com isso, ela estava sóbria. Então, acomodadas sobre o banco de espuma forrado com couro preto e novamente forrado por mim, com uma manta que usava para me cobrir em viagens, partimos da cidade litorânea no sul do Reino.
Eu sentiria falta de correr descalça pela praia, de ler livros sentada na borda do paraíso (o pequeno lago numa gruta no porão da minha casa), tocar músicas clássicas em no piano que tem na varanda do meu — Antigo — quarto.
Passar horas e horas, vezes lendo, vezes olhando a paisagem do pequeno reino no que já foi conhecido como litoral europeu. Eu gostava do mar, fiquei feliz que minha mãe escolheu uma escola perto de uma das melhores praias do mundo. Apesar dela ter escolhido porque Nicolas estudava lá.
Era começo de inverno, a garoa fina e gelada que caia contra o asfalto da enorme estrada que conectava todo o país. Os vidros fechados ficaram embaçado graças ao frio, e Yas ligou o para-brisas e o rádio em uma estação que falava sobre a tempestade que viria do litoral.
As vezes eu tenho inveja da Yasmin, dessa espontaneidade e alegria que ela transmite. Talvez seja porque eu já passei por um monte de barras na minha vida, mas eu não conseguia me sentir feliz a muito tempo.
Eu gostava do cabelo da Yasmin, um avermelhado tão vivo como o fogo. As ondas suaves que se destacavam principalmente quando seus cabelo estava solto e ao vento. Seu cabelo era grande o suficiente para delinear o corpo esbelto, e cheios de curvas da adolescente de 16 anos.
Desde que conheço a ruiva, eu me sinto bem. Ela era como a chuva em um dia muito quente e abafado, como a noite que me livra do sol quente e odioso. Ela é como o banho gelado, em uma quente noite de verão. Mas ela também poderia ser a lareira no inverno brutal, o calor de um chocolate quente em uma noite solitária e gelada. Ela era a companhia que eu sempre desejei em minha vida.
Nunca tive muitos amigos, na verdade, não faço a mínima ideia de como foi a minha infância. Eu apenas tive meus dois irmãos como companhia. Nicolas meu irmão mais velho, foi para a escola militar faz três anos, e está no seu último ano. Já Nate, desapareceu sem deixar rastros faz dois anos, pelo menos era o que eu pensava.
No meio do caminho, Yas decidiu que comer era uma boa. Só que nem estávamos perto da cidade, então eu ouvia ela se lamentar de fome. Eu gostava de ver como a boca dela se mexia, e como os lábios carnudos com um arco de cupido bem delimitado se contraiam para dentro quando ela estava irritada. Ou como se gostava de balançar o corpo, num ritmo animado enquanto me ajudava a limpa uma casa de 50 cômodos e uma lagoa no porão. Uma boa música, e coragem ajudava bastante.
Eu gostava do estilo da Yasmin, a forma a qual ela se vestia e se expressava era única. Entre as várias opções de roupas, usar um top vermelho com alças finas e uma saia xadrez também vermelha, sempre combinando com uma sandália com salto meia pata. As unhas sempre cortadas e lixadas, normalmente pintadas de vermelho. Eu achava ela incrível.
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Os teus lindos lábios
CasualeE quando que percebi que você estava mentindo? Teus lábios avermelhados gesticulavam as mais lindas mentiras, e eu fingia que acreditava no que tu dizia. Teus olhos violetas, meio azulados que quando ficava frio se tornavam cinzentos eram lindos. Pe...