Poderia pichar nossas iniciais nos muros da sua rua e te escrever versos em guardanapos usados. Mas, amor, te escrever já não é mais possível dentro das minhas regras gramaticais. Eu, que sempre achei que sabia escrever, passo noites em claro tentando achar palavras para descrever o que sinto por você. Mais eu falho. Sei que meu vocabulário limitado não é mais uma desculpa. Nenhuma combinação de vinte e seis letras é suficiente. Essas palavras não são encontradas em nenhum dicionário, não constam em nenhuma enciclopédia. Não possuem sinônimos, antônimos, não pertencem a nenhuma classe gramatical. Por mais que minha mão não insista em escrever cada linha sua, o que sinto por você nunca caberá em poucos caracteres. Nunca conseguirei escrever sobre nós porque sempre faltará algo. Minha poesia está em seus olhos e não nas palavras. Não consigo expor meus sentimentos, por isso falo por subliminares pra ver se você entende minhas entrelinhas. Me desculpa, mas as palavras se perderam dentro de mim outra vez.