Capítulo 3

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Athena

Assim que abri a porta da garagem, vi as caixas empilhadas, encostadas na parede do fundo e percebi que eram mais do que me lembrava.

Minha mãe levou um tempo para mexer nas coisas do meu pai e muitas delas, ela não teve coragem de se desfazer.

— Tem certeza de que vai mexer nisso? Olha quanta poeira. – ouvi minha mãe falando por cima do meu ombro.

Depois que saí do hospital, passei em casa para um banho rápido e fui para sua casa, disposta a remexer em tudo.

— Sim, preciso da agenda do papai, está ai, não está? – perguntei passando por seu carro, estacionado ali dentro e acendi a luz.

— Em algum lugar. – ela respondeu me seguindo.

A primeira coisa a fazer era descer as caixas, então me enchendo de coragem, coloquei uma a uma no chão, me sentei em um banco e começando a abri-las.

Minha mãe puxou uma delas e a abriu, se sentando em outro banco.

— É só a agenda mesmo?

— No momento, sim. – respondi puxando algumas pastas e as abrindo.

Passamos a hora seguinte abrindo caixa e remexendo em seus conteúdos, era muito papel, várias anotações sobre investigações que conduziu.

— Olhe isso, não lembrava que essa foto havia ficado aqui. – minha mãe chamou a minha atenção para a foto que segurava.

Eu devia ter uns 6 anos de idade na foto e estava sentada na cadeira do meu pai, na delegacia, com ele e seus amigos ao meu lado, sua mão estava em meu ombro e eu ostentava um grande e orgulhoso sorriso, com uma janela no meio da boca.

— Eu lembro desse dia, era aniversário dele e nós fomos levar um bolo surpresa.

— Sim, Ted armou tudo para surpreendê-lo. – ela completou, sorrindo saudosa.

— Você se importa se eu ficar com essa foto mamãe?

— Claro que não.

Ted Morris, o tio Ted, ele foi parceiro do meu pai praticamente a vida toda.

— Você ainda tem o contato dele, mamãe? – perguntei tendo uma ideia.

— De quem? – ela perguntou distraída.

— Do tio Ted.

— É por isso que quer a agenda do seu pai?

— Na verdade eu quero descobrir quem foi responsável pela investigação da morta de Julia e as meninas, mas não quero ir a delegacia fazer perguntas.

— Entendi, infelizmente perdemos o contato com depois que ele e Sally se separaram.

— Será que ela tem algum contato dele?

Recebi um olhar torto da minha mãe, pelo que me contou, a separação dos dois não foi nada amigável e os meninos, na verdade homens pouco mais novos do que eu, ficaram do lado da mãe.

— Mamãe...

— Tá, tá... espere aqui, e guarde essa bagunça, se você tivesse me explicado o que queria, teria poupado nosso tempo. – ela falou entrando na cozinha e me deixando sozinha com as caixas espalhadas.

Quando acabei de guardar tudo, fui atrás dela e a encontrei na sala, ainda ao telefone, andando de um lado para o outro e se desculpando pela ligação, logo depois ela se despediu.

— Espero que essa ligação valha de alguma coisa, Sally ficou aborrecidíssima. – ela falou me entregando um papel.

— Eu espero o mesmo, mamãe. – respondi apanhando o papel e o aparelho telefônico de sua mão.

Marcado Pela Dor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora