Primeiro dia.

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"Am I allowed to look at her like that?
Could it be wrong
When she's just so nice to look at?"

Segunda-feira, dia da Lua.

O primeiro dia da última semana de aula. Eu sentia meu coração acordar mais acelerado e ficava mais animada a cada dia que se aproximava do fim das aulas. Era inclusive muito engraçado ver como os alunos falavam que iriam sentir falta da escola enquanto o que eu mais queria era terminar tudo isso logo.

Sim, eu poderia faltar, já que as provas acabaram, mas algo sobre finais e despedidas me atraía muito. Aquela atmosfera que beirava a mais pura felicidade e o mais terrível sentimento de um adeus a tudo que você estava acostumado a viver. Terminar a escola seria novidade para todos nós e, mesmo sendo um alívio pra mim, ainda significava que eu teria que encarar o desconhecido.

Mas a escola nunca foi um ambiente muito familiar e agradável pra mim, pra falar a verdade. Minha mãe é filipina e meu pai é canadense então eu sempre me senti um tiquinho deslocada dos outros alunos. No início isso foi um fator determinante na minha vida e pulei de escola em escola até achar uma que não me fizesse ter uma crise a todo momento, e é essa que fiquei até o final.

Eu era um pouco reservada e não era também a melhor aluna apesar de ser estudiosa mas parece que essa escola serviu bem pra mim. Eu não sou amiga de muitas pessoas mas todos sempre me trataram com muito respeito e simpatia e isso pra mim já era suficiente.

O toque do celular me fez acordar dos meus pensamentos. Mari, minha melhor amiga já faz quase 2 anos, estava me ligando. Provavelmente pra saber se eu estava pronta já que íamos juntas para a escola todos os dias.

– Daqui uns 5 minutos to aí. – ela disse, o som meio abafado pelo vento.

– Tá ok, to praticamente pronta. – eu respondi, ainda de pijama.

– Aham, eu acredito. Só se apronta logo porque a gente não pode se atrasar logo nos últimos dias viu?

– Uhum, quase pronta. Até. – finalizo a ligação e corro pro banheiro, colocando a roupa que já havia separado no dia anterior. Sim, eu preparava e planejava tudo mas mesmo assim me atrasava. Eu arrisco dizer que era quase que proposital.

Depois de um tempinho escuto uma batida na porta e ando rapidamente até a sala.

– Tchau mãe, tchau pai! – eu disse, acenando para os dois que tomavam café da manhã na mesa.

– Boa aula!– minha mãe disse. – Se bem que nem deve ter aula... Por mim você ficava em casa essa semana.

– Ela tá certa...– meu pai disse e eu revirei os olhos.

– São só 5 dias! Depois eu relaxo em casa tá? – respondi. – Agora tchau tchau.

Eles acenaram e eu saí de casa, encontrando Mari no quintal da frente.

– Preparada? – ela perguntou enquanto prendia seu cabelo castanho ondulado em um rabo de cavalo.

– Pra que?

– Última semana de aulas boba! – ela disse, rindo. – Depois de sexta tudo vai mudar. Completamente.

– Eu sei. Eu meio que não me importo muito.

– Ai, Lea. Tem que aproveitar mais! – ela disse e eu não respondi. O pior é que eu sabia que ela estava certa. Eu realmente não aproveitava muito as coisas, as situações. A última vez que eu realmente aproveitei alguma coisa foi... Foi faz alguns anos. E eu nem gostava muito de pensar no assunto.

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