She.

Segundo dia.

"I'd never tell
No I'd never say a word
And oh it aches
But it feels oddly good to hurt
She smells like lemongrass and sleep
She tastes like apple juice and peach
Oh, you would find her in a polaroid picture
And she means everything to me"

~bonnie pov~

Terça-feira, dia de Marte.

Mais um dia. Apesar de estar adorando essa última semana de aula eu mal posso esperar pra finalmente poder terminar a escola. Eu sempre fui uma aluna dedicada e sempre me esforcei ao máximo pra tirar boas notas mas as vezes acabava não tendo tempo pra me divertir ou fazer as coisas que eu gosto.

Não é que eu não goste da escola, até porque ela me trouxe amizades incríveis, mas é que eu adoraria ter um tempinho extra pra mim mesma.

Acordei às 06:30 como de costume e, depois de tomar o café da manhã, me arrumei pra mais um dia de aula. Pra falar a verdade sequer tínhamos muitas aulas, a maioria que ia era mais pra aproveitar esses últimos momentos do nosso último ano escolar. Pra alguns isso era muito significativo.

Depois de me arrumar e prender meu cabelo em uma trança, chamei minha mãe para que ela me levasse para a escola, já que era caminho para o trabalho dela. Eu não passava tanto tempo com a minha mãe já que ela trabalhava quase o dia todo e eu estudava sempre, sem descansar. O único dia que conseguíamos aproveitar o tempo juntas era sábado mas, depois do final das aulas, isso iria mudar.

– Tchau mãe, obrigada! – disse, dando um abraço e um beijo. – Não esquece que sábado vamos passear no parque, tá?

– Óbvio que não vou esquecer! – ela disse, sorrindo e acenando enquanto eu saía do carro e entrava pelos portões da escola.

Cheguei um pouco adiantada, como sempre, e lá no pátio encontrei com a Nath, minha melhor amiga. Conheci ela já faz uns 2 anos e nesse tempo ela foi se tornando uma pessoa muito importante pra mim.

– Acredita que ele mandou mensagem pra mim ontem? – ela disse enquanto prendia seu cabelo cacheado em um rabo de cavalo.

– Ele... Ele quem? – perguntei, mesmo já suspeitando da resposta.

– O Alex! Óbvio. Pediu pra te dizer que te ama. – ela disse, revirando os olhos. – Dá pra acreditar nisso?

– Ele já me disse isso. E pediu desculpa pelo que falou.

– Lixo manipulador. – ela disse, claramente irritada. Eu não falei nada porque, lá no fundo, sabia que ela estava certa. Ele era manipulador. E doía muito assumir isso porque eu tinha que encarar que fui manipulada a fazer tantas coisas que nunca faria. Eu fiquei em um relacionamento com ele por, sei lá, quase 1 ano sem nem ter sentido nada especial. "Todos os relacionamentos são assim" ele dizia. Mas eu sabia que ele estava errado porque o que senti por ele nem se compara com o que já senti por... Por outras pessoas.

– Eu não sei o que você viu nele, sinceramente. Que bom que já se livrou. – ela disse, começando a andar em direção as escadas.

Chegando na sala de aula logo me sentei na frente, como sempre sentava, e observei os alunos um a um enquanto entravam pela porta. Talvez, lá no fundo, eu só estivesse esperando uma figura familiar passar por mim. Uma garota de cabelos pretos escorridos, de pele escura e com uma mochila vermelha.

Lea.

Meu coração apertava e doía toda vez que eu a via e não podia me aproximar ou falar com ela como falávamos antes. Foi ela que quis se afastar, afinal.

Mas eu sempre soube que um dia ela voltaria a falar comigo e esse dia finalmente aconteceu, ontem.

Sou tirada dos meus pensamentos quando escuto sua voz. Lá estava ela, conversando com a Mari enquanto entrava na sala de aula poucos minutos depois do horário de entrada.