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╰ Jung Wooyoung; ╮

— Sou o Jung Wooyoung, faculdade de jornalismo. — Falo aos mais velhos sentados atrás da mesa na minha frente, que me olham como se eu tivesse vindo de um mundo totalmente diferente. Há três garotas e um garoto. Olho para trás, vendo a fila para cada um pegar a sua credencial apenas aumentar e continuo: — Por favor, rápido. A fila está aumentando e não desejo ser um incômodo.

— Oh, me desculpe, claro. — Uma das garotas da mesa responde, desviando o seu olhar de mim, parecendo um tanto quanto envergonhada por ter me encarado de uma forma tão descarada.  Ela me entrega crachá com a minha foto e com o meu nome. O coloco rapidamente, já escutando alguns xingamentos sendo direcionados a minha pessoa por causa da demora. — Me chamo Lee Yoojung, também sou da faculdade de jornalismo. Se precisar de algo, apenas fale comigo. Sempre estou na biblioteca ou no terraço do prédio a esquerda.

 Concordo com a cabeça, abrindo um sorriso amigável a morena e me retiro da fila, finalmente dando espaço para a pessoa atrás de mim receber o seu crachá. Paro a alguns metros de distância de onde havia pego o meu crachá, olhando em volta e me perguntando para qual direção os dormitórios ficam. Haviam muitos prédios no terreno, no mínimo uns cinco que eu conseguia ver da onde eu me encontrava e todos eram absolutamente iguais. 

 Deixo um suspiro escapar da minha boca e sigo a minha intuição, seguindo reto e adentrando um dos prédios. Havia um pequeno tumulto na frente do quadro de avisos, o que deixava bem óbvio que era ali que estava o anúncio de quem compartilharia quarto com quem. Fico afastado um pouco, esperando a poeira baixar. 

 Vejo a minha oportunidade surgir e se tornar realidade quando um garoto de mais ou menos da minha altura saí do tumulto e no mesmo instante, passo pelo mesmo, pronto para pegar o seu lugar. Ele passa do meu lado e por algum motivo extremamente estranho, sinto que já conhecia o garoto de algum lugar, o que me fez olhar para trás, o vendo de costas. Ele usa uma mochila simples, rosa, daquela popular marca Kanken ou alguma coisa do tipo e na mochila, há um chaveiro de uma rosa azul pendurada no zíper. 

 Desvio o olhar e pulo para o espaço vago antes que alguém o roubasse e procuro por meu nome nas folhas, passando o dedo pela mesma para que eu não me perdesse. Rapidamente, passo os nomes com a letra I e chego no J, procurando meu nome, que é um dos últimos. Do lado do meu nome havia o nome de apenas uma pessoa, que é Choi San. Olho um pouco mais para o lado, vendo que meu dormitório fica nesse prédio, no segundo andar e era o quarto de número 016. As chaves seriam pegas com o responsável administrativo, que se encontrava no grêmio estudantil. 

 Após meia hora procurando o maldito grêmio estudantil — isso porque me sentia relativamente tímido de perguntar para alguém mais velho onde ficava — finalmente achei e consegui a chave do meu quarto. Voltei para o primeiro prédio e finalmente consegui chegar até o meu dormitório. Levei a mão até a maçaneta e me surpreendi quando me deparei com a porta já aberta. 

 Adentro de uma forma tímida e desconfiada — parecendo um gato assustado — e escuto um barulho de caixas sendo abertas, indicando que Choi San já se encontrava aqui dentro e estava desempacotando as suas coisas. Respiro fundo, pensando que definitivamente não tenho dom com interações sociais. 

 Bom, pelo menos tive a sorte de ser um quarto compartilhado apenas com uma pessoa. Não peguei os de quatro pessoas, por exemplo. Duas pessoas significa menos bagunça, mais espaço e mais privacidade, o que é particularmente tudo que eu quero. 

 Adentro o quarto e vejo que de fato, o garoto estava desempacotando as suas coisas e me surpreendo quando vejo que é o garoto de antes. O garoto da mochila rosa com o chaveiro de rosa azul. Ele olha para trás e finalmente tenho a oportunidade de ver o rosto do mesmo, que me parece ainda mais familiar do que antes, quando o vi de costas. Seus cabelos são castanhos, mas há algumas mexas descoloridas e pintadas de loiro. Ele usa uma lente de contato azul, o que o deixa realmente atraente. 

— Prazer, Choi San. — O mesmo diz esticando a sua mão em direção a minha. Ele abre um sorriso e nós dois apertamos as nossas mãos. — Jung Wooyoung, certo? Espero que tenhamos uma boa relação durante os anos que virão a seguir. 

— Eu também espero. — Respondo, soltando as nossas mãos, me sentindo um tanto quanto envergonhado. Olho para as diversas caixas que San tinha espalhadas pelo quarto. — Quer ajuda a desempacotar? 

— E os seus?

— Não se preocupe, tive que mandá-los pelo correio, levando em conta que vim de ônibus e também eram muitas caixas. Trouxe apenas o que é necessário por enquanto. — Retiro a mochila das minhas costas e deixo a mala de lado, indo para o lado do garoto. — Você vai se cansar se fizer tudo sozinho, você trouxe bastante coisa. 

— Obrigado, Wooyoung. 

 Abrimos um sorriso um para o outro e começo a ajudá-lo a desempacotar e a ajeitar as coisas conforme recebia as instruções de Choi. As vezes, bisbilhotava algumas coisas e o que achei mais interessante de uma das caixas do garoto foi um caule de rosa, onde havia uma data marcada a mão no caule. 08.02.2005. Provavelmente é uma data importante para o garoto. 

 Terminamos de guardar e arrumar as coisas algumas horas depois, quando já era noite. Me joguei na minha confortável cama, e San não fez diferente. Estava cansado de arrumar tantas coisas, e pensar que daqui quatro dias terei que fazer isso com as minhas próprias coisas que irão chegar.

— Você é de qual curso? — San questiona e me deito de lado na cama, encarando o garoto que também estava deitado de lado. — Não! Não! Deixe-me adivinhar... Veterinária? 

 Abro um sorriso. Errado ele não estava. Minha primeira opção de faculdade de fato era veterinária, parte porque eu realmente amo cuidar de animais — inclusive já cheguei a fazer diversos trabalhos voluntários quando estava no colégio — e parte porque havia um pouco de pressão familiar em cima para que eu fizesse essa faculdade. Mas quando fiquei mais velho, acabei me apaixonando por jornalismo.

— Não, escolhi jornalismo. — Respondo. — E você? Advocacia? 

— Uau, você é bom em chutes. — Choi fala e eu abro um sorriso, me gabando de ter acertado. — Que chique, tenho um colega de quarto que futuramente vai ser um âncora. Um futuro âncora e um futuro promotor dividindo quarto, é como pólos opostos. 

 Bom, ainda bem que na teoria de pólos opostos eles não se atraem para baixo, apenas se atraem na direção um do outro. 

━ Pajem; WoosanOnde histórias criam vida. Descubra agora