Dangerous for me

Primeira aula

Uma semana se passou e sim, eu já estava matriculado no Estúdio ArtMusic, eu estava tão nervoso, mas tão feliz ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de tremer, e no momento eu me encontrava indo à minha primeira aula. Eu estava muito nervoso e não era pouco, era muito mesmo, minha mãe passou meia hora tentando me acalmar antes de entramos no carro e irmos para o Estúdio. Eu nunca tinha ficado tão nervoso assim na minha vida, era a primeira vez e era muito ruim. Então quando eu finalmente tinha me acalmado, minha mãe e eu fomos para o carro. Fiz a mesma coisa de sempre, coloquei meus fones e fiquei observando as ruas.

Ao chegarmos ao local, despedi-me de minha mãe com um beijo na bochecha e desci do carro. Entrei no EAM e entreguei um papel na recepção sem abrir a boca, a recepcionista me indicou o lugar que eu deveria ir, peguei o papel de volta e comecei a andar pelos longos corredores, por um momento pensei que ficaria perdido, mas por sorte, encontrei minha sala rapidamente.

Abri a porta da minha sala e notei que havia umas sete pessoas, eu fiquei parado por uns segundos ali na porta, respirei fundo e entrei. Sim, eu estava nervoso, porém sabendo manter a calma para não surtar. Peguei o papel da inscrição que estava em meu bolso e comecei a ler as palavras à procura do nome do professor. Não achei, vi apenas que tinha escrito “EVANS”, imaginei que fosse o sobrenome dele ou dela, vai saber. Guardei o papel de volta no bolso e olhei em volta, as pessoas pareciam animadas, e de fato, estavam. Eu estava animado, mas não podia transmitir isso, na verdade, eu não conseguia. Connor não era da mesma sala que eu, e eu já imaginava isso, já que ele é de uma turma mais avançada e eu sou apenas um iniciante.

Cinco minutos depois fomos alertados pelo barulho na entrada da sala, acredito que era nosso professor, espiei a porta assim como todos os alunos e a porta se abriu revelando uma figura do lado de fora. Uma figura alta, cabelos loiros e com um violão na mão, sendo mais específico, revelando Tristan. Toda aquela calmaria que eu estava tendo cinco minutos antes se transformou em nervosismo em menos de três segundos. Eu queria correr o mais longe possível dali e isso era engraçado porque o motivo de eu ter me matriculado aqui no EAM foi justamente para conhecê-lo. Para conhecer Tristan e agora eu estava parecendo um cagão.

Ajustei-me na cadeira, ainda nervoso. Calma Brad, calma, vai dar tudo certo. Respira. E assim respirei fundo com meus olhos fechados, tentando manter o quanto de calma eu pudesse. Abri os olhos. Tristan se encontrava sentado em uma cadeira, o que eu deduzi ser a mesa dele, de professor. Ele olhava uns papéis, como se estivesse decidindo por onde começar. Dez segundos depois, ele largou os papéis sobre a mesa e se pôs de pé. Desviei o olhar assim que ele ousou olhar para os alunos.

- Bem pessoal, meu nome é Tristan e eu sou o novo professor de música de vocês. Quero dizer que estou muito orgulhoso de vocês por terem feito essa escolha de estudar música e que pelo o amor de Deus, que ninguém esteja aqui por obrigação dos pais. – Ele deu uma risada que ecoou pela sala. E caramba, que risada maravilhosa e contagiante! Não consegui me contar e sorri junto, assim como o resto da sala. – Tudo bem, parei com a graça. Vamos começar? – Todos nós respondemos um “sim” com um coro. – Certo, mas antes quero que cada um diga seu nome, apenas o nome, tudo bem? Eu sei como as pessoas odeiam se apresentar inclusive eu. – Tristan disse e lançou um olhar em minha direção.

Por um momento achei que ele estava se referindo a mim, mas isso era loucura, Tristan nem me conhecia. Deixei esses pensamentos de lado e comecei a prestar atenção nas pessoas que diziam seus nomes.

- Matt.

- Oliver.

- Marie.

E assim foi... Tristan ia olhando para cada aluno que ia falando seu nome, como se quisesse memorizar o nome de todos de primeira. E logo, o próximo e último: eu.

- Simpson. Brad Simpson.

Tristan focou seu olhar em meu rosto e isso me deixou nervoso, muito nervoso. Pra minha sorte, logo em seguida ele desviou.

- Pois bem, agora que todos já falaram seu nome, vamos começar.

Tristan pegou um banquinho e se sentou nele, colocando seu violão em sua perna. Ele começou apresentando as partes do violão e todos nós prestávamos o máximo de atenção. Após ele apresentar o violão, ele o colocou de lado e começou a nos contar a origem.

- Guitarra clássica é uma guitarra acústica com cordas de nylon ou aço, concebida inicialmente para a interpretação de peças de música erudita. – Tristan explicava. - O corpo é oco e chato, em forma de oito, e feito de várias madeiras diferentes. O braço possui trastes que a tornam um instrumento temperado, assim como eu mostrei a vocês.

Todos assentiam com a cabeça positivamente. Ficamos uma hora ouvindo Tristan nos ensinando sobre a história da música, mais especificamente do violão, e claro, ele não deixou de contar suas travessuras e micos em relação ao mundo da música. Tristan era um cara legal, engraçado e sabia ensinar da melhor maneira possível, eu realmente não sei como não vim para o EAM antes, mas não me arrependo. Eu me sentia bem ao ouvir sua voz, me sentia de um jeito confortável, sabe? Eu poderia passar o dia todo ouvindo sua voz, a qual soava exatamente como uma canção. Mas depois desse tempo de aula, infelizmente, tínhamos que ir embora. Os alunos foram se despedindo aos poucos de Tristan e iam deixando a sala. Eu fui o último, assim que todos saíram, ficamos apenas Tristan e eu na sala. Levantei da cadeira e fui em direção à porta, mas uma voz, ou melhor, A voz me parou.

- Hey! – Tristan me chamou. – Olhei para ele. – Você é sempre tão tímido assim?

Eu poderia ter apenas respondido um “sim”, mas nem isso eu consegui fazer. Tudo o que eu pude fazer, era sair correndo dali deixando Tristan sem resposta. E foi exatamente o que eu fiz, corri para longe de Tristan.