Palavras

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Acordei no dia seguinte radiante ao lembrar do dia anterior, eu diria que foi o melhor dia da minha vida. Desci para tomar café e notei que meus pais não se encontravam em casa, devem ter ido fazer algumas compras já que hoje era sábado, não me importei. Sentei-me à mesa, comi meu cereal e logo corri para o quarto. Estava pensando no que fazer, ou melhor, no jogo que iria jogar hoje. Como vocês sabem eu não faço o estilo de adolescente que sai com os amigos nos finais de semanas nem nada do tipo. Aliás, nem amigos eu tinha, somente Connor. Coloquei o primeiro jogo que vi pela frente e comecei a jogar, mas toda a agitação de ontem não me deixava ter uma boa concentração no jogo. Droga. Eu poderia tocar, ou pelo menos, tentar tocar meu violão, porém eu não tive aulas o suficiente, então decidi que esperaria mais um pouco até tocá-lo de verdade.

Mas então? O que eu faria até o fim do dia? Eu poderia assistir algum filme ou até mesmo alguma série de herói que eram as minhas preferidas, mas acredite, todas as séries heroínas existentes no mundo eu já havia assistido. Não só assistido, como repetido todas elas. E agora? Oh, eu poderia escrever? Nunca há tempo ruim para escrever, certo? Sentei-me na escrivaninha e peguei meu caderno de poesias/versos/rabiscos/rascunhos ou como você preferir chamar. Peguei o lápis e comecei a pensar. Em seguida eu já tinha algo em mente. E saiu mais ou menos isso...


Caí da cama hoje
E eu me sinto novo em folha
E eu não posso explicar


Ótimo, até aí estava legal, certo? Precisaria de mais, obviamente. Relembrei todo o dia anterior e isso certamente me serviu de inspiração. Continuei a escrever...


Então deixe-me mostrar-lhe
Eu me sinto vivo
E eu vou ter que te mostrar
Tente me derrubar eu sou um balão de ar quente completo
Eu vou levar isso no meu lado


Caramba, isto está saindo melhor do que imaginava. Reparei pela primeira vez na vida que eu realmente levava jeito para escrever. E é isso. Eu me sinto vivo, como nunca me senti antes. Era quase como se eu tivesse um poder heroico correndo por minhas veias. Inacreditável, eu diria. Será que era assim que os heróis da TV se sentiam? Eu tinha certeza de que sim.

A campainha da casa tocou. Quem será? Não eram meus pais, disso eu tinha certeza. Mais um toque. E eu ainda pensando em quem poderia ser. Recebi um SMS escrito "Abra a porta."

Desci as escadas, abri a porta e lá estava Connor à minha frente.

- Bom di... Cara você ainda está com pijama? - Connor disse.

- Bom dia, Con.

- MEU DEUS, BRADLEY!

- O quê?!

- Você está com um bafo horrível, que isso, comeu ovo podre no café da manhã, cara? - Connor fez cara de nojo e quando eu ia abrir a boca para protestar ele me impediu. - Daí não sai mais nenhuma palavra até escovar os dentes. - Sorri de canto.

Connor era o tipo reservado, mas comigo ele se tornava outra pessoa, eu diria até que comigo ele agia como um irmão brincalhão e mais velho, mesmo sendo mais novo que eu.

Rapidamente subi as escadas, joguei uma água no corpo, aquela coisa de cinco minutos, escovei os dentes, coloquei uma roupa e desci encontrando um Connor jogado no meu sofá rindo de algo que assistia na TV e quando notei o que ele estava assistindo soltei uma gargalhada alta, que fez Connor virar para trás assustado em minha direção.

- As meninas super poderosas, Connor?! Sério isso? Sério mesmo?

- E-eu não estava rindo disso. Acabei de colocar neste ca-canal...

Ri mais ainda com a tentativa falha do Connor de se explicar.

- Esquece. - Falei ainda rindo. - Chega pra lá.

- Então, como foi a aula ontem? Você não ligou nem mandou SMS.

- Oh, foi boa...

- E...

- E o que?

- Só isso, Brad? Nada mais? Qual é, me conta quem é seu professor?

- Tristan. - Falei sorrindo e Connor soltou uma risadinha. - O que foi, Con?

- Só cuidado pra não cair de boca na sexta corda dele [PS: Sexta corda é no caso a corda mais grossa do violão. Connor quis dizer para Brad não cair de boca no "amiguinho" de Tristan. Entendedores entenderão, hahaha!]

- O QUE?! - Perguntei assustado.

- Deixa pra lá. Mas então, o que achou dele?

Eu ainda estava assustado com o que Connor disse, na verdade, eu não entendi bem o que ele quis dizer com a sexta corda do Tristan, mas ainda assim estava nervoso. Decidi deixar a piadinha dele de lado e respondi sua pergunta.

- Ele é... legal.

- Acredite, ele é mais que legal.

- Quando é sua próxima aula?

- Segunda.

- Não deixe nada de fora, beleza?

- Beleza. - Sorrimos um para o outro e continuamos ali sentados, conversando sobre qualquer coisa, depois assistimos três filmes, meus pais já haviam chegado a essa altura e quando demos conta, lá fora já estava escuro.

Mais uma vez eu sentia que as coisas estavam indo bem para mim e nada, absolutamente nada estragaria isso.


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⏰ Última atualização: Oct 03, 2015 ⏰

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