Im Bradley Simpson

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BRAD POV

Acordei mais outro dia na esperança de continuar dormindo, nada me dava mais desgosto do que acordar, ver aquele sol radiante lá fora como se dissesse "oh, acorde, venha aproveitar esse lindo dia!", as pessoas com sorrisos enormes estampado no rosto, enquanto eu tinha que seguir com minha vidinha medíocre de doente. Eu sabia que aquilo seria para sempre, eu sabia que iria carregar aquela doença comigo por toda a minha vida e eu me odiava por isso, por que diabos eu não podia ser normal? Por que diabos sempre tinha que ter algo para atrapalhar? Eu só queria ser normal, ser como todos os outros da minha idade, ir para a escola sem medo, ter amigos, sair e quem sabe até ter uma namorada. Mas nada disso se encaixava na minha vida, eu não podia ter nada disso, nunca. E isso me machucava, eu não sabia como seria meu futuro, eu não dependeria dos meus pais para sempre, uma hora eu teria de me tornar independente, eu sabia disso, mas não era apenas questão de querer, era essa maldita doença que arruinava toda a minha vida.

Sei que vocês devem estar se perguntando que doença é essa, pois bem, eu Bradley Simpson, 17 anos e tenho sociofobia. Pra quem não sabe é uma doença que te impede de fazer as coisas em público, eu não conseguia fazer nenhuma atividade em público, não conseguia comer, falar, ficar em lugares com muitas pessoas, eu não conseguia fazer nada disso. Tudo o que eu fazia era ficar trancado dentro de casa, enfiado no quarto jogando vídeo-game, ouvindo música ou escrevendo versos no meu velho caderno. Meus pais já tentaram me tirar de dentro de casa para ir ao parque e na maioria das vezes me chamavam para ir à praia já que era 15 minutos da nossa casa, mas eu sempre recusava por mais que eu quisesse dizer sim, mas eu começava a pensar na multidão que teria lá, das pessoas normais, dos casais, do grupo de amigos que vão surfar e logo dizia que não. Eu sinto que sou um fardo para os meus pais, e isso me chateava porque eu só queria ser normal para que eles pudessem ter orgulho de mim, só isso. Mas essa doença era incontrolável, por mais que eu tentasse me controlar, a loucura de ter muita gente em volta me atormentava. Um dia eu já cheguei a gritar e chorar numa praça de alimentação, foi inevitável, e depois disso eu nunca mais quis sair de casa. Raramente eu saia de casa, ia apenas para o grupo de apoio (este que continha menos de 10 pessoas, então eu conseguia lidar).

Eu já tinha terminado a "escola", porque bem, não era exatamente uma escola, eu estudava em casa, apesar de todas as minhas dificuldades de ter um professor tão perto de mim, eu ficava apavorado, mas respirava fundo e dava o meu máximo. E pois bem, agora que terminei a escola eu não fazia mais nada. Connor, meu amigo (e único) de infância, me chamava várias vezes para ir ao parque ou para qualquer outro lugar, mas assim como meus pais, eu recusava. Connor era um garoto legal e eu detestava ter que desaponta-lo dessa maneira, ele fazia de tudo por mim e tudo para manter nossa amizade firme e forte. E eu poderia dizer que além dos meus pais, Connor era a única pessoa que eu conseguia chegar perto, o pessoal do grupo nem ousava chegar perto de mim e eu sempre agradecia mentalmente por isso. 

- Brad! - Minha mãe gritou do andar de baixo.

- Sim? - Gritei de volta.

- Vamos, está na hora!

Chequei o relógio e vi que já estava atrasado para o grupo de apoio, eu realmente tinha ficado imerso nesses meus pensamentos. 

- Já estou indo! - Gritei para minha mãe.

Levantei da cama, fui até o guarda-roupa, vesti um jeans e peguei minha jaqueta de couro preta que eu tanto amava e vesti. Peguei meu celular, coloquei dentro do bolso da calça enquando destrancava minha porta do quarto, eu nem sei porque tinha um celular, eu não ligava para ninguém exceto meus pais, Connor era quem sempre me ligava. E quando eu ligava para os meus pais, era pra pedir para que me buscassem no grupo de apoio. Fora isso, eu nem usava meu celular. 

Desci as escadas correndo, ouvindo meu pai falar.

- Não desça as escadas correndo, Bradley.

Bradley, meu pai me chamou de Bradley, isto era de fato um sermão, então parei no meio na escada e andei normalmente. Antes que eu pudesse chegar na porta, ouvi meu pai dizer.

- Bom grupo de apoio, filho.

Virei e dei um sorriso de canto.

- Obrigado, pai.

Cheguei ao lado de fora e percebi que minha mãe já me esperava dentro do carro. Dei a volta e entrei sentando no banco do carona. Coloquei o cinto de segurança e minha mãe deu partida no carro. Era meia hora da minha casa até o grupo de apoio, era o mesmo trajeto cansativo, então retirei meus fones de ouvido que por sinal estava dentro do bolso da jaqueta, conectei ao celular e coloquei Arctic Monkeys, minha banda preferida, para tocar. Deixei as músicas do álbum AM tocando aleatoriamente.

Nós podíamos ir por 3 trajetos, mas minha mãe fez o trajeto que passa em frente à praia, ela fazia questão de passar por ele quando me levava ao grupo de apoio pois sabia o quanto eu amava, tudo na praia me encantava, o cheiro do mar, o barulho das ondas se quebrando nas pedras como se fosse uma suave melodia. Fiquei a observar a praia, não havia muita gente nela, mas havia o suficiente para que eu ficasse fora de controle se estivesse no meio daquelas pessoas. 

Quinze minutos depois tínhamos chegado ao grande lugar mais conhecido como "Central de Apoio", fui retirando o cinto de segurança assim que minha mãe estacionou e fui abrindo a porta, porém fui parado no meio da ação com minha mãe segurando meu braço, olhei para a mão dela no meu braço e olhei para ela, ela lançou um sorriso fraco.

- Fique bem. - Sorri com isso. 

- Ficarei. - Respondi e minha mãe já havia tirado sua mão de meu braço. 

Desci do carro e fui andando até o prédio da Central de Apoio, parei em frente a ele, respirei fundo e entrei.

Dangerous for meOnde histórias criam vida. Descubra agora