III

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Acordo no chão do quarto da hospedaria. Pela posição do sol, deduzo que acabou de amanhecer. Estou enrolada ao cobertor que Genma havia puxado para cima de nós noite passada.

Passo os olhos pelo quarto a procura de meu parceiro de viagem. Não o vejo, mas escuto barulhos vindos do banheiro, então presumo que esteja lá.

Levanto-me do chão e vou me vestir. Vejo a cama onde eu deveria ter dormido. Destroçada. Fizemos um estrago magnífico nela. Aos poucos, percebo que não estou tão diferente assim da cama. Meu estado é deplorável: cabelo bagunçado, pele marcada em alguns pontos bem acusadores, e pernas lambuzadas de... deixa pra lá. Escovo os cabelos e vou até o banheiro, preciso de um banho.

- Genma, - digo batendo na porta do banheiro para avisar que preciso entrar - preciso tomar banho, sai daí logo.

Sem cerimônia, ele sai do banheiro. Cabelos molhados, toalha na cintura e só. Acabo encarando seu corpo. A luz do dia ele é bem mais bonito do pescoço pra baixo do que eu conseguia me lembrar.

- Bom dia. - Ele diz saindo do banheiro. Não faz nenhum comentário sobre noite passada, sobre o fato de eu estar comendo seu corpo com os olhos ou sobre minhas pernas. Ele simplesmente sai dali. Como se nada tivesse acontecido. Ele e aquele palito. S O N S O.

Nem me dou ao trabalho de responder seu cumprimento. Desinteressado, ele apenas vai em direção a sua mochila para pegar suas coisas. Joga a toalha no chão como se estivesse sozinho no quarto e começa a se vestir. Sem cerimônia. Tudo bem que eu já vi tudo ali, mas vergonha na cara não mata ninguém.

- Você tá pelado? - Pergunto olhando -o de cima a baixo enquanto se veste.

- Bom, só um pouquinho, né? - Ele diz em tom de deboche. Com os olhos arregalados, viro para a porta e entro no banheiro.

Começo a tomar um banho, lavando a cabeça. Tirar fluídos corporais da pele nunca foi tão trabalhoso. Isso gruda e não sai mais, que saco. Escuto a porta do quarto abrir e bater o que faz com que eu me pergunte se ele teria saído do quarto.

Ao terminar o banho, visto-me dentro do banheiro, tiro o excesso de água dos cabelos e volto para o quarto. Ninguém ali. Arrumo minhas coisas na mochila e na bolsinha e espero, pacientemente, que ele retorne. Ele é um jounin, não iria me largar aqui.

Após uns 5 minutos sentada, Genma abre a porta com uma caixinha na mão. Ele joga a caixinha para mim assim que fecha a porta.

- Toma isso. Um comprimido agora e um daqui 6 horas. Ou toma logo os dois de uma vez. - Diz friamente ao me olhar. Assim que me entrega o remédio, ele vai até sua mochila e a coloca nas costas. - Vamos, é o último dia de viagem.

Olho para a caixinha que ele me jogou. Pílula do dia seguinte. Pelo menos é responsável. Resolvemos o que precisa resolver na recepção da hospedaria e saímos. Ele tem a incrível capacidade de fingir que não fizemos nada, nunca vi ser humano tão insensível. Seguimos pela estrada como se a noite passada tivesse sido só um sonho.

Já na estrada, quando tudo fica deserto, meu segurança vem em minha direção. Não diz nada apenas coloca as mãos em meus quadris e olha em meus olhos. Automaticamente, coloco os braços em volta de seu pescoço, como uma autorização. Ele coloca o palitinho em um dos bolsos da jaqueta, me pega no colo, deixando-me com as pernas abraçadas a sua cintura e me beija. Dessa vez o beijo começa lento e vai esquentando gradativamente.

De repente, Genma me joga de costas em uma árvore, sem separar seu corpo do meu. Escuto minha coluna dar um estalo com a força que ele me aperta contra o tronco. Sinto sua mão apertar minha coxa esquerda e, quando menos espero, sinto um tapa bem forte na coxa. Com certeza isso vai ficar vermelho.

Sinto seus lábios quentes em meu pescoço, e percebo que ele se prepara para deixar um chupão ali, quando do nada, ele para.

- Mas que saco, esse cara não desiste? - Ele diz olhando em direção às árvores. Percebo que se refere ao ninja que nos abordou ontem, ao vê-lo parar de frente para nós.

- Interrompo? - O ninja estranho pergunta com um sorriso zombeteiro.

- Sim. - Genma responde seco e firme. - Interrompe.

Vejo meu segurança e o homem entrarem em combate. Noto que Genma está lutando diferente. Ele estaria tentando alguma coisa? Quando menos espero, vejo que meu companheiro de viagem o prendeu com linhas de chacra.

- Hora do interrogatório. - Genma diz ao prender o outro ninja em uma rede de fios.

Com o rosto sereno e mexendo o palito entre os lábios, Genma começa a falar.

- Primeiro, porque está atrás dela?

- Pra pedir resgate ao pai dela, o que mais seria? - Ele responde sem mudar a expressão de deboche.

- Então você quer dizer que perseguiu essa moça, lutou com um jounin, correu risco de vida e ainda se colocou em possiblidade de ganhar uma passagem direto pra cadeia, só pra conseguir um dinheiro de resgate? - Genma pergunta praticamente desacreditado.

- Acho que você não sabe quanto dinheiro o pai dela tem. - O criminoso responde entre os dentes.

- Sinceramente, isso é ridículo. - Responde Genma levando uma das mãos ao rosto em sinal de desaprovação.

Impaciente, minha bela escolta amarra o meliante com algumas cordas, deixando-o incapacitado.

- Só por me fazer perder tempo, vou te deixar pendurado. - Ele diz ao meu sequestrador.

Genma desfaz os fios de chacra e seguimos viagem.

- Acho que uma parada rápida não faz mal, não é? - Genma sugere depois de uns 5 minutos que deixamos meu sequestrador meia boca pra trás. - Se aquele sequestrador tivesse dado mais trabalho, nos atrasaríamos bastante.

Percebendo que ele sugeria parar pra transar, concordo com sua ideia de "descanso". Paramos perto de um lago e deixamos nossas coisas na margem. Sem rodeios, ele começa se despir. Primeiro o colete, depois a blusa por baixo, sapatos, calças e cueca. Já sem nada, ele entra no rio e se dirige a mim:

- Você vem?

Uma escolta inesquecível - one-shotOnde histórias criam vida. Descubra agora