Os dois jovens viajaram por quatro dias desde que saíram do Templo da Ilha e ainda faltavam mais uns dois dias para que Krupert chegasse ao seu destino. O Continente estava se recuperando de uma grande crise econômica, devido à falta de recursos e ao declínio do número de combatentes, motivo de dificuldade para seus habitantes e, principalmente, para os viajantes.
–– Senhor, você já esteve aqui? – Era a primeira vez que Sonyn deixava sua ilha natal, que recebia o mesmo nome de sua pequena cidade, Taolk.
–– Não me chame de senhor, Sonyn. – Krupert pouco se importava com formalidades ou hierarquias, embora reconhecesse sua importância em certas ocasiões.
–– Está bem! –– O garoto estava empolgado com a viagem que mal havia começado.
–– Eu já estive aqui, sim. Mais ou menos na sua idade. Eu fugi de nossa ilha natal, pois buscava aventura.
–– É mesmo? Conte-me mais, Senhor Krupert!
–– Já falei para não me chamar de senhor! – Krupert repreendia o jovem Sonyn, mas sem ser áspero. –– Hoje é muito engraçado, mas na época deixei o Mestre Lord furioso.
–– E o que houve? O Mestre parece ser tão paciente. –– Sonyn havia assumido a função de ajudante do Templo da Ilha há pouco tempo. Por isso, não conhecia direito o genioso Mestre de Krupert.
–– O que houve é que quase morri! Foi isso que aconteceu! –– Krupert, sem querer, valorizava seus feitos aventureiros de moleque.
–– É? Mas como foi que isso aconteceu? –– Os olhos de Sonyn brilhavam de entusiasmo enquanto conversavam.
–– Você é um jovem calmo e bom. Na sua idade, eu era uma peste ruim... Roubei umas moedas do Mestre Lord e comprei uma passagem de barco para o Continente. A viagem durou cinco dias. Desci no cais de Gludo e, sem ter outro meio, fui caminhando até a cidadela. Naquela época eu não entendia nada, mas eu queria ver a cidade grande.
–– Já sei! Você queria chegar à Cidade de Giro!
–– Não, Sonyn. Eu queria chegar em Gots, a Cidade dos Deuses. Nem Giro ou Adan me interessavam tanto.
–– A Cidade dos Deuses? –– A famosa cidade era considerada Divina, pois todos diziam que era impenetrável.
–– Olhe para aquela pequena montanha, eu a subi para observar esse mundo. Parece infinito, não é pequeno como nossa ilha. –– das ilhas conhecidas, a ilha da cidade de Taolk era uma das maiores.
–– Você atravessou o Continente?
–– Quem disse que consegui? Eu sabia o caminho por um velho mapa. Sabia que primeiro deveria chegar a Giro, depois Adan e por fim Gots. –– Krupert falava com entusiasmo sobre as coisas que já tinha vivido. –– Eu sempre quis conhecer as cidades do Continente e nunca ninguém tinha me trazido. Na primeira tentativa, aqui mesmo nesse caminho, eu passei a ser perseguido por um gigantesco urso.
–– Aqui, nesse vale? –– Sonyn olhava para um lado e para o outro com receio de aparecer alguma fera e devorá-los.
–– Era um urso muito raivoso e, então, tive que voltar ao vilarejo correndo. Entrei na cidade desesperado e todo mundo começou a rir de mim. Hoje eu também acho graça! Um viajante guerreiro matou o tal animal.
–– Que aventura mesmo!
–– Só consegui chegar até a Cidade de Giro. Fiquei encantado quando me aproximei da cidade. –– De Gludo até a cidade de Giro não é muito distante e o caminho não é perigoso.
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Krupert - Aprendiz de Necromante
FantasyKrupert - Aprendiz de Necromante é um livro de fantasia que narra a jornada de autoconhecimento de um jovem mago para superar os próprios limites e proteger sua família, mesmo que para isso precise quebrar as regras de seu mundo e invocar uma magia...